Sete amigos e San Francisco

Capítulo 34

Deixando um clima de tensão entre todos que estavam na mansão de Katheryn Mackenzie, o time de vigilância externa teve de ser momentaneamente cortado pela metade por conta de defeitos em equipamentos que poderiam arriscar a vida dos agentes caso continuassem em seus postos. Por essa razão, os investigadores que foram retirados tomaram conta da vigília interna da residência, permanecendo no terraço e próximos às entradas, dando uma noite de descanso à equipe Lobos.

Entretanto, como já era costume, ninguém usou aquele momento para descansar. Marcaram uma reunião no quarto em que Thay e Vitão dividiam para matar a saudade do casal que havia sumido da vista dos amigos.

João: — Então vocês acham legal transformar um local de alto risco de ataque armado em um resort cinco estrelas pra passarem uma viagem romântica? — questionou com as sobrancelhas arqueadas, fitando os dois, que estavam encostados na cabeceira da cama. Pegou uma cereja da pequena tigela posicionada no meio do quarto.

Thaylise: — Sim, achamos ótimo se quer saber. — respondeu de olhos fechados.

Vitão: — Ah, o nosso cronograma nessa casa nunca bate com o de vocês de qualquer maneira. Mas saibam que eu super sinto saudades das nossas conversinhas fiadas. — fez um coração com a mão e deu um sorriso forçado, ainda que fosse verdadeiro. — Falando nisso, reparei que não fomos os únicos a transformar isso aqui em uma lua de mel.

Carol: — Pois é, né? A vida tem dessas. — mostrou orgulhosamente o anel de papel que enfeitava seu dedo. DAY fez o mesmo ao lado da namorada, mas deixando transparecer o sono que sentia. A ruiva deixou que ela encostasse a cabeça em seu ombro.

As alianças de papel quase foram perdidas na volta da investigação secreta que fizeram com Tofani na noite anterior, mas para a gratidão de ambas, tiveram a sorte de não perdê-las após uma série de situações "arriscadas".

Vitão: — Nah, nem estava falando das madames, mas já que se manifestaram, tô feliz demais que finalmente criaram vergonha na cara. — DAY revirou os olhos que estavam fechados. — Eu me referia à Fran, que tá toda saidinha com o agente bonitão.

Todos fizeram graça com a chefe da equipe, que por sua vez tinha uma expressão envergonhada e confusa em seu rosto, enquanto segurava uma cereja com todo o cuidado do mundo, aguardando a manifestação dos garotos acabar para poder comê-la.

Francine: — Galera, tudo bom? — riu desconcertada e desviou o olhar. — Pra tristesa de todos, eu e o Bruce nem nos beijamos. Somos só amiguinhos mesmo.

João: — O Renan me contou umas coisas, viu Fran? Não vou explanar, mas saiba que eu tô por dentro.

Francine: — EU QUERO O BRUCE SIM. — explodiu repentinamente, causando risadas. — O problema é que eu não sei como dizer isso, e se ele também quiser, tá demorando pra falar.

Carol: — Gata, seja direta. "Eu quero te beijar" é uma frase belíssima, não precisa de grandes declarações.

Francine: — Vou fingir que não me lembro do mini-show que a Dayane fez pra você naquele avião, Biazin.

Carol deu de ombros e o quarto ficou silencioso por um momento. Vitão buscava desesperadamente por um assunto, até que fitou Pedro calado e encostado em um canto.

Vitão: — Tofani, quais as novidades da noite?

Ele levantou a cabeça rapidamente e tentou se situar enquanto todos o observavam.

Pedro: — Não tem novidade, Vitão. Só durmo e vigio essa mansão. — dramatizou. João revirou os olhos.

Mas DAY e Carol sabiam que não faltavam novidades na vida de Tofani. Estava investigando  o grande caso por fora, descobrindo junto delas respostas que ninguém mais cogitava serem plausíveis. Era animador, ainda que não tivessem noção de como introduzir aquela ideia ao restante da equipe de forma segura e que não fizesse-os parecer loucos.

Além disso, soltava às garotas ocasionais perguntas relacionadas à propria dúvida sobre sua sexualidade que só poderiam ser respondidas por ele. As coisas iam aos poucos se assimilando em sua cabeça, mas nunca falaria sobre isso na frente de todo o time, ainda mais de Romania. Então, apenas fitou Carol de maneira cúmplice.

Thay: — Ai, que sem graça, mas minha vida também não tem grandes novidades. A única no momento é que estou com sono.

Vitão: — Não é novidade, meu amor. — sussurrou para a namorada. Com o silêncio novamente estabelecido entre o grupo, ele começou a observar o céu pela grande janela na parede ao seu lado. Pensou em casa de maneira quase clichê. — Galera, vocês sentem falta de San Diego?

O silêncio continuou. A pergunta pareceu tocá-los por revelar um assunto sobre o qual não conversavam, mas ainda doía bastante. Então, Vitão deixou morrer. Sabia a resposta.