Capítulo 5

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Sentindo frio, Pedro subia no elevador de seu apartamento. Sorria sutilmente ao se lembrar de cada detalhe do seu primeiro dia na agência de investigação. Ah, como havia simpatizado com seus novos colegas de trabalho. De alguma forma, adorou até João, seu tutor rabugento que fazia questão de tratá-lo mal sem motivo algum. Tofani olhava seu reflexo no espelho e mal conseguia acreditar que era um agente em uma organização tão preparada e eficiente.

Assim que chegou ao seu andar, pôde ouvir as vozes altas de seus pais debatendo sobre algum assunto. Entretanto, eles não pareciam brigar. Pareciam estar indignados juntos sobre alguma coisa.

Aquele ambiente não era tão incomum, porque apesar de Pedro amar seu ambiente familiar, sabia que seus pais eram bons em implicar com coisas que não eram da conta deles. Isso era um motivo frequente de discussões que tinham início em falas ofensivas vindas dos mais velhos.

Pedro: — Cheguei! — anunciou, entrando rapidamente no apartamento.

Fernanda: — Ah, meu filho. Chegou bem na hora.

Tofani se sentiu amedrontado, pois a última coisa que queria era ser inserido em um debate daquele tipo.

Pedro: — O que foi, mãe? Eu queria te contar sobre meu prim...

José: — Você já sabe da sua prima?

Pedro: — Qual delas?

José: — A sapatão!!!

Pedro: — Pai, é lésbica ok?

José: — Você defende agora essas pessoas?

Pedro: — Não estou defendendo, estou dizendo que devemos chamá-las como lésbicas, colocaram esse nome "sapatao", pois nossa sociedade é homofóbica. E outra, Dani é tão gente como a gente, ela também é ser humano.

Fernanda: — Ser humano ela é, né? Mas é um ser humano de péssimos hábitos. Agora quer até colocar outra desviada dentro da família chamando de "namorada".

José: — Já avisei que não vou pra reunião de família presenciar as duas de pouca vergonha pro meu lado.

Pedro: — Eu não me lembro de ver vocês tão preocupados com moral quando o Tio Geraldo bebia e achava uma ótima ideia assediar a própria sobrinha em pleno almoço de família. Ou quando espancava minha tia.

Houve um breve silêncio naquela sala, enquanto Fernanda ainda discordava com a cabeça, sem saber o que falar.

Pedro: — Não vão falar nada? É sempre assim, vocês passam pano pro Tio Geraldo, desde que me entendo por gente. Vovó sempre implicou com os cabelos da minha prima que é negra, ela era racista. Vovô era um babaca, que só sabia olhar pra mulheres bem mais novas. Mas basta minha prima namorar uma menina, que vocês ficam putinhos e resolvem falar da bíblia. Vocês olharam pra minha tia sem cabelos, toda roxa e quase sem visão no olho esquerdo e lhe disseram que ela devia orar pelo marido. Meu deus, vocês me enojam.

Fernanda: — PEDRO TOFANI, FALE DIREITO DA SUA FAMÍLIA E VENHA JANTAR.

Pedro: — PERDI A FOME.

Tofani andou até seu quarto enquanto ainda escutava as reclamações de seus pais. Fechou a porta e deitou-se na cama com o coração aflito.

No final das contas, ele podia ter o cargo importante, secreto e incrível que fosse, mas ainda tinha seu ponto fraco: as injustiças do mundo. Pedro não se sentia afetado com aquilo da mesma forma que uma pessoa qualquer se sente ao ver o noticiário. Ele não sabia bem o porquê de seu coração doer tanto ao escutar seus país soltarem frases ruins sobre sua prima, mas sabia que não era apenas por amá-la e apreciar sua amizade. Havia algo dentro dele que gritava por liberdade daquilo tudo, e não entender isso era torturante.

Pedro teve sua reflexão inteira interrompida por seu celular que vibrava. Havia recebido uma nove mensagem no WhatsApp de um número não identificado. Pela foto, sabia que era DAY ou Carol. Não conseguia dizer, pois ambas estavam juntas naquela foto de perfil, abraçadas. Mais uma vez, Tofani riu com a forma como as duas pareciam um casal. A mensagem dizia:

"Oi Pedrooo! Você se sentiu feliz hoje? Saiba que escolhemos você entre milhares. Você é perfeito pra tudo isso que fazemos. Boa noite e durma bem, por favor. Precisamos de você bem animado amanhã. Bjs"

Tofani sorriu de orelha a orelha com a mensagem. Então, olhou para a cidade iluminada pelas luzes dos prédios e se perguntou por onde andavam aquelas pessoas incríveis. A única certeza que tinha era que agora podia escapar da loucura de sua casa por algum tempo, enquanto estivesse com pessoas que amava naquela agência.


hoje é aniversário de uma pessoa incrível, que é uma leitora fiel, eu e o jopalright queríamos agradecer você e te desejar tudo de bom nessa vida. Valen, obg por ser você, te amamos e feliz aniversário, que você realize seus sonhos hoje e sempre, aproveite, bjs

Sete amigos e San Francisco Onde histórias criam vida. Descubra agora