Capítulo 21

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O clima na mesa de reunião era de tensão, mas não havia raiva alguma implícita, apenas assuntos mal-resolvidos e provocações.

Francine: — Enfim, vamos tratar do assunto que me fez convocar vocês tão cedo. — pronunciou, lançando olhares a todos os integrantes da equipe Lobos. — Temos um caso dos grandes para resolver.

João sorriu disfarçadamente, com sua típica animação de início de investigação. Para ele, a melhor parte era entender cada detalhe do ocorrido e da história por trás dele.

Francine: — Um assassinato em San Francisco. A vítima foi um empresário bem rico chamado Paul Mackenzie. Pois é, parece demais com o nome do cara do Beatles, né? Fiquei chocada! Continuando... — segurou a risada involuntária ao lembrar-se da coincidência. — Ele deixou viúva a senhora Katheryn, que está sendo ameaçada de morte pelo assassino do próprio marido. É uma situação enorme que eu mesma não passarei para vocês, mas sim os agentes da outra cidade.

Todos escutavam atentamente às palavras da comandante. Vez ou outra, DAY espiava Carol sorrateiramente, permitindo à propria mente pensar no que havia acontecido na noite anterior. Vitão percebeu, e se segurava ao máximo para não rir da amiga.

Francine: — E é justamente por essa complexidade e por não sabemos com o que estamos lidando, por conta do mistério em relação ao autor do crime e por ter uma empresa muito rentável envolvida, que nós vamos ficar por lá um tempo. A situação justifica uma vigília intensa e ininterrupta de nossa parte na casa da senhora Katheryn. Seremos nós e agentes de San Francisco protegendo a casa e essa mulher por alguns dias indeterminados. Então, galera, façam-me o favor de correrem pra casa e fazerem umas malas bem cheias. Partimos ainda hoje. — deu um sorriso inocente que parecia tentar suavizar tudo que fora dito. — Alguma pergunta?

Houve silêncio na sala. Thay sorria cheia de adrenalina, cutucando a perna do namorado, que estava igualmente animado. A animação deles foi estranhada por Pedro, que se assustou demais para fazer qualquer pergunta.

Francine: — Poxa gente, eu teria várias perguntas, como por exemplo: "Fran, como assim vamos largar nossas vidas aqui sem mais nem menos e não sabemos nem quando poderemos retornar?", ou então: "Francine, por que não pegaram mais agentes do FBI em San Francisco?". — ela apontou com indignação. — A resposta pra essas perguntas é que vocês escolheram esse trabalho e fizeram muito bem tomando essa decisão. Vocês têm mostrado excelência e rapidez na resolução de diversos casos, e esse talento foi reconhecido. Os superiores exigiram a presença de VOCÊS nessa investigação.

Carol: — Nem precisava responder as próprias perguntas, nós sabemos que somos incríveis. Você tambem é, Fran. — apertou a mão da mais velha três vezes como demonstração de afeto. — Pois bem, eu tô prontissima pra isso.

Houve uma conversa rápida e engraçada entre os membros, que discutiam as roupas que iriam levar para a missão. Essa casualidade assustou Tofani, porque o caso apresentado era enorme e com certeza exigia esforço máximo. Essa preocupação foi notada por Romania, que foi atrás do aprendiz assim que a reunião foi encerrada.

João: — Vão ser dias legais, Tofani. Essa equipe já passa o dia todo junta, então tente pensar nisso como nossas férias de verão. — deu uma gargalhada longa. — Cê tá bem? Tá com aquela cara de merda que fazia na época em que eu te odiava.

Pedro: — Eu tô bem, Romania. Só tô com a cabeça doendo por conta de ontem e pensar nessa viagem fez ela doer ainda mais.

João: — É, você ficou doidinho noite passada. Não vou nem repetir os vários elogios que proferiu à minha pessoa pra não te ver emburrado e te aguentar justificando tudo. — arqueou as sobrancelhas.

Pedro: — Como você mesmo disse, eu tava doidinho. Sei lá, só releva isso, por favor.

João: — Tá bem, Tofani. — cortou o tom de brincadeira que tinha na voz. — Se você quiser carona até sua casa, lembre-se que eu ainda sou responsável por você, mesmo você sendo a estrelinha do momento.

Pedro estava envergonhado de aceitar aquele favor, já prevendo o clima estranho dentro do carro. Mesmo assim, aceitou.

A interação dos dois durante a corrida foi tão esquisita como esperado. Tofani mal respondia às coisas que João falava, mesmo quando esse era grosso na tentativa de despertar alguma emoção em Pedro para fazê-lo conversar direito. Ele só conseguia pensar na própria confusão. Somando as coisas que disse na festa aos instintos que há algum tempo sentia a cada vez que Romania e ele trocavam alguma interação física mais próxima, sua mente já formava uma provável resposta pra tudo aquilo.

Em todas as vezes nas quais sentiu uma vontade de que os apertos de mão e abraços fossem algo a mais, o corpo de Tofani deixava claro que, pela primeira vez, ele tinha desejo por um homem, e João foi um ponto de partida para esse desejo ser despertado. Era estranho começar a enxergar isso em uma idade que não fosse sua adolescência, porque todas as histórias de seus amigos eram assim. Entretanto, Pedro sabia bem que queria explorar isso e sabia também a quem pedir a chance de fazê-lo.

Sete amigos e San Francisco Onde histórias criam vida. Descubra agora