Capítulo 30

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Francine devia estar dormindo, mas assim como todos os outros membros da Equipe Lobos, não usava seu tempo de descanso para a devida função. Saiu andando por toda a casa, observando a mobília, a decoração e tudo que compunha o ambiente sofisticado. Seu pijama macio estampado com flores vermelhas refletia nos vidros da casa e fazia com que ela parecesse um fantasma na noite.

Pensou em ligar para Renan como sempre fazia nas madrugadas, mas o amigo não recebia suas mensagens, então provavelmente tinha conseguido dormir naquela noite em específico. Enquanto isso a deixava feliz, fazia também com que se sentisse mais sozinha ainda.

— Moça, você tá bem?

Fran assustou-se e reprimiu um grito com as mãos. Um dos homens que já havia visto lanchar na casa em pausas da vigília externa estava sentado em uma poltrona próxima à cozinha, comendo um pedaço de bolo em um dos pratos brancos chiques da mansão.

Francine: — Caramba, caramba... Como eu sou uma agente renomada se me assustei com isso? — questionou a si, provocando risadas no homem. — Tô bem sim. Quem é você?

— Bruce, prazer. — levantou-se rapidamente da cadeira e foi em direção de Fran, estendendo a mão para ela. — E você é?

Francine: — Francine, prazer. — apertou a mão dele. Reparou que seu cabelo preto e cacheado refletia a luz dos postes no exterior da casa de forma muito bonita. — Você é da agência daqui de San Francisco?

Bruce: — Isso mesmo. Estamos vigiando a casa mais de longe, a coisa tá feia por aqui. Ouvimos sobre um possível grupo terrorista que teria assassinado o tal Paul, acredita? A galera tá louca. — engoliu um pedaço grande do bolo, mostrando dificuldade em pegar o morango do prato. — Você é do grupo de agentes brasileiros que veio de San Diego, não é? Garota, seu sotaque é perfeito. Eu nunca conseguiria falar português tão bem quanto vocês falam inglês.

Francine: — Uau, um estadunidense que sabe que nós falamos português, e não espanhol. — bateu palmas de brincadeira. Bruce riu e finalmente conseguiu comer o morango. — Todos nós temos algum motivo pra saber inglês desde cedo, mas a globalização faz isso com a maioria dos brasileiros que têm acesso à internet.

Bruce: — Sinto muito que esse país seja tão intrometido. Está ficando pior, infelizmente. — foi em direção à pia da cozinha, a qual Francine notou ser muito bonita.

Fran admirou disfarçadamente o rosto de Bruce. Notou bem seus grandes olhos castanhos e lábios grandes. Ele era muito belo.

Bruce: — Você parecia tão concentrada caminhando pela casa que nem te chamei pra conversar, mas saiba que estou sentado ali há algum tempo. — enxaguava seu prato e garfo, espiando Francine algumas vezes. — Diz pra mim, você tá bem mesmo?

Francine: — Juro que estou. Só um pouco de saudades do meu amigo, mas tô ótima. Você está bem?

Bruce: — Estou muito bem, mas um pouco preocupado com você. Parece ansiosa. — enxugou as mãos e voltou para perto de Francine. — Olha, de verdade, se precisar conversar, é só me chamar. Quero dizer, quando eu estiver por aqui. Os horários de vigília são intensos.

Fran sorriu em resposta, enquanto Bruce avisou que precisava ir se arrumar e despediu-se dela. Ela se sentou em um banquinho vermelho encostado na bancada e pensou na conversa agradável que tivera e na beleza do homem que conheceu, até que seu telefone tocou, anunciando que Renan estava acordado e queria falar com ela.

Francine: — Demorou, mas chegou! Sonhos ruins outra vez?

Renan: — Ai, Fran, nem me surpreendo mais. Mas não quero falar sobre isso de forma alguma. — suspirou cansado. — Conta pra mim do seu dia, por favor!

Pela primeira vez em algum tempo, tinha um assunto mais comum no qual tocar em sua conversa com o melhor amigo, que costumeiramente era sobre saudades e medo.

Francine: — Amigo, meu dia foi igual aos outros, mas acabei de conhecer um anjo aqui. Caramba, tô emocionadinha. Nunca vi um rostinho tão lindo e... — ficou sem palavras ao ouvir Renan rir do outro lado da linha. — Ele tem um charme, sabe?

Renan: — Explica isso direito porque agora você me animou, Fran.

Ficaram por vários e vários minutos conversando e rindo como não faziam há muito tempo. A noite foi de paz para Francine.

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