Se faça imaginar um vento soprando forte até que, psicologicamente, sinta o cheiro de árvores frutíferas. Se esforce a imaginar a copa dessas arvores balançando, quase que em câmera lenta, fazendo com que algumas das flores caíam no chão forrado por pontos róseos claríssimos. Agora visualize algumas pessoas debaixo das árvores, lendo livros, com suas famílias, alguns casais e algumas pessoas fotografando essa sua imaginação. Também imagine uma estrada de ferro encoberta sutilmente pelas flores, e cercada por incontáveis cerejeiras em um caminho extensamente reto.
Foi assim, talvez não com exatidão, mas o lugar que Eunhyuk havia me levado era desse modo similar. E não carrego a certeza se em, algum dia desesperador, poderei esquecer.
Provavelmente não.
Todos pareciam viver como se aquele lugar lhes mantivessem em paz, e talvez fosse assim. Eu não tinha como entender, mas aquele lugar realmente transmitia paz. É como quando você se pergunta de que forma alguém, ou algo, pode ser tão afável, tão puro e sublime. Mas apenas sente-se uma doce nostalgia em não encontrar resposta.
Eunhyuk circulava seus braços apertando-me gradativamente, sussurrando doce perto de meu ouvido.
– Essa é a vista que teremos de nosso quarto... – Não sei se ele fazia de propósito em todas as vezes que me confidenciava algo, sussurrava tão baixo e rouco em meu ouvido para apenas me ver estremecer e encolher-me. Mas sinceramente, eu nunca reclamaria.
Ele me largou por segundos, para logo segurar minha mão indo até uma árvore perto de nós. Me encolhi com sua ação, não por medo ou querendo de alguma forma não demonstrar afeto, mas ele ao menos parecia se importar com olhares tortuosos. E detalhes sutis como aqueles, sendo de alguém que jurava ser hétero, eram passos e tanto por assim dizer.
Ele se sentou no chão recostando-se no tronco da árvore, me puxando para se sentar entre suas pernas. Não recusei seu silencioso pedido, apoiando minhas costas em seu peito, o ouvindo respirar fundo e colar seus lábios em meu ombro.
– Gostou?
Sorri puxando suas mãos para o meu colo, arrastando minhas pernas as flexionando assim como ele fez seguidamente.
– Irei adorar acordar todas as manhãs com essa vista.
– Imaginei que iria gostar... Vai ser bom morar aqui, o comércio é perto, o ar é mais limpo e não é longe de seu colégio. – Ele subiu seu rosto, o encostando junto a minha cabeça, com os lábios perto de meu ouvido.
– Obrigado!!. – Sorri me encolhendo enquanto brincava com seus dedos. – Você está me dando coisas que sempre quis... Coisas que achava que não conseguiria nunca...
– Eu sempre disse que você iria ser adotado algum dia.
Assenti lentamente, aconchegando-me mais em seu corpo quente.
– Mas também me refiro a você... Quero dizer, eu estava quase acreditando que viveria em uma paixão unilateral... – Ri de escárnio. – Fico me perguntando se você definitivamente está levando isso a sério.
Ri soprado, apenas para conter a sensação de agonia dentro de mim. Estava sendo sincero, e ao menos havia elaborado aquela conversa. O ouvi suspirar e levantar o olhar para frente e, aparentemente, mantendo-o fixo.
Talvez eu tivesse sido insensível em duvidar de seus sentimentos. Mas definitivamente perguntar se aquele alguém está querendo apenas se divertir, é algo que lhe inquietara em algum momento.
– Lembra-se da noite que se declarou? – Sua voz rouca e séria me fez assentir timidamente, mesmo o batendo mentalmente por achar que eu não haveria de lembrar daquela noite. Aquela sendo uma das melhores de minha vida. – Eu definitivamente odiei o momento que você disse estar apaixonado por um cara, imaginei poderia ser todos os do mundo ou todos os que você tem proximidade. Imaginei ser todos, menos eu, afinal nunca notei algum interesse maior seu.
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Wake Me Up
FanfictionNunca fui poético para me expressar da maneira que desejava, então faço-lhe da maneira que me parece afável tanto quanto. Entretanto, ainda me permito arriscar.