Can i say

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 -Eu o conheço melhor... - O senti forçar levemente minha perna e aquele era seu ciúme o consumindo sutilmente. Pude visualizar, mentalmente, suas sobrancelhas se curvando em desgosto e sorri com a ideia de provocá-lo.

-Ele é tão... Único, Eunhyuk... Seu cheiro me traz lembranças tão adoráveis e distantes, seu toque é tão quente e afável... Hyuk, eu nunca me senti assim antes, ele é o primeiro e único cara que me apaixonei verdadeiramente... - Abri meus olhos, deparando me com seu cenho franzido que logo dera lugar a uma expressão amenizada.

Ele havia desviado o olhar, fixando-se em suas mãos, apertando minha perna e lentamente, afrouxava o aperto ainda sem desviar seu olhar.

Conhecia Eunhyuk do mesmo nível que ele a mim, e mesmo não podendo o ler como ele mesmo fazia comigo, podia notar que não estava confortável com as palavras ditas. Aquela frustação de outrora, lentamente, transformava-se em um sentimento de reciprocidade. Afinal, seu nervosismo me levava sensações de que era ciúme, aquele ciúme que lhe faz sentir-se amado e talvez -muitas vezes iludidamente- ter a sensação de que aquela pessoa lhe queira unicamente para si. Mesmo me sentindo um garotinho iludido, eu não ligava.

Não tive certeza se ele realmente acreditou em minhas sinceras palavras naquele momento. Não estranhando o fato de logo após ter assumido me para ele, dizia de forma tão espontânea sobre meus sentimentos para com outro garoto, ou talvez ele tivesse apenas entrado em meu infantil jogo.

-Talvez eu o conheça... - Sua voz sairá baixa e fraca.

-Conhece?

-Você não é muito amigável, Hae... As únicas pessoas que você tem algum tipo de amizade próximas são Heechul, Siwon e... Eu. -Ele me olhou de modo firme e interrogativo. -Seria então Heechul?

Não pude reprimir o riso debochado. Me perguntava se de alguma forma demonstrava pra ele que estava interessado em Heechul. Eunhyuk sempre fora desligado a um nível de tirar grande parte de minha paciência.

Me acomodei melhor na cama o fazendo se aproximar mais e suas pernas se cruzaram em posição de lótus enquanto repousei as minhas próprias sobre as suas. Aquele ato me fez rir internamente, ele parecia não se importar com a posição um tanto quanto cômica, levando em conta que estava prestes a me declarar e o mesmo acreditando que me interessava por alguém que ao menos tinha tanto contato como ele imaginava.

Eu sempre valorizei cada toque seu, cada abraço, roçar ou até mesmo tapas, não que eu fosse algum tipo de masoquista. Mas via em todos eles o carinho sutil de amigos de longa data. Por vezes me surpreendia por suas carícias um tanto quanto íntimas demais, era quase como se ele não se importasse em parecer ou não estranho. Respirei fundo sentindo seu aroma me cercar novamente, e não pude reprimir o sorriso.

-Meu problema complicado e impossível, é você.

Lembro-me perfeitamente de ver seus pequenos olhos se arregalaram e ele soltar minha cintura, logo em seguida se afastando enquanto tossia copiosamente. Ridículo! Tão ridículo que ele ao menos tinha com o que afogar-se.

De repente, naquela noite fria, todos os pontos negativos de minha tabela caíram sobre mim, o sentimento de desespero em sentir que desabaria em um copioso choro me consumiu aos poucos. Me remexi tirando minhas pernas de cima das suas e fazendo menção de levantar. Entretanto, ainda contendo sua tosse, levou suas mãos até minhas coxas as apertando fazendo me travar. Abaixei meu olhar para seus olhos, eles estavam mais sérios que de costume e ali senti meus olhos marejarem pelo simples e desagradável fato de não ter visto sentimento nenhum transparecerem, meu peito pareceu inundar do sentimento de agonia e desgraça.

Ele puxou minhas coxas para baixo, obrigando-me a sentar em suas pernas novamente, me fazendo morder meu lábio de nervosismo.

-Eu... Eu quero... Quero sair, Hyuk. Me solte... Por favor. - De forma patética, minha voz sairá fraca e fina. Gradativamente notei a minha visão se embaçar por causa das lágrimas e me forcei a não as derramar. Não choraria como um adolescente não correspondido.

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