Memory

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– O que está fazendo? – Apoiando seu peso no batente da porta, DongHae perguntou calmo, largando sua mochila ali por perto e sorrindo tristemente ao ver Eunhyuk parcialmente deitado na cama, com um caderno de folhas parcialmente amareladas em mãos e um pano decorado á manchas em mãos.

Eunhyuk levantou o olhar para Donghae, sorrindo fraco, fungando e franzindo o cenho diante da dor de cabeça. Levou o pano ao nariz, limpando o sangue que escorria sem qualquer permissão.

Ele se lembrou de mais um momento.

Eunhyuk se força, todos os dias, a lembrar de momentos esquecidos. Ao inicio de uma manhã, tipicamente fria, observa DongHae caminhar pela calçada até sumir em uma esquina, indo para seu colégio ou até seu estágio. E assim, Eunhyuk se senta na cama e lê um capítulo da caligrafia trêmula de Donghae. E, ignorando a dor latente e impiedosa junto ao sangue corriqueiro, ele sorri ao vislumbrar as mesmas palavras relatadas em sua cabeça, como em um filme borrado.

Todas as vezes que Eunhyuk força sua consciência a se lembrar, lhe desencadeia sangramentos, mas isso não é algo que faça Eunhyuk se arrepender ou fraquejar.

Com um sorriso doce, que Eunhyuk passa a encarar diariamente, Donghae caminhou lento até a cama, sentou-se ao seu lado e puxou o pano de suas mãos, limpando ali o vermelho de seu rosto. Sutil, ele também puxou o caderno das mãos mornas.

Eunhyuk voltava lentamente a ter a quentura de seu corpo.

– O que leu hoje, hyung? – Perguntou baixinho, sentindo seu rosto esquentar defronte a Eunhyuk, que encara com olhos fixos os lábios do mais novo.

Desde que havia saído do hospital Eunhyuk conversava com Donghae encarando seus lábios. Entretanto, ele nunca tivera coragem suficiente para fazer o que, ultimamente, passava-se na cabeça conturbada.

Ele tem um receio incabível dentro de si. Como, se para Eunhyuk, esteja se reapaixonando, voltando a sentir a corriqueira insegurança em si mesmo, a sensação de seu corpo tremendo.

E, para Donghae, ele sente que não há mais a intimidade. Entretanto, Donghae adora ver Eunhyuk se embolar em suas próprias palavras, atrapalhar-se ao passarem segundos demais se olhando e, o que mais diverte Donghae, notar que Eunhyuk entra em uma constante luta interna ao encarar seus lábios. Como se, na cabeça de Eunhyuk, ele sinta aquela vergonha própria em se perguntar se deve ou não beijar Donghae.

– Você... Lia para mim... Por quê? – Quebrou o silêncio, esse tão comum quando encarava Donghae, divagando com facilidade. Sua voz rouca e murmurada fez o mais novo parar o que fazia, abaixando sua mão e rosto. Eunhyuk constantemente lhe pergunta coisas da mesma relação, e Donghae não consegue responder sem que pareça estúpido com palavras que ele encara como infantis.

– Eu queria que se lembrasse... De nós... – Eunhyuk sorriu, o vendo morder o canto de seu lábio inferior, seus finos e alvos dedos apertarem com força a barra da camisa e, Eunhyuk sentir sua cabeça ser alfinetada sem piedade. A dor tão costumeira. Novamente, sua mente passava todas as possíveis vezes que Donghae lhe respondeu timidamente, das vezes que o mais novo gaguejou e se irritou adoravelmente.

– Mas você sabia que eu nã–

– Você se lembraria de poucas coisas, mas... Era bom ler para você... Relembrar...

Eunhyuk sorriu.

Donghae abaixou seu rosto.

Talvez nenhum dos dois nunca possa responder as incessantes perguntas vindas de todos em por quê eles parecem estranhos juntos. Entretanto, com todos seus porém, eles encaram isso como um jogo do destino.

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