Danger

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 Em um desespero crescente, continuava esperando que Siwon atendesse o celular, e o irritante som de espera tornava-se naquela madrugada o que esperava ser definitivamente o som que deveriam proibir existência.

- ... Alô. – Sua voz baixa, rouca e arrastada me fez sorrir. Ele dormia.

- Siwon, acorde... Siwon! – Gritava sussurrado.

- Se você não estiver em graves apuros, eu vou explodir esse orfanato inteiro... -Falava de forma arrastada e sonolenta. -Siwon, é sobre o Eunhyuk... Siwon! – Me exasperei o ouvindo resmungar prestes a dormir novamente, tinha certeza.

-Onde você está?

-No banheiro. – Disse simplista, ouvindo sua risada debochada, provando que ele acordava lentamente.

-Está, por algum acaso, me ligando as... Duas e meia da madrugada pra me dizer que descobriu estar grávido?

-Meu Deus, Siwon! -Tapei minha boca notando falar muito alto, mesmo que sussurrado. -Não! Não! Siwon, eu estou desesperadamente... Feliz, eu acho.

-Okay, se acalme... Droga, eu queria ser tio...

-Siwon!

-Tudo bem, Hae. -Novamente ele riu debochado. -Se acalme... O que aconteceu?
 
-Ele... Ai meu Deus, Siwon... Ele -Fechei meus olhos, respirando fundo. -Ele disse que vai me adotar!
 
Um silêncio na linha me fez gritar mudo, enquanto compulsivamente batia meus pés no chão. Eu estava tão desesperado que meu peito parecia não suportar.

-Espera... -Siwon finalmente falou. -Ele lhe disse isso agora?

-Disse!

-E o que você está fazendo dentro do banheiro, sussurrando e conversando comigo ás duas e meia da madrugada?

-Ah... Eu... Siwon, ele falou tão calmamente que me desesperou, eu preciso de um tempo pra assimilar as coisas e... Você ia querer que eu lhe contasse, droga! -Respondi murmurando.

-Eu podia esperar! Agora desliga isso e vá até ele! -Ele deixou um beijo no ar antes de desligar. Permaneci sentado no chão olhando para a porta, levei minhas mãos até os fios de meu cabelo os puxando em desespero. Eu não sabia exatamente como reagir, mas me lembro com exatidão que minha felicidade era tanta que eu precisava de algo para descontar toda aquela eufórica felicidade.
 
Durante minha adolescência eu descobri diversas coisas, criei listas e também me arrependi de diversas coisas, uma delas era em ter achado que Eunhyuk brincava com meus sentimentos. Eu me sentia tão patético que a ideia de enfiar minha cabeça na privada era uma opção aceitável.
           
“Eu te amo desde o momento que dormia”
           
“Você é a única pessoa que não se importou com a pessoa que sou”
           
“Eu não vou deixar você escapar, DongHae.”
           
“Eu vou adotar você, DongHae.”
           
  Sua voz ecoava em minha cabeça me assustando e compulsivamente eu balançava meu corpo pra frente e pra trás. E em um rompante me levantei ainda encarando a porta, desferi alguns socos leves para ter certeza se minha duvida se sanava. Entretanto minha euforia continuava intacta e minha mão começara a doer.
           
-DongHae? Você está bem? -Sua voz abafada me assustou e sem que eu pensasse mais de uma vez, abri a porta vendo sua expressão assustada.
           
Novamente sem pensar -com dezesseis anos eu não pensava muito antes de agir- me joguei sobre ele e por reflexo segurou-me por detrás de meus joelhos. O abracei como nunca, o ouvindo arfar pelo susto que lhe dei. Afastei meu rosto de seu pescoço não medindo tempo e lhe atacando os lábios, e acabou correspondendo um tanto quanto assustado e desajeitado. Puxei seus fios de cabelo o ouvindo arfar contra meus lábios, novamente, e seu equilíbrio não durou muito, o fazendo cair sentado no pé da cama.
           
  Ri contido sentando em seu colo e afastando nossos lábios, mas não me permiti olhar em seus olhos que rapidamente se fecharam quando ataquei seu pescoço, deixava leves beijos em sua tez com arfares me dando liberdade para continuar.
           
-Estou tão feliz, Hyuk! -Disse sorridente, sentido meu peito ainda mais apertado que antes.
           
-Eu... F-fico feliz por... Isso. – Ele entrecortava sua fala, e apenas ri mordendo seu ombro por provocação e um gemido dolorido abandonou sua garganta. Ele apertou minhas coxas com força e, desatento, percebi que deixava um roçar de meu quadril em seu membro. Parei o que fazia recebendo um aperto dolorido em minha coxa esquerda, e não resisti em gemer contido.
           
-Hyung! Você vai me adotar mesmo? -Sorri olhando diretamente para seus olhos fechados, enquanto sua cabeça permanece jogada para trás.
           
-Uhum...
           
  Empurrei seus ombros o fazendo deitar na cama, ele logo abriu os olhos mordendo o lábio inferior fortemente e sem pressa me deitava sobre si, enquanto uma de suas mãos subia por minha coxa e cintura, entrelaçada por sua outra mão.
           
-Por que vai me adotar? -Perguntei com um sorriso que não abandona meu rosto.
           
-Porque quero você comigo, não é obvio? -Sorriu arrastando suas unhas curtas por minha coxa, um arfar fraco deixou meus lábios o fazendo sorrir abertamente.
           
-Vou ter que lhe chamar de tio ou senhor? -Me apoiei nos cotovelos, abaixando meu corpo.
           
-Ainda estou com aquela ideia de ouvir você me chamar de oppa. -Um sorriso malicioso adornou seus lábios.
           
-Não conte com isso, Eunhyuk. -Sorri abertamente.
    
  Ele não disse nada, apenas me puxou pela cintura não tardando em beijar meus lábios com ferocidade. Ambos seus braços abraçaram minha cintura prensando meu corpo ao seu, dificultando minha movimentação, mas ele pareceu aprovar e logo beijava-me carinhosamente, parecendo querer me dizer que tudo ficaria bem, e naquela vez, eu tinha certeza.
           
Seus lábios se afastaram antes do que esperava, admito. Achei que ele diria algo, mas apenas manteve seu olhar fixo ao meu, como se de alguma forma divaga-se repentinamente. Notando isso não pude deixar de sorrir tímido, levei ambas minhas mãos até seu pescoço, o puxando para baixo ansiando por seus lábios. Ele os selou carinhosamente, ternamente. Mas não era o que esperava.
           
-EunHyuk... -Resmunguei puxando seu corpo para mim.
           
-Você fica lindo me chamando assim. -Ele sorriu, ainda resistindo a minha fraca força. -Agora vamos dormir, você tem colégio amanhã...
        
  Ele sorriu doce, levantando-se de cima de mim e não reprimi o desgosto em meu rosto. Ele estava estranho...
           
  Me levantei e sem delongas me deitei no meu lado da cama, o observando apagar a luz e caminhar calmo até a cama.
           
-Eunhyuk, a luz... -Murmurei. Ele me olhou durante alguns segundos, entendendo. Mesmo com meus dezesseis anos eu mantinha aquele costume e, mesmo que infantil, era um costume que carregava sem problemas. Acredito que qualquer pessoa carrega um costume que adquiriu quando criança, o meu era aquele.
           
-Você realmente quer o abajur aceso, criança? -Não o respondi, por motivos óbvios! Vi um sorriso debochado enfeitando seu rosto, mesmo que estivesse escuro, a luz da lua iluminava parcialmente seu rosto.
           
Não obtendo resposta ele se esticou, acendendo o abajur de sua cabeceira e uma luz amareladamente fraca me fez sorrir.
           
Deitei em seu peito, enquanto uma de suas mãos circulava minha fina cintura. Seu cheiro inigualável invadia meus sentidos, me tornando sonolento com um sorriso discreto no rosto.
 
 
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 A aula decorria sem minha participação, e não era como se me importasse, afinal, minhas notas em literatura eram excelentes. Mantinha minha atenção na janela, onde tinha vista para o campus. Me perguntava como iria ser minha vida dali pra frente, quero dizer, eu iria ser adotado!
           
Sempre me via morando com um casal de senhores, em uma casa adorável e acordando com o cheiro de café e pão fresco, tudo isso quando mais novo. Mas aquelas divagações passadas tornaram-se apenas fantasias irreais quando fiz meus quinze anos. Afinal, o processo de adoção é mais favorável a bebês ou crianças de até dez anos. E desde então me conformei de enxergar aquele orfanato como um internato, já que imaginava nunca ser adotado e aquela era a primeira vez que me sentia satisfeito em algo ter saído de meus planos. Eu viveria com Eunhyuk, em um provável apartamento aconchegante onde estaríamos vivendo como casados.  Não teria de sofrer semanalmente com espancamentos!

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