5. frio frio frio

145 21 55
                                    

❝Doutor, olhe nos meus olhos. Eu tenho respirado ar, mas não há sinal de vida.❞

×

Quando sentiu os braços de Black envolvendo seu corpo, o primeiro instinto que tivera foi empurrar o rapaz pelo peito para longe, levando a mão até a trava da porta do carona de modo impaciente e abrindo a porta, não tardando a sair correndo do carro na direção oposta a que estavam seguindo até então, até Durham.

– Barty! – Regulus chamou, repetindo a ação do mais novo enquanto o seguia.

O garoto correu alguns metros enquanto as lágrimas escapavam violentamente de seus olhos embaçados, que faziam com que o jovem tropeçasse vez ou outra durante o processo da corrida, e foi em uma dessas vezes que Regulus conseguiu o alcançar, agradecendo mentalmente por não passar nenhum veículo naquele momento, pois caso tivesse passado, teria atingido o jovem Crouch que corria e chorava de forma igualmente desesperada sem importar-se com o quão perigoso aquilo poderia ser.

– Barty! Não... – ele tentou atrair sua atenção segurando-o pelo antebraço, enquanto o garoto tentava se esquivar a todo o instante enquanto seus soluços sofríveis faziam o próprio peito de Black se apertar ao escutá-los.

Barty conseguiu se soltar por pouco, mas Black fora mais rápido dessa vez, envolvendo o garoto menor em um abraço por trás, que o impediu de sair correndo como da outra vez.

– Me solta, eu quero ir... – a voz de Crouch Jr era quase que irreconhecível, embargada e fraca, chegando a falhar no meio da frase.

Regulus balançou a cabeça negativamente para seu pedido, enquanto olhava para os lados, preocupado com o fato de estarem no meio da estrada, tentando arrastar Barty para o acostamento da mesma, onde eles não estariam expostos a tanto perigo como ali, bem no meio da pista.

– Por favor, deixa eu ajudar você... – Black falou em um tom desesperado, segurando firme o garoto, mas não o suficiente para machucá-lo, enquanto ele se debatia contra seu corpo tentando se esquivar. – Aqui é muito perigoso, eu prometo que vou cuidar de você e essa dor que você está sentindo, Barty, vai passar, eu prometo que vai-

– Você não sabe de nada! Não vai passar! – Barty respondeu a plenos pulmões, tocando seu estômago onde de repente doía de modo absurdo.

– Talvez, mas agora me deixa levar você de volta para o carro, aqui é perigoso demais... Barty, por favor. Por favor – Black nem mesmo percebera quando sua respiração tornara-se tão acelerada quanto estava no momento, apenas fazendo um tremendo esforço para puxar o ar que parecia fugir quando ele tentava.

Barty se encolheu e continuou a chorar quando, alguns minutos mais tarde, Regulus o soltou, seus ombros balançavam a medida em que os soluços fortes deixavam sua boca e Regulus passou a mão pelos cabelos nervosamente antes de ir se aproximando devagar, percebendo que o menor estava baixando a guarda.

Por sorte, Barty concordou em voltar para o carro passados alguns minutos, ainda mais quieto e em uma situação deplorável que antes, mas ainda assim o fez.
E quando o garoto se acalmou, ele conseguiu reunir forças o suficiente para contar o que aconteceu com sua mãe, que fora o que ele já estava esperando desde que saíram de Londres e o que Black já suspeitava quando o vira sair correndo.

Doía. Doía no fundo de seu coração. Ele estava dilacerado.

Mas a pior parte de tudo isso era que ele não havia conseguido se despedir dela. Ele não fora rápido o suficiente e essa era a única coisa que sua mente atordoada parecia focar, mesmo com Regulus Black soprando coisas para confortá-lo diretamente em seu ouvido.
Tudo o que Barty sentia era a dor da perda e seu coração parecia torna-se menor a cada soluço que deixava seus lábios, a cada lágrima que rolava tranquilamente pela pele de sua face, saltando suicida quando alcançava a marca do seu queixo e molhando a roupa de Black e a sua própria.

𝘁𝗲𝗹𝗹 𝗺𝗲 𝗜'𝗺 𝗽𝗿𝗲𝘁𝘁𝘆 {bartylus}Onde histórias criam vida. Descubra agora