Durante quase quatro semanas eu não havia tido qualquer notícia de S/N. A vida em Roma tinha mudado drasticamente. As casas de judeus que moravam naquela região haviam sido vasculhadas e as pobres pessoas presas e seus bens confiscados e destruídos. Eu não entendia o motivo para tanto ódio apenas por conta de serem de religiões diferentes ou mesmo por ter características diferentes. Os alemães pregavam uma intolerância que era tão errada, que qualquer pessoa que não pensasse direito podia ser seduzida por aquilo. Aos poucos fui descobrindo tudo que realmente o exército alemão fazia, suas crueldades e como a situação estava devastadora na França, principalmente em Leon. Alguns refugiados de Paris, Leon e outros pequenos vilarejos começaram a se deslocar para a Itália e os relatos que ouvíamos deles eram muito mais perturbadores do que imaginávamos.
Eu havia abrigado uma refugiada Francesa em casa, chamada Simone Dubois. Durante o dia apenas sussurra vamos para que outros não ouvissem, afinal metade dos italianos apoiavam a loucura que o nazismo era. Aos poucos cartazes dizendo o quanto judeus eram ruins foi espalhado por acarretaria para quem protegessem o que eles chamavam de inimigos da Alemanha. Simone era uma grande mulher, era médica em seu país e por ser judia estava sendo caçada como um animal, as coisas que ela contava me arrepiavam e tive medo de que em algum momento aquilo chegasse em nós.
— Acho que em breve essa ocupação termina. Ouvi dizer que existe uma resistência para expulsar esses alemães daqui. — Comentou Simone enquanto tomávamos uma xícara de chá na cozinha.
— Simone, acha mesmo que todos os homens e mulheres alemãs que estão no exército são ruins?
— Acredito que todos sejam, eu não conheci nenhum soldado bom. Eles gritam, são rudes e violentos. Alguns mais do que outros e as mulheres parecem ser piores. Tenho uma amiga que estava na resistência em Paris, ela havia contado dos horrores que uma tenente alemã fazia com as prisioneiras em um campo de concentração na Alemanha. A resistência Alemã dividia muito material com as outras resistências, por isso sabíamos disso. Mas porque me pergunta isso? Está dividida?
Eu não sabia se podia contar a Simone sobre S/N. Ela era uma grande mulher, mas talvez não entendesse o meu sentimento por S/N e muito menos o que havíamos tido.
— Não. Foi apenas uma pergunta. — Falei um pouco sem graça.
O restante daquela tarde foi de conversa fora, por sorte Simone mudou o assunto e conversamos sobre procedimentos médicos e coisas que ela conhecia bem. Já devia passar das nove da noite quando um tanque apareceu na rua anunciando que agora teríamos um toque de recolher e que quem saísse depois seria preso.
— Está começando Ariana. Eles fizeram isso em Paris, não vai demorar para eles começarem a caçar as pessoas! — Sussurrou Simone assustada.
Desliguei as luzes e tranquei toda a casa. Naquela noite, me deitei em minha cama e como em todas as vezes eu me perguntava se S/N estava bem e se havia sido melhor assim, não termos chegado a nos envolver fisicamente.
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Thinking Of You ( Ariana / You G!P)
RomanceTodos os dias, as cinco da tarde, Ariana sentava-se em um banco do lado de fora do asilo ao qual vivia e podia sentir a presença de S/N ali. Certo dia, uma jovem mulher, chamada Julia, decide entrevistar os idosos do mesmo asilo ao qual Ariana mora...