Capítulo 4: Conhecendo o passado - Um amor de verão...

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O final dos anos 80 foram um marco na minha vida. Eu tinha apenas 16 anos, muitos sonhos na cabeça e pouco dinheiro no bolso, trabalhava meio período em um hotel na minha cidade natal para ajudar na renda e custear meus livros, pois eu tinha uma bolsa de estudos em uma conceituada e concorrida escola da cidade. As gorjetas de estrangeiros sempre foram boas, os locais não têm esse hábito de dar gorjeta, por isso eu sempre preferi ficar com a ala dos hóspedes internacionais, mas naquele verão fui escalada para atender uma ala diferente e foi aí a minha perdição...

Busan é uma cidade portuária que fica a mais ou menos 300 km da capital Seul, muitos lugares interessantes pra se ver e restaurantes com uma culinária deliciosa própria da região. Quando o verão de 89 começou eu conheci um jovem muito atraente, com fala mansa e olhar sedutor, seu nome era Park Lee, era mais velho tinha 19 na época, tivemos um romance fofo e doce, nos conectamos de uma forma inexplicável, era como se nos conhecêssemos de outras vidas. Tudo foi mágico, meu primeiro e temo dizer verdadeiro amor, eu me descobri como mulher naquele ano, mas foi um amor de verão, quando as aulas começaram e eu voltei ao meu cotidiano sem tempo nem pra respirar, nos afastamos gradualmente e quando nos reencontramos, ele com lágrimas nos olhos disse que sua família já havia decidido seu destino, ele estava com um compromisso matrimonial e eu com um coração partido, o noivado foi anunciado e ele teria apenas mais dois anos de liberdade, período que ele teria de pós graduação na Europa e depois de assumir as responsabilidades da empresa de sua família viria o casamento.

Três anos mais tarde, já formada no ensino médio, mas ainda sem uma profissão definida eu fui para uma casa de campo para trabalhar em um evento, era o casamento de um importante herdeiro de Busan, por ironia do destino, eu tive que testemunhar o casamento do meu primeiro e grande amor. Às vezes o destino é tão cruel! Antes da cerimônia nos encontramos nos corredores da mansão e foi como jogar gasolina na fogueira, uma explosão de sentimentos veio à tona e sem palavras, elas não precisam ser ditas, nos tocamos e nos beijamos intensamente como se nossa vida dependesse daquele ósculo tão cheio de desejo, intensidade e pressa. Fomos interrompidos por uma voz forte que me deixou desnorteada, era seu pai que com um lançar de mãos nos separou e me olhou como se eu fosse a única responsável pelo que estava acontecendo, nunca até então, me senti tão ameaçada, um olhar fulminante foi lançado sobre mim, que ainda era uma garota sonhadora e apaixonada, eu tive meu melhor e pior momento ao mesmo tempo. Saí de lá aos prantos depois de ouvir poucas e boas daquele pai furioso, me chamou de vagabunda interesseira e outras coisas que nem quero lembrar. Naquele dia fatídico, no entanto, eu conheci um jovem muito sagaz e provocante, seu nome era Kim Geium, lindo, alto com cabelos tão negros quanto a noite e a pele tão branca quanto a neve, ele parecia ter saído de um desenho animado, perfeito! O gentil cavalheiro ao me ver chorar desesperada, não pensou duas vezes e abandonou o evento me levando para fora da casa para me consolar e ouvir minha triste história de amor... Eu nem pensei em nada, naquela hora eu precisava sair de lá, não dava para esperar a finalização do evento para voltar para casa, ele me ouviu, me deu apoio e foi tão fofo. Passamos o final da tarde e início da noite juntos, trocamos telefones, claro que eu dei o do trabalho, na minha casa não tínhamos telefone, e forjamos uma boa amizade.

Algum tempo depois eu percebi toda a sua beleza e a atração mútua que sentíamos acabou nos aproximando e começamos assim um romance, nada formal, mas nos encontrávamos sempre que dava, eu achava que ele era apenas mais um dos amigos do Park.

O tempo passou e mesmo sendo muito atraída por ele nunca foi amor de verdade, a gente sabe que isso é raro e são poucos os que conseguem mais de um durante a sua vida. Era tesão puro, o cara sabia como me levar às alturas...

Eu fiquei alguns anos trocando de emprego para custear minha faculdade, sempre fui muito aplicada e obstinada, minha única distração era o karaokê uma vez por semana, eu precisava extravasar um pouco, e de vez em quando encontrava o gentil cavalheiro, me formei em gastronomia e voltei ao ramo hoteleiro, mas dessa vez em tempo integral.

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