"De todos os infortúnios que afligem a humanidade, o mais amargo é que temos de ter consciência de muito e controle de nada."
Heródoto
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– Obrigado por ter nos ajudado – a voz soava bem baixa, tentando não atrapalhar o sono já muito perturbado de sua mãe.
Fora uma surpresa para si ao entrar na taberna para onde sua mãe e alguns cidadãos mais vulneráveis de Collibus foram levados por caçadores ao fugirem do ataque surpresa na floresta.
– Não precisa. Tu fizeste quase tudo sozinho – o homem rapidamente o impediu, ainda muito abismado com o que presenciou. Só entendendo depois que explicitado sobre o Park ser meio-irmão da princesa Yeri. Caçadores já tinham conhecimento das lendas sobre Verloren e seus descendentes, por serem de seu costume passarem as histórias sobre todo o mundo que os cercavam.
O caçador que o ajudou apresentou-se como Min Geumjae e o mostrou o local em que sua família trabalhava enquanto não estavam caçando dragões, uma espécie de bar em que ganhavam moedas oferecendo bebidas e misturas tradicionais.
Os Min eram uma família numerosa de caçadores, haviam decidido seguir o ramo por acreditarem que dragões e homens deveriam ter uma convivência harmoniosa, por mais que nem sempre fosse possível. Aprendiam disciplina e técnicas de combate, além do manuseio mais diversificado de armas entre todas as famílias, entretanto eram reservados, só agiam quando muito necessário.
Por morarem afastados do reino, só souberam o que houve pela boca dos súditos de Collibus e pela fumaça que preencheu todo o céu quando Vorlianth destruiu o reino, fazendo com que Min Geumjae fosse avaliar o que estava acontecendo.
Nenhum deles esperavam por aquilo.
– Nós apenas agimos quando temos dragões problemáticos, mas como servimos ao rei de Collibus, e não podia deixar todas estas pessoas morrerem, decidi interferir – explicou-se, enquanto terminava de virar um caneco com alguma bebida forte que fazia o Park franzir o nariz – Sinto muito por suas perdas.
Park apenas moveu a cabeça como quem estava bem com a situação, por mais que não fosse um fato completamente verídico. Estava assustado ainda com o que fez, não tinha controle, mas soube como agir no momento. Uma reação quase instintiva.
– Deveria beber um pouco. – Uma mulher loira saiu de trás do balcão onde serviam as bebidas e ofereceu um caneco semelhante ao do Min, o qual logo foi recusado – Ora, vamos, não é como se isto fosse te embebedar. É apenas suco.
Mais aliviado por não ser o líquido alcoólico, pegou o caneco das mãos feridas pelos calos formados ao cozinhar e manusear armas, sorvendo rapidamente o conteúdo em uma forma de matar a sede que o assolava desde que tivera que ficar em um cerco de fogo.
A mulher sorriu satisfeita, indo em direção as suas costas para observar os pontos que fez no local onde as unhas de ouro de Irene haviam perfurado mais profundamente, causando um sangramento que os caçadores temeram poder levá-lo a morte. Afastou os fios que tampavam os buracos feitos no couro cabeludo às pressas com uma lâmina afiada sem avisar antes, o que não incomodou ao Park por já estar se acostumado com seus trejeitos.
– Já me sinto melhor, Chaewon. Muito obrigada.
– Falei para me chamar de Gowon. Só o deixarei chamar por meu nome verdadeiro se casarmos um dia, o que não irá acontecer. – Sua postura convencida não foi o bastante para apagar o sorriso no rosto de Park, que observou a caçadora ir até sua mãe para trocar os panos úmidos que cobriam sua testa e peito numa forma de baixar sua temperatura.
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Vorlianth
Fanfic[CONCLUÍDA] Havia anos desde que os humanos fizeram um trato com dragões para que vivessem separados de vez devido a incompatibilidade de conviverem sem premeditarem um verdadeiro caos. As pessoas guardavam as histórias daquelas criaturas como mito...