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[Domingo, 25 de Agosto de 2019]

Universidade Brown
Providence, Estados Unidos

Brandt

A sensação que eu tive ao ficar diante da imensa casa da Delta Kappa Épsilon — praticamente a melhor fraternidade da Universidade Brown em Providence — foi a de um frio glacial no estômago. Talvez fosse apenas culpa da imponência da casa, localizada em uma rua secundária do campus, rodeada por árvores altas de folhagens ainda verdes por aquele fim de verão.

A construção de três andares me lembrava algo como uma mansão do início do século XIX do leste americano, feita com tijolinhos vermelhos à mostra, colunas brancas, janelas límpidas e uma proeminente entrada que impressionava tanto pela elegância quanto pela atmosfera amigável.

Com apenas uma das alças da minha mochila preta sobre o ombro e uma mala grande — também preta — de rodinhas, passei os olhos uma última vez no ambiente estranhamente vazio àquela hora da manhã, respirei fundo antes de pressionar o maxilar, abaixando meu olhar para a direção da porta de madeira branca perfeitamente enquadrada entre duas das colunas de sustentação, e criei coragem para entrar ali.

Foi por orgulho — e por suposta tradição familiar — que eu quis fazer parte da Delta Kappa Épsilon, a mesma fraternidade onde meu pai, tios e primos mais velhos fizeram suas vidas universitárias. O campus da Brown era único, no entanto. Eu era o primeiro McKenzie a estudar ali.

Ao entrar na casa, após ter virado à direita no hall de entrada, encontrei logo na área de convivência — uma espécie de sala de estar gigante — aqueles que seriam certamente dois dos irmãos mais próximos a mim durante o período em que eu estudaria ali.

Anderson e Harvey estavam sentados no sofá maior que ficava de frente para uma das janelas, sob a claridade amarelada do sol das quatro da tarde, dividindo um único computador sobre o colo do primeiro.

Eu já havia os conhecido durante o processo de admissão. Ambos estavam no curso de Ciências Biológicas já havia um ano e, assim como eu, só tinham aulas pela manhã e no começo da tarde enquanto a maioria dos outros só ia para as classes em torno do horário de almoço.

Como membro da Delta Kappa Épsilon, eu precisava escolher um big brother, quase como um conselheiro, um mentor dentro da fraternidade que me ajudaria caso eu precisasse. Para isso, escolhi Anderson, o fortão de quase dois metros e que jogava basquete como ninguém, segundo Harvey, também do time de basquete. Certamente de sangue germânico, Anderson já tinha o perfil de big brother, além disso, ele devia ser também muito inteligente, afinal, esse era o perfil da fraternidade.

Eu me aproximei pelo lado de Harvey, notando apenas alguns sons de vozes vindos do porão e da sala de jantar, do lado oposto à sala de convivência. No entanto, Anderson foi o primeiro a notar minha entrada quando tirou os olhos do computador por um segundo. Vi um largo sorriso se formar no rosto dele ao me aproximar, o que também levou a atenção de Harvey a mim.

"Pensei que você demoraria mais para se juntar a nós." Disse Anderson, fechando a tela do computador e o colocando de lado para que viesse até mim. Nossa diferença de altura era quase gritante, embora eu estivesse na média de tamanho, e isso ficou ainda mais claro quando ele me abraçou calorosamente. "Bem-vindo à DKE, maninho. Agora definitivamente."

"Obrigado." Respondi, com o mesmo sorriso enorme no rosto. Havia uma felicidade borbulhante em mim por vários motivos, mas o principal deles com certeza era a receptividade que eles demonstraram. "Eu acabei decidindo vir antes pra já ficar a par de tudo."

BRANDT - Amor e SubmissãoOnde histórias criam vida. Descubra agora