05 | Presa e predador

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[Domingo, 08 de Setembro de 2019]

"Bastardo!" Exclamou Carlo com seu inconfundível sotaque espanhol assim que perdeu mais uma partida de um jogo de luta do qual também participavam Anderson e Patrick, além de mim.

Patrick caiu na risada em um piscar de olhos logo que viu a expressão encabulada de Carlo, fazendo com que o espanhol acabasse por suspirar e revirar os olhos na direção do teto do porão, relaxando por completo seu corpo no pufe ao estender o controle na direção de Anderson, ao seu lado direito.

Anderson pegou o controle e iniciou uma nova partida com Patrick, já que o vencedor permanecia e o perdedor passava sua vez. O rapaz dos olhos heterocromáticos já havia vencido Carlo e eu, mas eu não fiquei assim tão afetado pela derrota sofrida. Por fim, eu disse que pararia de jogar e, em seguida, Carlo fez o mesmo.

Nós deixamos Patrick disputando a vitória com Anderson e subimos as escadas para o térreo. Fomos em direção à porta de saída da casa e até decidimos fazer uma caminhada pelo campus através das calçadas em meio ao gramado uniformemente verde tocado pelos suaves raios de sol que conseguiam atravessar as copas das várias árvores ao redor.

"Não entendo como Patrick consegue me vencer sempre." Resmungou Carlo, revirando os olhos e me provocando um suave riso. Rapidamente, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ele mudou de assunto. "Ei, você ficou bem depois de sair do bar ontem? Acabei me esquecendo de perguntar, desculpa."

"Ah, fiquei. Eu só não 'tava me sentindo muito bem, quis me deitar um pouco." Falei, simplesmente. Não era uma informação tão mentirosa assim.

"Se foi isso, então tudo bem. Patrick e eu acabamos demorando mais um pouco depois que saímos de lá." Carlo pareceu sorrir nervosamente, levando a mão à nuca e olhando para baixo, para a calçada sob nossos pés. "Se eu te contar, você não vai acreditar."

Fiquei curioso para saber o que ele tinha para falar, pois só assim eu poderia pensar mais pontualmente sobre a informação ser ou não verdadeira.

"Contar o que?" Perguntei, notando em Carlo aquele jeito ainda meio desconcertado.

"Ah, você sabe. Nunca acaba na segunda cerveja." Ele deu de ombros, já não tão envergonhado assim. "Saímos do bar depois da minha quinta garrafa. E você se lembra do que eu falei antes, sobre a minha curiosidade de ficar com um cara?"

Carlo passou a mão pelos cachos escuros e voltou a olhar para frente, como se não houvesse nada de surpreendente naquela informação. E devo confessar que não era mesmo tão impactante, embora tenha feito alguns pensamentos brotarem na minha cabeça, principalmente com relação a Connor.

A lembrança de seu toque arrepiante na minha pele se tornou ainda mais viva após a noite do dia anterior, quando eu acabei gozando ao imaginar certas cenas.

"Eu posso ter jogado Patrick na parede e o beijado logo depois da saída." Ele continuou, e levou a mão à nuca mais uma vez, juntando os lábios. "Pelo menos, duas coisas boas aconteceram: Patrick não deixou de ser meu amigo e tive mais certeza sobre eu ser bi."

"Carlo, se importa se eu perguntar uma coisa?" Eu disse, olhando-o com certa gravidade e sentindo o coração acelerar a partir do momento que pensei em formular aquela pergunta.

"Claro que não, Brandt." Respondeu sorridente, logo antes de dar dois tapinhas nas minhas costas, assim como Anderson fazia.

"O que você sente quando acha um outro cara bonito?" Arrisquei, tentando não vacilar com a voz no momento em que a brisa cálida balançou os cachos dele.

Carlo abaixou a sobrancelha por um segundo, mas logo depois pareceu compreender o real sentido da pergunta.

"Eu não sinto isso por todos, mas às vezes fico fantasiando algumas coisas com eles, quase como se montasse uma cena de filme onde um outro cara e eu somos personagens, sem ninguém pra atrapalhar o desenrolar da história." Explicou ele, gesticulando sutilmente com as mãos. "Quando eu beijei Patrick ontem, me arrepiei inteiro só por ele ter colocado a mão no meu pescoço. E, sabe como é, geralmente outras coisas também ficam animadas por causa disso."

BRANDT - Amor e SubmissãoOnde histórias criam vida. Descubra agora