09 | Spankee

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[Terça, 17 de Setembro de 2019]

Connor

Aquela tarde de terça-feira poderia ter sido mais chata caso eu não tivesse encontrado Brandt sentado contra uma árvore no meio do College Green. Aliás, eu me atreveria a dizer que a conversa breve que tive com ele acabou por salvar meu dia.

O novo semestre em meu curso de Engenharia na Brown começou a se tornar um inferno bem mais cedo do que os anteriores costumavam. A uma primeira vista, ninguém adivinharia que eu havia virado a noite terminando meus trabalhos mais importantes para que não acabassem acumulados, gastando a madrugada do meu dia de folga sabiamente.

Na verdade, eu nem estava tão cansado, e acabei por ficar elétrico assim que ouvi Brandt me dizer o que se passava por sua cabeça. Tive que disfarçar meu estado de ebulição, no entanto, e acho que consegui fazê-lo bem.

Involuntariamente, sorri de canto enquanto estreitava os olhos para o asfalto da Smithfield Road, já bem próximo à minha casa, sobre o volante do Honda Civic. Após algum tempo, virei à direita na Riverview Drive, estacionei o carro em frente à casa e o tranquei no caminho para a porta de entrada.

Girando as chaves do Honda no dedo, não pude deixar de revisitar a cena que fiz com Brandt noutro dia apenas como uma prévia do que eu faria caso ele fosse um garoto levado.

Eu praticamente arrisquei a minha cabeça ao apostar todas as minhas fichas no fato de tê-lo reconhecido como um submisso nato, alguém que de certa forma estava destinado a servir e agradar, o que não é muito fácil de ser encontrado. Entretanto, valeu muito a pena ter feito esse investimento inicial, como provavelmente diria sua família de magnatas. Eu só precisava dar uma oportunidade para que ele fizesse o que nasceu para fazer.

Meu interesse a respeito de Brandt eu pensava ter deixado claro: eu o queria para mim. E não me importava nem um pouco ele ser o príncipe herdeiro de um império energético multinacional e eu somente um simples homem que trabalhava em um escritório, afinal, meu maior objetivo era tê-lo aos meus pés, quase literalmente.

Apesar de eu soar parecido com um vilão, era tudo sobre o fetiche.

Apenas a maneira como ele me olhou no banheiro do bar, no momento em que eu propositalmente quis encurralá-lo, assim como a maneira como me olhou quando avancei mais um pouco, prendendo-o contra a parede ao fazer o convite para jantar, foi o suficiente para me deixar mais duro que uma barra de aço.

Aquele olhar desértico acanhado e com um quê de medo me fazia querer segurá-lo pelo pescoço e beijar sua boca desenhada — linda, por sinal — até que minha língua ficasse dormente. No entanto, era melhor usar a instigação, assim ele mesmo iria me procurar para isso. Estar no controle da situação era apenas parte do jogo, embora esse controle, na realidade, estivesse sendo cedido por ele.

Em minha visão, havia uma certa filosofia por trás de ser submisso que não era aparente para aqueles que enxergavam de fora; a que dizia respeito principalmente à troca de poder na relação. Ao contrário do que muitos baunilhas pensam, submissão não é sinônimo de inferioridade. Na verdade, sempre pensei que aquele que tivesse coragem e confiança suficiente para ceder à subserviência era alguém resoluto e de admirável força. E estava mais do que claro que eu via isso em Brandt, além de sua aparente resignação.

Foi pensando nele que tomei um banho morno demorado enquanto ouvia alguns trovões rasgando o céu cinzento feito por nuvens que se aproximaram da cidade conforme o passar da tarde. E apesar de eu ter ficado cem por cento duro com a anterior lembrança do olhar subalterno e assustadiço de Brandt em minha direção, não me masturbei.

BRANDT - Amor e SubmissãoOnde histórias criam vida. Descubra agora