Dean voltou à consciência lentamente, como se estivesse se livrando de um veneno paralisante aos poucos. Estava deitado em sua cama, podia sentir o macio sob suas mãos e o aroma que só seu quarto tinha – cheiro de comida. Piscou os olhos e tentou se mover, gemendo de dor com o ato. Todo o seu corpo doía. Sua cabeça latejava e os nós de seus dedos doíam como se tivesse socado repetidamente uma parede ou alguém. Será que havia entrado em uma briga? Mas com quem? Só havia ele e Amy no bunker e não se lembrava de ter saído.
Seu corpo entrou em alerta e ele tentou se levantar, mas uma mão o impediu e o forçou gentilmente contra a cama. Sentiu um pano úmido em seu rosto.
― Vai com calma. Isso pode ficar mais dolorido do que já está ― ouviu a voz de Amy alertar.
Finalmente conseguiu abrir os olhos. Ardiam com o esforço e a luz, mesmo assim a olhou. Amy o encarava com preocupação, o pano em suas mãos estava manchado de vermelho e não havia mais sorrisos. Os cabelos dela estavam soltos e bagunçados, havia marcas de dedos arroxeadas e rastros de sangue seco em seu pescoço, seu rosto também estava mais pálido, suas roupas sujas e havia um ferimento perto do seu ombro esquerdo.
― O... o que aconteceu? ― ele tentou perguntar. Sua garganta estava seca. Engoliu em seco e ignorou a dor, sentando na cama e apoiando as costas na cabeceira.
Amy abaixou o olhar e apertou o pano com força, fazendo algumas gotas caírem sobre a cama.
― Você a atacou.
Dean olhou para a porta, procurando pelo dono da voz, e encontrou Jack entrando no quarto. Não havia acusação em seu tom, apenas incerteza e preocupação. Dean intercalou o olhar entre os dois, confuso.
― Como assim ataquei?
Concentrou sua atenção em Amy e seus olhos se arregalaram, mal conseguindo respirar ao olhar das suas mãos para o pescoço dela, a compreensão o acertando como um soco no estômago. Não sabia o que diabos tinha acontecido, mas Jack não criaria algo assim e não brincaria numa situação como essa. E, além disso, Amy não estava negando.
― Meu Deus, Amy! Eu fiz isso com você?! ― pegou as mãos dela e a puxou para mais perto. Ficou aliviado ao notar que ela não tentou se afastar ou sequer estremeceu com seu toque, mas ainda podia ver seu esforço para não chorar e forçar um sorriso.
― Fique calmo ― Amy pediu com a voz surpreendentemente tranquila, que não combinava com suas mãos geladas ― Não era você, eu soube desde o primeiro segundo.
― Nós ligamos para Sam e Cass. Eles estão vindo ― Jack informou se aproximando da cama.
― O que aconteceu? ― Dean perguntou.
Jack e Amy se entreolharam, hesitando em falar qualquer coisa.
― Preciso saber ― Dean insistiu.
― Até onde vão suas lembranças? ― Jack indagou.
Dean limpou a garganta e forçou suas lembranças sem muita dificuldade.
― Eu e Amy passamos parte da madrugada na cozinha. Ela fez biscoitos, chocolate quente e me contou muita coisa sobre a vida dela. Não me deixou beber cerveja. Tá tudo claro na minha cabeça, depois disso... já estou aqui, com vocês.
― Certo... er, tudo bem. Eu vou contar... só tente não surtar, tá legal? Lembre-se de que não era você, não foi sua culpa ― Amy garantiu ainda hesitante, afagando suas mãos.
― Só conta de uma vez, Amy.
Com a voz mais firme que conseguiu, Amy começou a narrar os acontecimentos da noite anterior. Desde o momento em que o encontrou no corredor com os olhos negros até o momento em que Jack apareceu e ele ficou inconsciente, contou todos os fatos, mas não entrou em detalhes, Dean notou isso. Sentiu um aperto em seu peito e uma raiva profunda atingi-lo. Só a possibilidade de ter tido um demônio comandando seu corpo já era o suficiente para enfurece-lo, mas não era apenas isso, poderia ter ferido gravemente ou mesmo a matado. Importava-se com Amy, não poderia negar, mas antes de tudo ela era uma pessoa inocente, importante para Castiel e que já tinha passado por coisas demais na vida, não merecia nada disso, nenhum daqueles ferimentos.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Guardian
FanficDean estava indo muito bem negando os próprios sentimentos. Convivia com todos no bunker e ninguém podia imaginar que o maior desejo do caçador era simplesmente dizer que Castiel era seu, seu tudo. Então Amy Novak surgiu. Quem aquela garota pensava...