21 de maio de 2019
Algo havia mudado em Dean, o que necessariamente não era um problema. Castiel estava feliz em ter notado a mudança e, pela primeira vez, compreender perfeitamente o motivo. É claro que não podia evitar sentir seu rosto esquentar um pouco ao lembrar que o motivo era ele, ou melhor, o que tinha acontecido entre eles algumas noites atrás.
Poderia, como Amy bem fala, fingir demência e agir como se nada tinha acontecido. Não seria difícil escapar do bunker e passar dias sem dar notícia, evitando o olhar de Dean e a conversa iminente que deveriam ter, mas não sentia nenhuma necessidade de tal fuga. Só para começar, não havia nenhuma tensão ou constrangimento entre os dois, o que era uma surpresa bem-vinda. Pensou que, no mínimo, Dean acordaria e tentaria sair sem falar nada... ou gritar e sair correndo... ou lhe dar um soco, a chance de algo assim acontecer nunca abandonou a cabeça insegura do anjo. Mas não, o loiro acordou e ficou o encarando com um sorriso no rosto, um sorriso que Castiel classificava como bobo.
E ele sempre deixava um sorriso bobo escapar quando a lembrança o distraia.
Dois dias haviam se passado e a temida conversa não tinha acontecido, o que também não era um problema. Castiel achava, e provavelmente Dean também, que a conversa surgiria com a urgência de explicar o que tinha acontecido e ainda estava acontecendo. Anjo e caçador, melhores amigos, haviam se beijado e feito sexo praticamente durante a noite inteira. O seu rosto esquentou de novo e teve vontade de escondê-lo, mas não de constrangimento. Mas essa era questão: não houve nenhum constrangimento ou desespero quando ambos se olharam na manhã seguinte, consequentemente não houve qualquer urgência em explicar o que tinha acontecido.
Sendo sincero, continuava não vendo qualquer motivo para explicações. Aconteceu, ninguém se arrependeu e ambos estavam agindo como se tudo estivesse tudo bem. E quem negaria que estava?
Mas sim, houve mudanças. Boas mudanças, mesmo sendo sutis.
Na manhã seguinte, por exemplo, Dean o abraçou e o beijou novamente, o que o anjo entendeu como um ótimo início de dia. Então, quando se sentaram para ter o café-da-manhã, lá estavam eles juntos novamente. Lado a lado. Castiel fazia questão de estar próximo o suficiente para seus braços e suas pernas se tocarem e Dean fez questão de não se afastar. A partir dali eles faziam questão de tocarem um no outro sempre que podiam. Um toque de mãos, uma caricia discreta, um esbarrar de ombros carinho, um cafuné que o anjo descobriu adorar fazer no outro. Depois havia os olhares. Continuamente havia uma troca de olhares, por vezes breve e muitas vezes intensa, sempre com significados que ambos compreendiam com facilidade.
Não que a troca de olhares fosse novidade, mas agora parecia diferente. Tudo parecia diferente... e tudo isso era confuso.
Por isso Castiel tinha invadido o quarto de Amy no meio da noite e agora estava aconchegado em seus braços, ambos deitados e devidamente protegidos pelos cobertores da garota. Não era a primeira vez que faziam algo assim, mas geralmente era o anjo que acolhia a protegida nos braços e escutava seus desabafos e não o contrário.
― Tá pensando nele de novo... ― Amy murmurou.
Castiel piscou os olhos, tentando se concentrar no momento e a encarou, encontrando um olhar brilhante que não conseguia identificar.
― Isso é um problema? ― perguntou incerto.
― Claro que não, é perfeito.
Castiel sorriu e voltou a descansar a cabeça nos ombros dela. Seu sobretudo e sua gravata estavam jogados em algum lugar do chão e sua blusa estava com alguns botões abertos, com as mangas devidamente dobradas. Que ninguém entrasse e o encontrasse daquele jeito, mas estava se sentindo tão bem. Tão agradecido.
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The Guardian
FanficDean estava indo muito bem negando os próprios sentimentos. Convivia com todos no bunker e ninguém podia imaginar que o maior desejo do caçador era simplesmente dizer que Castiel era seu, seu tudo. Então Amy Novak surgiu. Quem aquela garota pensava...