Uma vez em Azkaban

571 52 48
                                    

Ela não poderia dizer se sua cela era mais fria do que lá fora, mas era essa a impressão. Lily estava completamente encolhida no canto abaixo da pequena janela. Seus pequenos braços em volta do pequeno corpo não eram o bastante para protegê-la do frio intenso e a pouca palha que havia espalhada ao chão nunca seria o suficiente para ajudá-la. Sua pequena bolsa, que o Comensal cedeu, realmente não servia para nada. Estava em uma cela minúscula: quatro paredes, uma pequena janela ao alto e uma porta por onde entrou e por onde tinha certeza que nunca sairia. Não viva, pelo menos.

Estava há horas em Azkaban e ainda sim pareciam dias, meses, anos. Ouvia gritos de tempos em tempos, ouvia barulhos estranhos e que ela tentava acreditar que não era a morte de algum prisioneiro. Sentia cheiros ruins como sangue, carne queimada e fezes. Alguns corvos gritavam em sua pequena janela e a fazia pular todas as vezes.

Também escutava quando uma nova onda de prisioneiros chegavam. E eram muitas, a todo momento. Não sabia quantas pessoas eles conseguiam aprisionar ali, e cada um em uma cela. Alguns minutos antes teve a sensação de que tentaram abrir sua cela, pois alguém se debateu em sua porta, gritando. Provavelmente algum prisioneiro tentando escapar daquele inferno.

Aquele lugar era desumano. Não conseguia imaginar algum crime tão absurdo que justificaria a estadia de alguém ali. Não entendia o por que de estar ali apenas por não usar a fita negra que demonstrava a lealdade ao Novo Rei.

Se soubessem o quanto desprezava o Novo Rei, então ela morreria no segundo seguinte.

-Pss

Lily levantou os olhos e olhou ao redor da cela. Estava agora ouvindo coisas? Tinha certeza que não havia caído no sono e estava imaginando coisas ou sons. Ela abraçou as pernas e apoiou a cabeça nos joelhos novamente, tentando controlar o frio.

- Pss.

Ela se levantou em um segundo e ficou encarando a escuridão a sua frente. Não havia sons de passos ou de outras vozes. Não havia nenhul guarda por perto no momento. Ela olhou para a janela e confirmou que não havia nenhuma ave.

- Aqui embaixo. - um sussurro veio do canto esquerdo dela.

Realmente havia alguém falando com ela. A ruiva se abaixou e tentou achar o que quer que fosse ali. Tinha receio de saber o que veria, já que sabia não haver ninguém na cela com ela.

- Oh meu Deus.

Ela gritou quando sentiu uma mão agarrando a sua no chão. Ela se jogou para trás e começou a se afastar da parede o mais rápido possível.

- Calma. Hey, aqui. Estou na cela do lado.

Ela esperou seu coração desacelerar e sua cabeça entrar no eixo novamente. Uma mão vinha por um pequeno buraco na parede e acenava para ela. Lily se aproximou novamente e colocou a cabeça quase encostada ao chão e abriu a boca em surpresa ao ver o vulto de um rosto na escuridão do outro lado do buraco.

- O que...?

- Calma, não precisa ficar com medo. Eu só queria conversar com a senhorita.

- Quem é você? - ela perguntou.

- Longbottom. Frank Longbottom.

Ele sorriu e Lily contemplou a sinceridade e a bondade em seu rosto com a luz da lua que vinha da janela da cela dele.

- Prazer, senhor Longbottom. Sou Lily.

- Vocês dois. Deem um sossego para o homem aqui. Quero dormir!

Lily se virou para a parede aposta de onde estava, para o lado direito de sua cela. Prestando atenção, ela viu que havia outro buraco na parede como o que dava na cela de Longbottom. Ela se levantou e se aproximou desse novo buraco, se abaixando para poder ver além da cela, mas o prisioneiro não estava visível, apenas suas botas.

Rewrite the stars - JilyOnde histórias criam vida. Descubra agora