Capítulo 6

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-Se fizer gracinha,lembre-se que tá na minha área.-Leozinho diz ao meu lado assim descemos do carro.Reviro os olhos para ele e saio andando,nem ligando para o que ele me disse.
 
O cheiro da carne assando está maravilhoso.Estamos na casa do Leozinho.Não basta vim no carro do embuste,ainda tenho que parar na casa dele.
 
Caminho por entre algumas pessoas dançando pagode e encontro a churraqueira.Tem um moleque vestido apenas de uma bermuda tectel mexendo na carne.

-Oi.-digo quando me aproximo.

-E aí.-ele me olha e sorri,mas logo volta a atenção na churrasqueira e me entrega um pratinho cheio de carne picada.

-Obrigada.-digo erguendo o pratinho e logo em seguida colocando um pedaço de carne na boca.-Tá uma delícia.

-Valeu.-ele sorri de novo.-É moradora nova? Nunca te vi por aí.

-Não,eu sou...-paro antes de falar e penso em melhor não dizer que sou neta do Lorenzo,não quero que as pessoas me olhem de outra maneira por ser neta dele.-Sou amiga da Ágata que tá bem ali com o Davi.-aponto para os dois que estão quase se engolindo dentro da piscina.O moleque ri.

-Sou o Carrilho.-ele diz mexendo na churrasqueira.

-Carrilho.-repito lembrando do que aquele idiota do Leozinho me falou antes de virmos para cá.Com certeza ficaria mais feliz se Carrilho fosse no lugar dele,o cara é um gato.-Meu nome é Joyce.-digo após perceber que estou mordendo os lábios e Carrilho me olhando com cara de safado.-Eu vou sentar ali.-aponto pra uma mesinha no canto morrendo de vergonha.

-Eu vou lá com você.Meu tempo de ficar aqui na churrasqueira acabou.-Carrilho se apressa em chamar outro moleque para ficar no seu lugar e me acompanha.

Sentamos na mesa e eu começo a observar ao redor.A casa é bonita,de alto padrão.Vejo em uma mesa próximo da piscina,Leozinho e a mesma moça que derrubou bebida em mim,sentada em seu colo.

-Mora onde Joyce?-sou desperdada por Carrilho sentado bem próximo a mim.

-No Alemão.-sorrio ao responder antes de pensar um pouco e achar melhor mentir.

-Legal.-ele coloca um pedaço de carne na boca e eu o admiro.O cara é lindo,seu corpo cheio de tatuagens e a barriga bem definida.Quando caio na real,Carrilho está me beijando.E eu o beijo,é claro.Ele pede passagem para sua lingua invadir minha boca e eu lhe dou sem demora nenhuma.Suas mãos estão em minhas coxas as apertando e minha mãos passeiam em seu abdômen.Nos falta ar e nos separamos.Seus olhos estão em mim,mas os meus são puxados para a mesa próximo a piscina,onde Leozinho está sentado e nos olhando.Ele passa a mão em sua barba rala e vira o rosto para outro lado.

-Sabe dançar pagode,né?- Carrilho me puxa da cadeira já me levando até a rodinha de pagode.Começo a dançar e agradeço mentalmente por saber dançar.

Dançamos muito.Eu me diverti muito.Gostei do Carrilho,ele é super legal.

-Vamos,já deu nossa hora.-Ágata diz se aproximando de mim e Carrilho.Estamos sentados na mesa conversando e bebendo.

-Vamos.-me levanto e olho para Carrilho.-Foi bom conhecer você.-digo e ele se levanta e me abraça.

-Vamos nos esbarrar muito por aí,tu vai ver.-ele diz e me solta.

Caminho com Ágata em direção a saída da casa,já que ela disse que o Davi foi chamar o Leozinho para nos levar embora.

Enquanto espero,pego meu celular e vejo que tem 10 ligações da minha vó e 15 da minha mãe.Começo a me desesperar quando ligo para ela e nenhuma delas me atende.

-Calma mana,talvez não aconteceu nada.-Ágata abraça de lado.

-Joyce,chega aqui.-me assusto quando Leozinho me chama.Consigo enxergar pela sua cara que alguma coisa aconteceu e eu sinto as batidas do meu coração aumentar.

-O que aconteceu?-as palavras saem arrastada.

-Invadiram o Alemão.-ele diz e no mesmo instante começo a chorar.-Pra que chorar,eles estão acostumado.Vão dar um jeito,mas hoje tu fica aqui.

-O que?-a raiva me consome.-Eu não vou ficar aqui enquanto a minha família tá entre a vida e a morte!Eu vou embora agora porque eu preciso ajuda-los.-extravasso.

-E o que você sabe sobre invasão se nunca passou por uma.Foi criada sob toda segurança dentro de um condomínio fechado,a boneca de porcelana.Tu vai ficar aqui,e não pense que é porque eu quero,mas sim porque Lorenzo mandou o recado,ouviu?

-Idiota!-grito e a essa altura todos nos assistem.Leozinho volta para sua casa e eu choro amparada por Ágata.-Estou com medo.

-Vai ficar tudo bem.-Ágata me abraça forte.

-Melhor a gente entrar.-Davi diz e caminhamos pra casa do Leozinho.As pessoas já estavam indo embora.

Davi e Ágata me fizeram um copo com água e açucar e me forçaram a beber para me acalmar.

Estamos sentados no sofá quando Carrilho entra na sala.

-Dorme lá em casa.-Davi diz para Ágata e minha amiga me olha.Não vou atrapalha-los.Balanço minha cabeça e digo que estou bem.Eles saem e Carrilho senta do meu lado

-Porque não me falou que era neta do Lorenzo?

-Desculpa Carrilho,mas só não queria que me visse apenas como "a neta do Lorezo" me entende?

Ele ri e chacoalha a cabeça negando.

-Muitos iam se achar por isso.-ele diz.

-Mais eu não sou assim.-digo.

-Eu sei.-ele me puxa para ele e deposita um beijo em minha cabeça.Me acomodo em seu peito e fecho os olhos.-Vai dar tudo certo.Dessas paradas eles entende e sempre vencem,tu vai ver.

Não sei por quanto tempo ficamos ali,mas estava bom.Consegui ficar mais calma e peguei no sono.

-Pronto,né cara.Já ta tarde e eu quero dormir.-me assusto com Leozinho praticamente gritando.Levanto minha cabeça e o encontro parado no final da escada apenas de bermuda,os braços cruzados e descalço.

-Vou indo.-Carrilho beija minha testa e eu me afasto para ele se levantar.-Falow aí mano.

-Falow.-Leozinho diz ainda com braços cruzados.Quando Carrilho sai,ele caminha em minha direção.

-Abre teu olho com esse aí.-ele aponta pra porta e eu suspiro entediada.-Você pode dormir no meu quarto e eu durmo no quarto dos meus pais.

-Seus pais não estão aí?-pergunto enquando sigo ele.

-Estão viajando.-ele diz sem vontade e abre a porta do quarto pra mim.-Aqui é meu quarto e não mexe nas minhas coisas.

-Como se eu tivesse curiosidade sobre sua vida pra ficar fuçando suas coisas.-cruzo meus braços morrendo de raiva e ele apenas me olha.-Pode me dar licença,eu quero dormir.-ele se vira e sai batendo a porta.

A Dama e o Vagabundo 4Onde histórias criam vida. Descubra agora