Andersen não quis mesmo minha carona. E naquele dia, não me deu nenhum alô. Robson, gerente da minha empresa, tinha vários assuntos importante para tratar comigo, e assim eu passei a maior parte do dia atarefado. Fui à cafeteria, como fazia quase todas as tardes, e tive medo de encontrar o Andy e parecer um perseguidor inconveniente. Felizmente, não o encontrei.
Os dias passavam chuvosos e lentos. Na segunda noite, sozinho na minha sala com vista para a cidade, eu me esqueci do cuidado que deveria ter em não parecer pedante e mandei uma mensagem clara e inconveniente para Andy.
"Ainda estou pensando em você. Por que será?".
Me arrependi de ter mandado, mas aguentei firme.
"Quer me ver de novo?" — ele respondeu logo depois.
"Acho que sim".
"Onde?"
"Aqui. Prefiro ficar em casa".
Depois disso, ele passou um tempo sem responder. Achei que tivesse desistido. Se assim fosse, eu entenderia. Nem eu mesmo me suportaria com aquele papo sem graça.
"Como quiser" — ele finalmente respondeu. "Que tal amanhã?
"Ótimo! Eu te busco."
"Você deveria perguntar e não afirmar isso".
"Eu vou te buscar"
"Certo, seu chato!"
Marcamos para a noite seguinte e eu o busquei em seu endereço. Era cedo, por volta das dezenove horas, e ele estava na rua, no mesmo lugar da primeira vez. Conversamos pelo caminho numa tentativa de quebrar o gelo. Quando entramos no meu apartamento, ele foi logo para a cozinha.
— O que vamos comer? — perguntou, pegando biscoitos num pote de vidro. Ele não era nada tímido. — Vai pedir uma pizza?
— Se você quiser... eu posso fazer algo especial para ti.
— Hum, quer cozinhar para mim? Eu gosto da ideia.
— Posso fazer um risoto. Você gosta?
— Gosto. Vá em frente, me impressione!
— Vou fazer o possível. A gente pode ver um filme depois.
— Ótimo. Eu não sei cozinhar, então vou me sentar e esperar.
Peguei uma garrafa de vinho na adega.
— Que tal esse, Andy? Acho que combina com risoto.
Ele conferiu o rótulo como se entendesse do assunto.
— Também acho.
Peguei duas taças e comecei os preparativos.
— Você sempre fica em casa à noite, Loth? — ele perguntou, concentrado em abrir a garrafa. — Eu posso te levar a alguns lugares.
— Não gosto muito de sair, mas obrigado pelo convite.
— Eu saio bastante. Posso te acompanhar, e você não se sentiria tão solitário.
— Hum... eu seria um peso morto numa balada.
— Há lugares onde você pode ficar sentado, lugares com pouco barulho. O que você preferir.
— Um dia, talvez.
— Isso não soou muito animador.
— É que eu gosto da solidão, do silêncio.
— Isso é o que você diz.
Ele encheu as taças e me entregou uma. Brindamos.
— Ao silêncio e à solidão — disse ele, e riu ao beber.
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Depois da Tempestade - DEGUSTAÇÃO
RomansaATENÇÃO: ESSE LIVRO NÃO ESTÁ COMPLETO NO WATTPAD DEVIDO AO CONTRATO COM A AMAZON. AMOSTRA DE 16 CAPÍTULOS. Lothar é um homem solitário, que caminha com dificuldades, e que nunca se apaixonou de verdade. Seu único romance foi na adolescência, quan...