Capítulo 8

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— Você gosta dele, não é? — perguntou Lídia.

— O que? — me virei para ela, assustado.

— Te peguei, não foi? Relaxa, primo! Eu já entendi tudo.

— Entendeu tudo o que? Está sonhando, é? — falei sério, mas ela riu.

— Você acha que eu sou cega, Lothar Altenburg?

— Economize de falar esse nome inteiro, por favor. Ninguém merece um xingamento desses.

— Você está apaixonado por um homem!

— Não viaja, Lídia!

— Relaxa, Loth. Está tudo bem. Eu sempre imaginei isso.

— É mesmo? E por que não me avisou?

— Ih, não fica irritadinho assim não. Achei lindo você apaixonado.

— Não estou.

— Está sim. Está na cara que você gosta dele. Mas quer um conselho, primo? Vai com calma, tá?

Pisquei ao ouvir isso, surpreso, não com a audácia da pessoa, porque essa eu conhecia bem, mas com o conselho em si. De onde ela tirou que eu deveria ter calma?

— Do que você está falando?

— Tome cuidado para não se magoar. Ele não parece muito correto. — Depois de uma pausa, ela continuou: — Ele disse que vocês são apenas amigos.

— E é exatamente isso. Somos apenas amigos.

— Da sua parte, vou fingir que acredito, Loth. Que de uma hora para outra você arrumou um melhor amigo todo trabalhado no estilo, baladeiro, que tem tantos contatos que não pode nem manter o celular ligado. Não, você não mudou tanto assim.

Ela estava fazendo bom uso da conversa que eles tinham tido durante o jantar. E do fato de que Andy ainda estava pendurado no telefone, andando de um lado para o outro no terraço, e sorrindo.

— E qual é o problema? Eu deveria ir a algum instituto especial para conseguir um amigo?

— Não é isso, Loth! É que tá na cara que você suspira por ele, os seus olhinhos brilham quando ele passa. E eu acho fofo, tá? Não estou julgando. Mas você não acha ele meio... interesseiro?

— Interesseiro?

— É.

Respirei fundo.

— Claro, né? Se está comigo, é porque é interesseiro. Imagina se não ia ser!

Saí de perto dela, mas ela veio atrás.

— Não faz essa cara, Loth! Só estou te dando minhas impressões. Você sabe que eu já acertei em outras ocasiões.

— Em todas as vezes eu já sabia.

— E não acha o mesmo dele?

Parei e a encarei.

— E daí que ele gosta da minha cobertura de luxo? Você também gostou. Ele só não se finge de humilde. E achei que você tivesse gostado dele.

— Mas eu gostei. Ele é o máximo! Lindo, antenado, divertido. E sem-vergonha. E é por isso que eu penso que você vai se magoar. Eu te conheço bem. Você vai ficar com ciúmes, vai ver que ele se aproveita de você...

— Não vou me magoar simplesmente porque não estou fazendo nada demais. Só estou convivendo com uma pessoa diferente. Qual é o problema?

— Ai, Loth, tomara que você esteja certo, viu.

Depois da Tempestade - DEGUSTAÇÃO Onde histórias criam vida. Descubra agora