Até Lídia chegar à casa de minha mãe, o tempo estava passando com excessiva demora, e eu não tinha nada para fazer além de ouvir conversas entediantes e responder perguntas sobre a minha vida. Vez ou outra eu pegava o celular e olhava a conversa que tinha sido interrompida pela chegada de Lídia e seu amiguinho da camisa xadrez. Eu ainda não tinha respondido a Andy, e ele não tinha mandado mais nenhuma mensagem.
Meu bom-senso dizia que era melhor eu esperar a volta para casa, até mesmo um dia ou mais depois disso, para entrar em contato e saber que assunto era esse que ele queria conversar, mas minha ansiedade dizia que se eu não ligasse e pedisse um adiantamento do que ele pretendia me falar, eu não dormiria nenhuma noite com tranquilidade.
Apesar da vontade, não respondi a mensagem. Planejei mandar mais tarde, talvez à noite, só para dizer que eu estava pensando nele, mas não iria cobrar nada.
Olhando minha pasta de documentos referentes aos negócios, eu pensava em como seria mais fácil se nos assuntos do coração eu não fosse tão tolo e inexperiente, se usasse pelo menos um pouco de lógica e sangue-frio. Era tão confortável pegar um assunto e destrinchá-lo, fazer levantamentos, procurar dados, traçar metas. Em relação à Andy, tudo o que eu conseguia fazer era suspirar e esperar. E tentar um contato tímido de vez em quando.
Por volta das três da tarde, Lídia chegou. Convidei-a para sair da presença dos outros, e fomos conversar num lugar sossegado. O assunto que eu queria abordar era a loja e a minha intenção de vendê-la sem a interferência de meus parentes, já que eu estaria ausente a maior parte do tempo. Lídia era confiável nesse sentido, e tinha bons relacionamentos na cidade.
Depois de alguns combinados, deixei-a encarregada de fazer os contatos e cuidar das pendências sobre a venda da loja. Tudo seria feito com cuidado, com sigilo. E ela iria levar documentos e mediar as negociações com dois interessados. Ela estava desempregada, e eu pagaria seu trabalho, como já tinha feito outras vezes.
Mais tarde, depois de encerradas as questões sobre a loja, ela não resistiu e voltou a falar no Andy. Eu já esperava que ela fosse falar disso, pois se não falasse, não seria ela. Sentando-se ao meu lado com um copo de suco, ela comentou, como quem não quer nada:
— Você está louco para voltar para a sua cobertura chique, não está? E para ver seu melhor "amigo".
— Eu tenho outros amigos além do Andy. Tem a Mara, tem o Marcos. Você conheceu eles.
— Você sabe do que eu estou falando, Loth. Você gosta do Andy, e não é como amigo. Vocês estão praticamente namorando.
— De onde você tirou isso?
— Você acha que eu sou burra, é? Eu vejo as coisas. Vocês negam, mas está bem na cara. Qual é o problema de dizer a verdade para mim?
Respirei fundo. A conversa não deveria ter chegado até ali, mas já que chegou, achei melhor concluir. Lídia era insistente, e postergar aquilo não ia adiantar nada. Ela iria continuar insistindo.
— Ok! — Abri os braços. — Admito! Eu gosto do Andy e a gente fica junto de vez em quando. Viu só? Coisa simples. Não muda nada na sua vida.
— Ai, Loth! Não muda nada porque eu tinha quase certeza, né.
— Se já sabia, pra que foi me apresentar aquele Rogerinho?
— Rubinho, Loth, Rubinho! É que eu acho que você pode conhecer outras pessoas, fazer mais amizades...
— Você não tem que achar nada, ok? Não gosto de ficar cercado de pessoas, muito menos adolescentes.
Ela revirou os olhos.
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Depois da Tempestade - DEGUSTAÇÃO
RomanceATENÇÃO: ESSE LIVRO NÃO ESTÁ COMPLETO NO WATTPAD DEVIDO AO CONTRATO COM A AMAZON. AMOSTRA DE 16 CAPÍTULOS. Lothar é um homem solitário, que caminha com dificuldades, e que nunca se apaixonou de verdade. Seu único romance foi na adolescência, quan...