Precisamos de Aliados

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Tão logo Colin chegou com as amostras do sangue de Jennifer Fitzsimmons, Delphine as levou até o hospital para dar início às análises. Ela precisou se desdobrar ainda mais do que de costume para conseguir lidar com aquilo sem ficar em atraso com suas obrigações diárias.

Porém, no fim da manhã, ela se viu tendo seus esforços totalmente frustrados. Ainda que Jennifer estivesse com o nível de hemácias um pouco abaixo do indicado, a loira não encontrou nada que pudesse sustentar o diagnóstico que a moça havia recebido. Nenhum vestígio de medicação ou outras alterações importantes além daquelas deixados pelo tratamento que ela mesma administrava.

A frustração que sentiu foi irremediável, mas no fundo Delphine já sabia que aquilo poderia acabar acontecendo; a coleta havia sido realizada muito tardiamente e, portanto, a confiabilidade dos resultados era baixa. A questão que ela precisava solucionar agora, era como iria rastrear entre suas pacientes quais poderiam estar correndo o risco de perecer da mesma maneira, e ainda por cima como faria isso sem levantar suspeitas.

A cada novo resultado que ia obtendo, ela prontamente atualizava Cosima, que também estava muito engajada naquele problema. As respostas negativas pareciam estimulá-la e Delphine podia jurar que a namorada estava debruçada na frente do computador tentando encontrar uma solução para aquela questão.

Com a chegada do horário de almoço, a loira mesmo a contragosto começou a organizar o laboratório. Se não quisesse passar a tarde toda com fome, agora era a hora de sair para que pudesse voltar sem atrasos para o atendimento de suas pacientes da tarde.

Ela estava estendendo o jaleco sobre o encosto de sua cadeira, quando se assustou com a porta do escritório sendo aberta abruptamente.

– Ah, que bom que você ainda não saiu!

– Cosima? – Delphine disse surpresa. – O que você está fazendo aqui?

– Toma – A namorada lhe entregou uma sacola plástica. – Eu trouxe comida para você.

– Obrigada, mas...

– Eu estive pensando... Ok, a essa altura nós não podemos mais confiar em nenhuma informação dita "oficial", e sim, a causa das mortes parece muito improvável. Mas e se for verdade? – Cosima foi falando em um ritmo rápido enquanto tirava um jaleco de dentro de uma bolsa grande que trazia consigo. – Você mantêm uma rotina de exames constante, já teria notado se ela estivessem sendo tratadas com algum outro tipo de medicamento ou mesmo se houvesse uma piora considerável relacionada ao câncer.

Delphine ficou parada a observando falar empolgada à medida que tirava um aparelho da bolsa e o apoiava na mesa.

– Eu acho que talvez você possa ter deixado alguma coisa passar porque não estava olhando pro lugar certo.

– Onde você conseguiu um sequenciador de DNA?

– Com o Scott – Cosima explicou. – Eu não tenho mais acesso aos laboratórios da universidade desde que tranquei minha matricula, mas ele quebrou essa pra mim.

– Você acha que o problema possa ser... relacionado a genética?

Delphine ainda não tinha entendido onde ela queria chegar. As três pacientes não tinham nenhum parentesco, sequer eram da mesma etnia...

– Eu estive pesquisando – continuou Cosima. – O Instituto Dyad tem um histórico de pesquisas relacionadas ao DNA humano, inclusive até algumas patentes que foram barradas por questões éticas. E se essas mulheres tiverem sido submetidas a algum tipo de geneterapia?

– Edição de DNA...?

– Exatamente!

Fazia todo sentido. Se eles tivessem mexendo apenas no código genético, ela nunca teria notado nada em nenhuma das análises básicas que eram de praxe.

Je L'aime à MourirOnde histórias criam vida. Descubra agora