Felix arrastou Delphine por entre as pessoas até o bar que havia sido montado perto de uma das saídas de emergência. O estabelecimento temporário estava sendo bem requisitado, o que os fez esperar alguns minutos até conseguirem um lugar ao balcão e vários outros até que o bartender viesse atendê-los.
– Então – perguntou o atendente que vestia uma camisa preta justa ao corpo ressaltando seus músculos definidos. – O que vão querer?
– Um shot de vodca, pra começar – respondeu Felix.
O moço se voltou para Delphine e aguardou para que ela também fizesse seu pedido.
– O mesmo que ele – disse ela acenando com a mão.
Prontamente os copos foram colocados na frente deles e preenchidos com a bebida que veio de uma das prateleiras improvisadas do bar.
– Saúde – disse Felix brindando com ela.
– Santé.
Os dois viraram a bebida de uma vez, fazendo com que seus rostos se contraírem enquanto o líquido destilado descia queimando a garganta.
– Mais um! – Felix demandou e Delphine o acompanhou em mais uma dose. – Agora um Bloody Mary, por favor.
– Pra mim não – ela falou negando com a cabeça. – Melhor eu ir devagar.
O bartender se afastou para preparar o pedido e Felix nem tentou disfarçar os olhares que lançava sobre ele.
– Nossa, ele é uma gracinha, não acha? – comentou Felix.
– Ah... – Delphine gaguejou um pouco sem saber o que dizer. Não que tenha ficado surpresa por Felix ser gay, mas por não ter reparado no homem que os atendia com esse tipo de intenção. – É, eu acho que sim...
Felix riu do comentário dela, a fezendo pensar que aquela vodca não devia ser era a primeira bebida dele naquela noite.
– Eu tentaria algo se fosse em outra ocasião – ele acrescentou.
– Você tem... Você está namorando?
– Não, ainda não. Tô só saindo com um cara. Inclusive, era pra ele já estar aqui, mas mandou uma mensagem dizendo que ia atrasar no trabalho.
– Caramba, hora extra num domingo à noite?
– Ele é legista – Felix exclareceu. – Parece que uma moça se jogou na frente de um trem, acabou envolvendo a polícia e não dava pra autópsia esperar até amanhã. Pelo menos foi isso que ele me disse.
– Que horror... – ela suspirou. – Mas não deve ser mentira. Medicina legal é uma profissão ingrata...
Enquanto conversavam, o barman retornou trazendo a taça de Bloody Mary para Felix e depositando um outro drink na frente de Delphine.
– Desculpa moço, acho que você se enganou – a loira se manifestou depressa. – Eu não tinha pedido nada.
– Você é Delphine, não é?
– Sim – ela respondeu desconfiada. Como ele sabia seu nome?
– Então não tem erro nenhum. Alguém mandou entregar isso pra você – ele informou se virando de costas e indo até as outras pessoas que esperavam por atendimento.
– Alguém quem? – ela se perguntou e olhando ao redor para tentar descobrir de quem tinha partido aquele gesto.
– Acho que eu tenho um palpite.
Felix olhou por cima do ombro induzindo Delphine a se virar na banqueta e localizar o que os olhos dele procuravam. Cosima parecia estar olhando na direção dos dois e, assim que viu a loira, focou nela e ergueu sua própria taça, como se a convidasse para um brinde à distância. Delphine sorriu com aquela constatação e buscou sua bebida no balcão, também a levantando no ar e provando o sabor na sequência. Não confundiria aquele drink em lugar nenhum.
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Je L'aime à Mourir
Hayran KurguÉ janeiro e o inverno toma conta da paisagem e dos dias de Toronto. Cosima está ansiosa para retomar seu PhD em Desenvolvimento Evolutivo. Seria um dia promissor se não fossem aquelas malditas dores mensais a obrigando a chegar atrasada... mais uma...