Na manhã seguinte quando Delphine saiu de casa o sol estava mal estava começando a despontar no céu. Obviamente ao chegar no hospital ainda era cedo demais e a tal Dra. Bailey ainda não estava lá. Então ela simplesmente se encostou na parede ao lado da porta da sala de diagnósticos por imagem e esperou.
Delphine sentia o corpo dolorido e a cabeça pesada; quase não havia conseguido pregar os olhos naquela noite e nas poucas vezes em que conseguiu o feito de pegar no sono, foi atormentada por sonhos agitados, envolvendo hemorragias e multidões, que logo a faziam acordar novamente.
– Bom dia, você é a nova interna que foi admitida depois do prazo? – disse uma médica baixinha ao se aproximar dela.
– Bom dia... Não, eu sou estudante de PhD – Delphine respondeu a ela um pouco confusa. – Dra. Bailey?
– Isso.
– Oi, doutora, é com a senhora mesmo que eu preciso falar. Meu nome é Delphine Cormier.
Então Delphine prontamente explicou a ela seu caso. Como prometido, a moça no dia anterior já havia deixado o exame de Cosima separado, faltando apenas a autorização da Dra. Bailey.
A francesa estava esperando receber um envelope grande, do qual já poderia abrir imediatamente e ver as imagens dos pulmões da morena. Porém contrariando suas expectativas, tudo o que a médica voltou lhe trazendo, não passava de um mero DVD.
Com o disco em mãos, Delphine se colocou em movimento em direção à sua sala. Embora o caminho não fosse longo, a impressão que ela tinha é que a cada passo que dava, a distância até seu destino ia ficando cada vez maior.
Quando chegou, ela rapidamente destrancou a fechadura e passou apressada pela porta. Se sentou em sua cadeira; e como nunca antes, o computador pareceu demorar uma eternidade para iniciar. No entanto, quando chegou a hora de colocar o DVD na porta de entrada, toda a ansiedade de Delphine se converteu em medo. De repente ela não tinha mais certeza realmente queria ver aquelas imagens e o diagnóstico que elas guardavam.
Mas que opção ela tinha? Era dever dela como médica da paciente 324b21 e também como indivíduo de amava profundamente Cosima.
Então Delphine cuidadosamente colocou o disco na bandeja do computador destinada a isso e fechou os olhos enquanto ela se recolhia.
Quando a loira focou na tela e viu o programa iniciando, logo ao se deparar com a primeira imagem do exame um nó se formou em sua garganta e ela pode sentir o estômago revirar.
Como que ela gostaria que suas suspeitas tivessem se mostrado erradas...
Os brônquios do pulmão esquerdo de Cosima estavam repletos de implantes tumorais, e outras pequenas manchas indicavam que o processo já estava começando a se repetir do lado direito. Vendo aquilo Delphine não conseguia entender como a doença havia conseguido evoluir tão rapidamente mesmo com o tratamento imunoterápico em andamento.
As lágrimas desciam em cascatas, impedindo que ela conseguisse analisar maiores detalhes. Mas francamente, Delphine já tinha visto o suficiente.
Então ela ejetou o DVD do computador e o voltou para dentro do envelope. Procurou pelos relatórios de Cosima em seus arquivos e esperou de pé ao lado da impressora enquanto os papéis ficavam prontos. Por fim, ajeitou tudo dentro de uma pasta e se dirigiu para a saída da sala. Com um pouco de sorte, àquela altura o Dr. Nealon já teria chego na universidade.
Quando saiu pelos corredores do hospital, o corpo de Delphine parecia estar a levando de forma autônoma em direção ao prédio dos professores da universidade. Sua cabeça estava a mil, fazendo com que ela quase não reparasse no homem que a cumprimentou quando passou por ele.
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Je L'aime à Mourir
Hayran KurguÉ janeiro e o inverno toma conta da paisagem e dos dias de Toronto. Cosima está ansiosa para retomar seu PhD em Desenvolvimento Evolutivo. Seria um dia promissor se não fossem aquelas malditas dores mensais a obrigando a chegar atrasada... mais uma...