Não Era Para Isso Estar Acontecendo

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Delphine parou em frente à uma das portas do corredor que àquele horário estava bastante vazio.

"Não entre. Apenas pessoal autorizado"

Ela hesitou um pouco antes de dar três toques com os nós dos dedos na superfície rígida de madeira. Não demorou muito para que uma mulher de pele escura e provavelmente alguns anos mais velha que ela lhe atendesse.

– Boa tarde, posso te ajudar?

Por trás da moça, Delphine pode reparar na sala escura, rodeada de mesas onde uma equipe relativamente grande trabalha concentrada de frente a uma série de computadores.

– Boa Tarde. Meu nome é Delphine Cormier, eu sou estudante de PhD da universidade e estou realizando uma pesquisa em parceria com o Hospital. Algumas horas atrás uma paciente minha realizou uma tomografia computadorizada dos pulmões, e como se trata de um caso bastante delicado, eu gostaria de saber se posso ter o acesso antecipado às imagens.

– Entendo, Dra. Cormier, mas receio que não vou poder ajudá-la – disse a moça. – Apenas nossa supervisora pode liberar exames antes das análises serem feitas e a Dra. Bailey está de folga hoje.

– Eu não poderia nem ao menos dar uma olhada rápida no exame? – Delphine argumentou. – É realmente importante, se trata de uma paciente oncológica.

– Sinto muito, mas não vai ser possível.

Delphine voltou a olhar para o aviso preso junto à porta.

– Tudo bem, eu compreendo. A partir de que horas amanhã eu posso encontrar sua supervisora?

– Ela chega bem cedo, mas não fica direto aqui na sala de diagnósticos – a moça explicou. – Se você quiser, deixa os seus dados e os da sua paciente comigo, que eu já deixo separado hoje, amanhã a Dra. Bailey assina e você passa pra buscar quando for melhor pra você.

– Parfait! – Delphine disse sorrindo. – Muito obrigada!

A mulher voltou para dentro da sala apenas para pegar um formulário ligeiramente extenso que a loira se demorou um pouco para preencher. Depois dessa pequena pílula de burocracia ela voltou para o laboratório, onde ainda tinha muito trabalho a fazer naquele dia.

Se ela não fosse verdadeiramente apaixonada pelo que fazia, Delphine certamente já teria surtado com aquela pesquisa, tamanha era a quantidade e responsabilidade intrínseca a todas suas atividades

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Se ela não fosse verdadeiramente apaixonada pelo que fazia, Delphine certamente já teria surtado com aquela pesquisa, tamanha era a quantidade e responsabilidade intrínseca a todas suas atividades.

Na contramão do foco que se fazia necessário, naquela tarde ela estava encontrando bastante dificuldade de se concentrar. No dia anterior não tinha conversado com Cosima e naquela manhã as palavras que trocaram foram apenas as necessárias para a morena informar que já tinha feito o exame que ela havia pedido.

Aquele silêncio todo estava a matando por dentro, porém, Delphine sabia que aquela quietude era apenas o reflexo de um problema bem maior; e ao que tudo indicava, as duas estavam firmes em suas posições divergentes quanto a ele.

Je L'aime à MourirOnde histórias criam vida. Descubra agora