Lampejo

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Cosima chegou em casa apressada, batendo a porta atrás de si. Deixou os livros de qualquer jeito na mesa de centro, retirou seu casaco e foi à toda velocidade para o quarto. Assim que atravessou a porta do dormitório, começou a procurar desesperadamente pelo carregador do celular.

Droga! Eu preciso urgentemente aprender a ser uma pessoa organizada!

Devido a agitação repentina, logo Felix apareceu para descobrir o que estava acontecendo.

– Que que é isso? O mundo tá acabando e eu não fui avisado?

– Felix! Que bom que você está em casa! – falou enquanto fuçava as gavetas do móvel ao lado da cama. – Preciso da sua ajuda.

– Aí meu Deus Cosima... – ele disse passando as mãos nas têmporas. – O que foi dessa vez?

– Ah, finalmente! ­– ela disse quando enfim conseguiu encontrar o bendito fio que tanto procurava. – Digamos que em um impulso acabei chamando a Delphine para sair.

– Delphine? – a essa altura ela já estava tentando fazer com que o celular voltasse a vida, o conectando na tomada. – Ah! Aquela loira; a francesa que você conheceu na faculdade outro dia?

– Essa mesma.

– Isso é ótimo. Finalmente tomou atitude...

– Tá bom, nem precisa começar – assim que o aparelho ligou ela pode notar que já tinha uma mensagem não lida de um remetente desconhecido. Ao abrir para leitura, descobriu que já era a mensagem que havia solicitado para Delphine. Não passava de uma sequência se emojis, mas aquilo já foi suficiente para trazer o sorriso de volta ao seu rosto. Respondeu algo na mesma linha e voltou sua atenção para a conversa que estava tendo com o amigo. – O problema, é que eu não tenho a mínima ideia de onde deveria levá-la. Tipo, a gente tá no meio do inverno! Minhas opções estão muito restritas e eu não queria fazer nada muito clichê, tipo, simplesmente ir no cinema ou jantar em um restaurante qualquer!

– Calma, desse jeito você vai acabar infartando antes de ir a qualquer lugar – ele se aproximou e puxou ela pelas mãos. – Vamos lá. Você toma um banho enquanto a gente pensa em alguma coisa.

– Tá bom, boa ideia.

No mesmo momento ela entrou no banheiro e começou a tirar a roupa, sendo seguida por Felix, que ficou encostado no batente da porta.

– Vamos começar do começo – ele disse. – O que vocês combinaram até agora?

– Nada exatamente – disse Cosima já ligando o chuveiro. – Ela meio que disse que estava se sentindo solitária para conhecer a cidade, aí eu chamei ela pra sair. Disse que ia pensar em algum lugar legal pra gente ir e avisava depois.

– Ok. E o que ela já conheceu de Toronto?

– Não muito, pelo que me falou. Parece que só foi na CN Tower e deu uma volta no Path.

– Ótimo, então o primeiro item da minha lista já está descartado... Você tem ideia do tipo de coisa que ela gosta?

– Nenhuma. Você sabe tudo o que eu sei sobre ela.

– Certo. Médica francesa... – ele parou pensativo. – Deve ser uma mulher culta. Porque você não leva ela no teatro? A temporada de musicais já começou. A Alison está empolgadíssima com isso inclusive...

– A ideia não é ruim Felix, mas eu tô quebrada. Pelo menos até receber meu pagamento domingo, não posso me dar a esse tipo de luxo.

– Tem razão, tinha me esquecido desse detalhe. Pobre é foda viu...

Je L'aime à MourirOnde histórias criam vida. Descubra agora