Descobertas - Parte 1

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Passava das 8 horas de sábado quando Delphine abriu os olhos. Havia esquecido de fechar a cortina na noite anterior, então parte do chão do quarto estava sendo iluminado pela luz do sol que entrava pela porta de vidro da sacada. Mesmo assim, provavelmente não tinha sido a claridade a responsável por despertá-la. 

A loira se sentou na beirada da cama, esticou os braços acima da cabeça e quando finalizou o movimento deixou as mãos apoiadas sobre o colo. Depois de inspirar profundamente ela se pegou sorrindo espontaneamente. Não era do tipo de pessoa que tinha por hábito acordar mal-humorada, mas também não lhe era usual levantar tão contente daquela forma. 

Após lavar o rosto e escovar os dentes, a francesa se dirigiu para a cozinha. Como não precisava ir para faculdade naquele dia, decidiu se demorar um pouco mais na tarefa de preparar seu petit déjeuner. Um croque-monsieur com suco de laranja cairia muito bem naquele começo de dia.

Já tinha acabado de espremer as laranjas e ralar o queijo quando lhe passou pela cabeça que a casa estava quieta demais. Para remediar a situação, ela pegou o celular e deu play na sua playlist "Alto Astral". Ainda que não fosse a pessoa da dança, ao som de "L'amour" de Karin Oullet, Delphine permitiu que seu corpo realizasse os movimentos que surgiam naturalmente enquanto arrumava o sanduíche na fôrma antes colocá-lo no forno.

Teve um pouco de receio em ajustar a temperatura do equipamento, afinal, era a primeira vez que o estava usando, e tudo que menos precisava era que em vez de um delicioso pão gratinado, terminasse conseguindo apenas torradas ressecadas. 

Enquanto esperava ela voltou ao quarto para arrumar a cama, mas não tardou até o aroma de queijo derretido começar a preencher o apartamento a chamando novamente para a cozinha.

– Parfait! ­– disse ela ao retirar a travessa fumegante de dentro do forno.

Ainda que seus dias fossem ficar cada vez mais agitados por conta do mestrado, Delphine sabia que não devia deixar a culinária de escanteio. Cozinhar sempre foi um de seus hobbies preferidos e tê-lo deixado de lado nos últimos tempos era um erro que agora morando sozinha, ela pretendia não voltar a cometer. E o resultado daquele café da manhã corroborava com isso. Era simples, porém delicioso.

Depois de terminar de comer, Delphine se vestiu adequadamente para dar prosseguimento ao seu dia de atividades domésticas. Teria que descer até o subsolo para lavar suas roupas e mais tarde precisaria voltar ao supermercado.

Ela pegou o cesto de roupa suja, tomando o cuidado de não se esquecer do cartão que ativava as lavadoras, e saiu do flat. Ficou sozinha dentro do elevador de serviço e quando ele se abriu, Delphine se viu em meio ao estacionamento do edifício. No entanto, não foi difícil localizar a placa que indicava a lavanderia. Grata foi sua surpresa ao abrir a porta e ver um rosto conhecido esperando lá dentro.

– Sra. Smith! – a senhorinha aguardava a secadora parar de funcionar sentada em um banco no meio do salão enquanto riscava seu caça-palavras. – Bom dia!

– Delphine! – ela disse olhando por cima das lentes dos óculos. – Que bom vê-la por aqui!

A loira deixou o cesto no chão, se aproximou da mais velha para cumprimentá-la e da mesma forma que aconteceu no dia em que elas se conheceram, foi puxada para um forte abraço.

– Como você passou a semana? – perguntou a Sra. Smith enquanto Delphine colocava suas roupas dentro de uma das lavadoras. – Está se adaptando bem? Gostou do apartamento?

– Sim, é muito acolhedor – falou Delphine travando a portinha de vidro da máquina e indo se sentar ao lado dela. – Talvez ainda seja um pouco cedo para dizer, sabe como é, muita coisa ainda pode acontecer, mas por enquanto eu tive uma semana muito tranquila.

Je L'aime à MourirOnde histórias criam vida. Descubra agora