Je L'aime à Mourir

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Se a amizade de Felix e Cosima já não fosse motivo forte o suficiente, uma vez que Colin foi envolvido – mesmo que pontualmente – em parte da investigação acerca do Instituto Dyad, foi inevitável que o rapaz também viesse a fazer parte. E embora ele não tivesse muitos meios para ajudar ativamente, certamente conhecia quem podia.

Oportuna foi a aproximação dele de sua irmã perdida. Adele era advogada e certamente os conhecimentos dela no campo do direito vieram a ser muito úteis. Apesar de Delphine temer incluí-la entre seus aliados, já que haviam a conhecido há tão pouco tempo, por fim acabou cedendo, tendo em vista que ir à tribunal acabaria sendo inevitável e antes poder contar com alguém pouco conhecido do que com um completo estranho.

Desnecessário dizer que a francesa não confiava em seu orientador e desde que foi intimidada por ele na ocasião em que invadiu o sistema do instituto usando o nome dele para tirar Cosima do experimento, nunca mais voltou a se sentir plenamente segura.

Não tinham como ter certeza, mas se ao contrário do que Nealon havia lhe prometido ele tivesse feito alguma investigação particular e reunido provas que comprovasse a invasão de suas contas, não só Delphine poderia estar em apuros, como também o seu irmão.

Segundo Adele, a situação poderia ser mais favorável se ela tivesse alguma forma de comprovar que havia tentado tirar Cosima do experimento por vias legais. No entanto, movida pelo desespero, a francesa havia agido de forma ingênua e descuidada. Não tinha nada que provasse sua a conversa que teve com Nealon ou a forma desumana que ele havia agido sugerindo que Delphine deixasse a morena morrer. Se ao menos ela tivesse encaminhado o formulário de desligamento pelo e-mail do Dyad... Em vez disso levou o documento pessoalmente até o institudo e não exigiu nem sequer um comprovante de entrega.

Se culpando continuamente e ainda sem entender como podia ter agido de forma tão burra, Delphine estava disposta a assumir toda a culpa para tentar proteger Cedric. No ponto de vista de Adele, aquela podia ser uma boa jogada. Colaborar com as investigações, ser uma das responsáveis pela denúncia acerca dos experimentos ilegais e especialmente por ser ré primária, seriam os fatores de grande peso a favor da francesa. Com isso talvez o máximo que ela pegaria seriam alguns meses de trabalho voluntário ou ainda ter que pagar algum valor monetário bastante razoável.

Deixando problemas pessoais de lado, outra coisa que lhe tumultuava os pensamentos era de que forma fariam para denunciar o instituto sem sofrer uma grande represália ou ainda serem censuradas no processo. As pesquisas de M.K. já haviam revelado o quão extensos eram os contatos daquela gente.

Aparentemente eles se reuniam em um grupo autodenominado Neolution. Consistia em um movimento científico cujos adeptos buscam pela evolução autodirigida através principalmente de alterações genéticas e modificações físicas. Não era tão difícil encontrar seus adeptos exibindo suas bizarrices nas redes sociais e apesar de tanto Cosima quanto Delphine já saberem da existência deles previamente, nunca os levaram a sério ou buscaram conhecê-los melhor.

Porém os esquisitos com seus implantes magnéticos e línguas bifurcadas formavam apenas a base de uma grande pirâmide e certamente eram usados apenas como distração. Por trás deles estavam empresas importantes, infiltrados na polícia e agentes públicos que influíam diretamente nas propostas e votações de leis com cunho científico.

A forma com que a aquela sujeira toda viria a exposta seria decisiva se realmente quisessem que aquele tipo de experimento deixasse de acontecer – pelo menos os que eram realizados por aquela empresa. Para isso, mais uma vez Felix serviu de mediador, dessa vez com sua mãe.

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