Cautela

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Megan chega em casa após se encontrar com suas amigas.
Ao se deitar, Megan encara o teto e nada mais parece fazer sentido.
Um vento forte invade o quarto.
Ela se senta ao encarar o logo surgindo ao lado da cama e sussurra:
- Líder?! Oi. Meu Deus! Você não pode estar aqui, pode?
- Não é problema, não para mim.
A voz é suave e forte na mente de Megan:
- Você causou desequilíbrio mental naquele rapaz.
- Quê? Quem?
- O que te beijou no laboratório.
- Você estava ?!
- Eu sempre estou.
- O quê você fez?
- Nada que não fosse certo.
- Você está brincando?!
- Minha obrigação é cuidar de você. E para que tenha sua privacidade de volta, você não deve se aproximar de outro.
- Nossa!
Megan o encara sob à luz do luar que emana pelo quarto.
Ele pergunta:
- Está chateada?
- Não deveria estar?
- Procure entender.
Megan solta um sorriso forçado.
- O quê foi?
- Posso tocar em você?
- Por quê não?
Megan move seus dedos sob os pêlos macios e sedosos do grande lobo encantada:
- Minha nossa, como você é macio! Quer dizer, seus pêlos são tão macios. Você é encantador!
- Você também é bonita, menina.
- Eu não sou uma menina. Quero dizer, vou deixar de ser em alguns dias. Mas não faz de você menos lindo. Eu queria muito poder ver você na forma humana.
- Por quê?
- Você é tão lindo, não tem que se esconder.
- Eu não me escondo.
- Então se mostre para mim.
- Não é permitido. Por mais que eu queira, temos que esperar.
- Bom, eu não sei o quê você viu em mim, mas com certeza não tem nada de beleza envolvido nisso.
- Você se acha feia?
- Perto de você sim.
- Não se sinta. Nunca faça isso. Eu não sou tão lindo assim.
- Ah, como não?! Olha para você.
- Tudo isso é apenas uma camuflagem. O meu lobo é lindo, eu não sou grande coisa, até mesmo porque esta é uma das inúmeras  regras imposta a um líder.
- Mesmo assim.
Megan se deita de bruços, encarando-o e pergunta:
- Quantos anos você têm?
- Eu posso ter quantos você pensar.
- Fala sério!
- Eu estou falando. Nós não envelhecemos. Então eu sou bem velho. Velho o bastante para nunca mais estar vivo, caso fosse humano.
- Não deve ser tão ruim assim.
- Eu tenho quarenta e duas décadas. Em nossa piada interna eu ainda tenho vinte e dois anos.
- Bem, neste caso, eu não deveria ter aceitado.
- Por quê?
- Porque a minha família tem uma crença intacta... As garotas, todas no geral, podem se casar com um jovem da mesma idade ou aproximada.
- Não deve se preocupar.
- E por quê?
- Aparentemente eu não sou velho.
Megan sorri.
Ouve um bater impaciente na porta, acompanhado de:
- Megan? Tem alguém com você? Megan, com quem está conversando? Abra esta porta!
Megan abre a porta e encara sua mãe, dizendo:
- Não tem ninguém aqui, mãe. Está vendo? Não tem ninguém. Eu estava falando por telefone com as meninas.
- Está tarde, meu bem. Deveria estar dormindo.
- Eu vou. Não se preocupe. Volte para o quarto.
- Tudo bem. Boa noite, querida.
- Boa noite, mãe.
Nathália se afasta e entra em seu quarto, Megan fecha a porta e volta à cama.
O lobo sai do escuro e se junta à ela sentando-se o ao lado da cama.
Megan pergunta:
- Eu estava falando muito alto?
- Creio que não. A propósito, sua mãe é muito bonita.
- Ei! A escolhida aqui sou eu.
- Foi um elogio.
Megan novamente se deita de bruços.
A voz do lobo é intensa e confortável de certa forma:
- Quer saber o quê?
- A Loba disse que vocês líderes escolhem a pessoa pelo cheiro, ela disse também que o meu é diferente, por quê?
- É diferente porque não é o meu eu homem, por assim dizer, que escolhe, mas o lobo interno. É como acontece com vocês humanos quando se apaixonam. Quando não conseguem pensar em mais nada a não ser naquela pessoa.
- Como sabe disso?
- Eu sei porque vejo além do que se é possível.
- Como é? Como é a escolha?
- Bom, um líder tem a responsabilidade de quando completar quinze décadas, sair à procura de um lugar, ele escolhe e sai em busca daquela que seguirá com ele... Então eu perambulei por aí e vim parar aqui. Nessa linha de responsabilidade, é preciso encontrá-la ainda criança, desta forma o ciclo será bem mais forte.
- O quê acontece se ele não encontrar?
- Entramos num estágio terrível de abstinência e somos restituídos e perdemos toda magia.
- Magia?
- Sim. Acha que nos transformamos como?
- Não sei. Diz você. Você é o líder aqui.
- Temos magia no sangue.
- Deve ser demais!
- Nem sempre. Pelo menos, eu se pudesse faria tudo diferente.
- Diferente como?
- Encontraria você em qualquer lugar por aí e a conquistaria como deve ser,  a cortejaria e se por sorte, faria você se apaixonar por mim. Ou talvez pudesse estar morto devido o tempo.
- E acha que eu gostaria de você?
- Se não, eu daria um jeito.
Megan revira os olhos.
O lobo segue dizendo:
- Aquele seu amigo de mais cedo...
- O quê tem ele?
- Ele era neto de um Efraim de magia poderosa, em breve ele se tornaria um alfa-líder, mas ele não quis. Estava na época dele sair e procurar sua metade, mas ele não foi... Explodiu uma rebelião entre os alfas que estavam prontos para serem titulados, e esse rapaz foi o escolhido pelo avô para ser estagnado e liberto a viver como um ser qualquer.
- Então, isso significa que ele poderia ter me encontrado, à essa altura do campeonato eu correria o risco de ser a escolhida dele?
- Com toda certeza. 
- Ainda bem que ele não é mais um de vocês.
- Por quê?
- Porque eu não iria conhecer você. E também porque o Toby não faz o meu estilo.
Megan faz um carinho na cabeça do lobo e sorri.
O lobo diz em sua mente:
- Eu tenho que voltar. Eles não sabem onde estou.
- Nos vemos amanhã?
- Melhor manter cautela.
- Então tá. Tchau.
- Até breve.
E o Lobo salta pela janela.


A ESCOLHA DO LÍDEROnde histórias criam vida. Descubra agora