Redenção

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Megan encara o rubro das brasas da fogueira. Toby e Kay estão à sua volta, sempre atentos a cada movimento vivo na floresta.
Quatro outros lobos os acompanharam, eles estão fazendo uma ronda.
Kay diz:
- Sabe, se tem uma coisa que eu aprendi durante esse meu retiro espiritual, foi nunca pisar em ovos, porque embora estejam cozidos suas cascas também se rompem.
- De onde tirou isso?
- Falo sério, irmão. Pensa nisso por um instante e verás se tenho ou não razão.
- Sabe o quê eu penso de tudo isso?
- O quê?
- Que mesmo vencendo essa guerra e acabando com toda essa richa entre o bem e o mau, nós continuaremos presos aqui, sabe, não vejo tanta solenidade nas palavras desse passoal.
- Tudo é possível.
- Uma mentira não se sustenta várias vezes. O telhado é de vidro até que se quebre.
Os dois olham para Megan.
Kay pergunta:
- Por quê disse isso?
- Foi a única coisa que consegui pensar sobre aquela teoria dos ovos.
- pensaram no quanto somos poucos para quem realmente somos e sentimos?
- Isso faz todo sentido.
- De repente, todas as coisas começam a fazer sentido.
Megan se levanta e diz querer ir dar uma volta.
Toby diz:
- Não vá tão longe, Megan. Não posso senti-la, caso se distancie.
- Tudo bem.
Megan se agasalha dentro do seu casaco e começa a andar pela floresta sem nenhum senso de direção.
A lua sempre insistindo em clarear o caminho repleto de folhagem.
Um pouco distante dos amigos, Megan para diante de um lago, um perfeito lugar para se estar sozinha.
Kay chega momentos depois, perguntando:
- Ei, Megan, você está bem?
- Estou. Eu quero ficar sozinha.
- É perigoso para você ficar aqui, Megan.
- Qualquer lugar é perigoso.
Ele se aproxima cautelosamente e à segura num abraço apertado, Megan parece ter a sensação de conforto.
- Você nunca vai estar sozinha. Não enquanto eu viver.
- Eu não mereço que se preocupe comigo.
- Eu não faço por você, mas por mim.
- O quê?
Megan se afasta por alguns centímetros para poder olhá-lo.
- Megan, talvez você me ache ingrato demais para ficar ao seu lado, mas se eu voltei não foi por causa de todas essas loucuras nem nada, foi para estar com você. Eu não ligo se me acha um completo idiota, se me quer para não ficar sem ninguém no momento, eu juro para você, Megan, eu não ligo se precisa de mim agora, se vai me utilizar hoje e amanhã não, eu não estou nem um pouco me importando com nada, eu quero que saiba do quanto é importante na minha vida e...
- Kay, pare de falar.
- O quê?
- Pare de falar.
Ela o abraça.
Kay inala o perfume que exala do cabelo de Megan pelo vento.
- Acredite, Megan, eu nunca trataria você como eles fazem.
- Eu adoro você, Kay.
- Eu também, Megan. Infelizmente eu adoro você mais que qualquer coisa.
Kay à solta e segura seus braços, sorrindo.
Megan parece nervosa com a ação de Kay, ele não para de olhá-la.
Megan diz:
- Está me deixando nervosa, Kay.
- É assim que eu me sinto sempre que estou com você.
- Não deveríamos deixar Toby sozinho, temos que...
Kay à beija.
Megan perde o equilíbrio mental e não consegue oultar o desejo que cresce dentro de si e acaba que se confundindo ainda mais: Por quê ela está beijando Kay? Ele deveria ser apenas um amigo como Toby, não deveria? Por quê não consegue se afastar e socá-lo por beijá-la? Megan se atraída fisicamente por Kay e sabe que essa atitude não é certa. Por mais que esteja gostando é preciso por um ponto final nesse ato impensado.
Megan se afasta, dizendo:
- Kay, o quê... Não devemos fazer isso.
- Por quê não? Você correspondeu e significa que sente alguma coisa por mim também. Não pode negar que eu confundo você. Eu a deixo nervosa, Megan. Você também me deseja e acabou de deixar isso bem explícito.
- É melhor esquecer tudo isso. Não temos o porquê de continuar com essa besteira...
-  Foi isso que esse beijo significou para você, uma besteira? Porque para mim não foi.
- É melhor esquecer o que acabou de acontecer.
- Sabemos que não será fácil. Uma hora ou outra teremos que falar sobre esse beijo.
- Não importa. Temos que esquecer.
- Significa que você não sente o mesmo?
- O quê eu poderia sentir por você, Kay?
- Por um momento, por um momento eu pensei que pudesse fazer sentido minhas palavras e minhas atitudes, mas ele está com as garras tão fincadas em você que se torna impossível.
- Me desculpe.
- Não, Megan. Eu que fui um tolo em ter perdido meu tempo criando falsas esperanças.
Kay desaparece na escuridão.
Megan totalmente constrangida e sem ter onde enfiar a cara de vergonha, retorna para onde estava com Toby.
- E o Kay? Ele não estava com você?
- Estava, mas ele saiu logo depois.
- Megan, está tudo bem?
- Está. Por quê não estaria?
- Vocês brigaram?
- Não. Está tudo bem.
Megan se deita próxima à fogueira e se vê desorientada sobre tudo que tem lhe ocorrido ultimamente. O amigo dos seus irmãos agora apaixonado por ela, ela confusa em não saber se deveria estar pensando em correspondê-lo. Pensa em Trevon, em como seria injusta com ele se o deixar sem ao menos dizer o porquê. Mas o que mais lhe incomoda é o fato de estar pensando em Travel. Ela não deveria estar pensando no irmão do cara por quem deveria estar logicamente preocupada e deliberadamente apaixonada. Megan está entre a cruz e a espada, mal visto logo de cara que ela não vai se decidir tão cedo.


                               ~♧~♤~☆
O mau do amor é sempre nos manter  confusos e sempre nos manter ciente ao mesmo tempo sobre uma possível indecisão. Sem sombras de dúvidas, o amor é o vilão mais indestrutível de toda história vivida. Com o amor não se brinca. Ou você se senta com ele e divide uma bela xícara de chá gelado e o conta sobre suas metas a serem traçadas, ou então, sofrerá retaliação, porque o amor cobra quando não valorizado, quando não sentido na intensidade exata o amor se torna amigo inseparável da amargura. Nestes casos, é sempre bom que esteja preparado para sofrer a brusca dor insaciável do arrependimento.

A ESCOLHA DO LÍDEROnde histórias criam vida. Descubra agora