A ESCOLHA DO LÍDER

Aviso

Megan desce a escada e ouve uma discussão vinda do escritório de Trevon.
Ao chegar mais perto é capaz de ouvir:
- Não queira se aproximar mais que o permitido! Ela não é para você! Faça o que foi selecionado para fazer! Você está avançando demais, não avance, eu avisei para manter distância, Leônidas!
- Senhor, eu nunca quis...
- Nunca quis o quê?!
- Não fiz por mal, líder.
- Você é apenas um seguidor, um seguidor apenas, não esqueça do seu lugar!
- Eu sei, líder.
- Que bom que sabe. Se porte como tal. Sabe o quanto odeio ser contrariado.
- Sim, eu sei.
- Estou orientando você a não ir com tanta sede ao pote.
- Eu compreendo.
- Agora saia.
- Como queira.
Megan se afasta da porta, enquanto Leônidas passa por ela.
Megan o olha e diz:
- Desculpe, não era minha intenção.
- Você não teve culpa.
Megan entra no escritório.
- Deve bater. Da próxima me poupe.
- Você é quem deve poupar o coitado do Leônidas. Que mal ele fez? Por quê eu não posso simplesmente chamá-lo pelo nome? Que pecado é esse?
- Você ouviu toda história, não se lembra?
- Lembro. Mas não me recordo de ter ouvido essa regra em nada que me disseram. Será mesmo que ela consta?
- Quer dizer o quê?
- Não seria ciúme?
- Nunca diga aquilo que não sabe! Lobos não sentem ciúme, lobos são caçadores, são predadores, eles não perdem tempo com bobagens. Então não me faça perder meu tempo.
- Não estou falando do seu lobo.
- Não importa de quem esteja falando.
- Como queira.
Megan encara o líder, que pergunta:
- Já terminou sua defesa?
- Eu vou sair.
- Você não vai.
- Vai me trancafiar aqui?
- Esteja segura disso. Para onde vai?
- Vou à casa da Loba. Vai me proibir?
- Não, eu não vou.
Megan sai do escritório e da casa.
A caminho da casa de Loba, Megan é acompanhada por uma angústia.
Antes mesmo de poder bater, a porta se abre, Loba sorri e a abraça Megan, que passa a chorar.
- Eles estão bem, Megan. Não chore.
- Eles nunca vão me perdoar.
- Sim, eles vão.
- Me leve até eles, por favor!
A Loba puxa Megan para dentro e fecha a porta.
- Sente-se um pouco. Vou buscar um copo com água para você.
Megan percorre os olhos pela casa, pequena, porém bem decorada e cuidada.
- Aqui está, beba.
- Obrigada.
A Loba se senta ao lado de Megan e segura uma de suas mãos.
- Vou cuidar de você, Megan.
- Obrigada, Loba. Você é a única que me leva a sério. O Trevon não me diz nada. Ele apenas dita ordens e espera que eu receba elas como uma sei lá o quê, ele não se importa com nada que eu possa estar sentindo. Ele me dá medo.
- Megan, ele precisa de tempo para se adaptar conforme as mudanças.
- Que mudanças?
- Com às quais ele está passando. Quando um líder encontra a escolhida, na verdade, ele passa a ter tudo muito confuso em sua cabeça. A imagem que o lobo interno tem de você, Megan, é como a de uma criatura que precisa ser protegida. O lobo não consegue fazer uma diferenciação exata. Mas na cabeça do homem dentro dele, não é igual, é uma confusão só. Então ele precisa se adaptar com o quê o lobo quer que ele veja com os olhos dele. O instinto do lobo é ativado a todo custo, quando se trata da escolhida, porque ele tem que manter a segurança dela e tende a correr riscos.
- Então o Trevon está se adaptando a mim? Está dizendo que o lobo interno se adapta com facilidade e o Trevon não, é isso?
- Exatamente isso. Para o Trevon você ainda é uma estranha, você não passa de uma hóspede em sua casa. Então, Megan, ele não nada complexo que possa fazer, mas sabe que está destinada a ele.
- O quê eu devo fazer?
- Você só tem que esperar.
- E quanto tempo?
- Dias. Talvez meses. Não temos uma previsão exata.
- Como vou saber que não sou mais uma estranha para ele?
- Quando ele lhe dizer.
- Enquanto isso, eu tenho que aguentar o mau-humor diário?
- Enquanto isso, sinto muito, mas você tem que aguentar o Trevon.
- Ele é genioso.
- Você também é.
- Mas eu consigo me controlar.
- Não é da natureza dos lobos se controlarem, principalmente se tratando do líder-alfa. O instinto fala mais alto.
- Entendi.
- Então é melhor fazer o que ele quer. É melhor manter certa distância do Leônidas.
- Como sabe?
- Tenho uma linha direta com os pensamentos do Leônidas.
- E acontece com todos?
- Nem sempre. Às vezes ouvimos apenas o líder.
- Quem ele ouve? Quem ouve ele?
- Keith.
- E quem é esse?
- O alfa dos flamejantes.
- Os de olhos azuis?
- Isso. Você os via?
- Quase sempre. Quando eu os via, não me recordo bem, mas um deles me pedia para dizer a verdade.
- Que verdade?
- Não faço ideia. Achei que você soubesse.
- Eu não sei. Pode ser que você vá descobrir com o tempo, talvez ele mostre a você.
- Onde eles vivem?
- Norte do Olympio.
- Eu posso ir até lá?
- Quando receber o chamado.
- Entendi. Mas algum aviso?
- Você deve manter distância dos Informenes.
- Info o quê?
- Informenes. São jovens aprendiz.
- Por quê tenho que ficar longe?
- Eles podem ser agressivos em algumas ocasião, mesmo sem querer.
- Está bem. Manterei distância.
- Muito bom.
Momentos depois, a Loba está paralisada.
Megan encara suas expressões faciais que não parecem nada boas e pergunta:
- Loba? Está ouvindo? Loba, você está bem?
- Megan, você precisa voltar.
- O quê? Por quê?
- Só faça o que estou pedindo.
- O quê está havendo?
- Capturaram um. O líder está promovendo uma reunião.
- Eu quero ir. Quero ver como são. Quero muito saber quem quer me matar.
- Não é seguro. Vá, Megan!
Megan sai correndo da casa e antes mesmo que perceba, ela é atingida por algo e é lançada ao ar. Megan bate contra uma árvore e acaba cortando o antebraço, desmaiando logo em seguida.
Quando força seus olhos para abrir, Megan percebe pelo canto do olho que está no quarto, deitada na cama, o líder está ao redor e anda de um lado para o outro, Leônidas está com a Loba junto à porta.
- Ela está acordando!
O líder agora está sentado ao seu lado, perguntando:
- Como se sente?
- Estou bem. O quê houve?
- Foi o primeiro aviso.
- Aviso de quem?
A Loba se aproxima, dizendo:
- Eles estão chegando, Megan. Ontem  eles seguiram você até minha casa e...
- Ontem? Que horas são?
- Você dormiu por um dia. São duas da tarde.
Diz Trevon se levantando.
Megan diz:
- Minha cabeça está doendo. O quê houve com meu braço?
- Digamos que você tenha sofrido uma contusão no pulso e um corte no antebraço, tivemos que dar alguns pontos. Ah, e você sofreu fratura em três costelas.
- Vocês estão me escondendo alguma coisa.
- Não tem que se preocupar, Megan.
- Espere um pouco, me lembro de você ter dito que haviam capturado um, onde está?
- Ele está preso até o julgamento.
Responde Trevon, que sai do quarto em seguida.