- Como foi lá dentro?
- Muito bem. Vamos?
- Vamos.
Megan e seu pai atravessam o saguão e saem da clínica.
- Está se sentindo melhor?
- Claro, pai.
Eles chegam em casa, Megan sobe para o quarto e se tranca nele, chamando pela mulher-lobo, que logo surge sob sua janela.
Megan move os lábios silenciosamente:
- Eu aceito.
O lobo solta um uivo ensurdecedor e corre de encontro com a floresta.
Megan se deita, ao fechar os olhos percebe o quanto seu corpo está cansado e seus olhos exaustos.
Manhã de sábado, Megan se levanta mais tarde, toma banho e sai do quarto.
- Bom dia, querida!
Diz a mãe com empolgação.
- Bom dia, mãe. Pai.
- Bom dia, Megan.
Ela se junta aos seus pais na cozinha.
O cachorro começa a latir olhando na direção da porta, Megan se agacha e começa a brincar com seus pêlos.
Nathália, a mãe, pergunta:
- O quê vai fazer hoje, Megan?
- Não sei. Pensei em ficar em casa.
- Sozinha?
- Por quê sozinha? Vocês vão sair?
- Vamos ao clube de pesca. Voltaremos antes do jantar.
- Com peixe, espero!
Brinca Megan.
Chasee aparece vindo da dispensa com uma caixa térmica e dois caniços de pesca nas mãos.
- Não quer vir com a gente, Megan?
- Não, Chasee. Estou bem, obrigada.
- Não sabe o que está perdendo!
Megan encosta de encontro à pia, onde pode ter uma visão ampla de seus pais e irmão.
Minutos depois, ela os acompanha até o portão, Thom está aos seus pés.
Chasee beija seu cabelo e diz:
- Pelo menos ficará em boa companhia!
Megan sorri ao encarar Thom.
O carro parte, Megan está sozinha em casa com Thom e ele segue seus passos, ela espera que seu dia seja entediante.
Ela se certifica de que trancou a porta e se volta para dentro, dizendo:
- Bom, Thom, agora somos só você e eu.
Momentos passados, o telefone sobre a mesinha ao lado da poltrona toca, Megan se estica para pegá-lo.
Não reconhecendo o número, ela pergunta:
- Alô? Gostaria de falar com quem?
- Com quem eu falo?
- Eu perguntei primeiro.
- Pelo humor contagiante imagino que seja a Megan, acertei?
- É ela. E será que pode me responder agora?
- Não está reconhecendo minha voz, Meganzinha?
- Eu não teria perguntado se tivesse reconhecido. E também eu não teria o porquê, ou teria? Por favor, não me chame de Meganzinha, eu detesto.
- É, você realmente cresceu!
O homem do outro lado da linha, parece surpreso.
Megan pergunta:
- Será que pode ser mais direto e dizer o quê você quer?
Megan ouve o riso do homem e desliga.
Com a TV ligada, ela prepara uma tigela de cereal e se joga no sofá pronta para assistir um filme.
O tempo está nublado, o vento que entra pela janela é frio, mas ao mesmo tempo é aconchegante.
O primeiro filme acaba e começa a subir os créditos na tela, Megan aproveita para ir até a cozinha e lavar sua tigela, ela se debruça sobre a pia, encarando a floresta bastante quieta.
A campainha soa com persistência, fazendo com que Megan pule de susto.
Enquanto caminha rumo à porta, Thom segue seus passos largos e pesados.
Ela abre a porta, logo de princípio tem impressão de conhecer o belo jovem rapaz de vinte e poucos anos, que está sob uma camisa preta de mangas curtas, calça jeans escura e tênis, mas não possui certeza de realmente conhecê-lo.
Megan pergunta:
- Oi. Posso ajudá-lo em alguma coisa?
- Megan?
- E você quem seria?
- Não se lembra? Sou eu, o Kay.
Megan abre o portão e o agarra em um abraço apertado:
- Ai, meu Deus! Kay!
- E aí pequena!
Kay é um belo rapaz jovem, pele clara, cabelos despenteados e pretos, olhos castanhos claros, sorriso hipnotizador e sincero aos olhos de Megan.
- Como você cresceu! A última vez em que nos vimos você era apenas uma pirralha. Olha só para você agora. Minha nossa!
Kay está impressionado ao percorrer os olhos em Megan, que veste uma regata cinza, um short preto curto e suas longas madeixas estão presas em um coque mal feito.
Megan diz:
- Você também mudou muito. Quero dizer, você está bem mais apresentável. Você era tão...
- Eu sei. Eu sei.
Megan sorri e o leva para dentro.
Kay entra na casa, perguntando:
- Onde estão seus pais?
- Foram ao clube de pesca.
- Ah, claro. Tinha me esquecido desse hábito. Vejo que continua com a sua antipatia por pesca.
- Não combina comigo.
Kay sorri e olha para Thom, que está deitado aos pés de Megan:
- Até mesmo esse garotão cresceu!
- É. Fazem o quê aproximadamente?
- Desde o fundamental... Você tinha o quê?
- Acho que uns sete, oito.
- Essa média. Eu estava com 13. Faz um bom tempo.
- Com certeza! Você está com o quê...
- 24.
- Isso. 24. Nossa!
- Você faz 18 mês que vem, não é?
- Ainda se lembra?
- Ainda me lembro de muitas coisas, Megan.
- Imagino. Ainda se lembra até do meu endereço.
Os dois dão risada.
O rapaz ainda está interessado:
- Como vai o James?
- Eu acho que bem. Ele se mudou mês passado para San Diego.
- Loja de pranchas?
- É isso.
- Me lembro desse "sonho" que ele dizia ter.
- Muitas coisas mudaram.
- Muitas!
Diz o rapaz franzindo sua testa.
Megan percebe os olhos curiosos de Kay e pergunta:
- Quer beber alguma coisa?
- Estou bem. E como vai tudo, a escola, os amigos?
- Tudo na mesma. Amm... Se lembra da Diana?
- A filha dos Murtogh?
- Sim.
- Lembro, claro. Fizemos o médio juntos.
- Ela se casou. Já é mãe.
- Mãe?! Meu Deus! Não me diga que o felizardo foi o Charlie?
- O próprio.
Kay arqueia as sobrancelhas em sinal de surpresa.
Megan diz:
- É claro que eles ficaram separados durante os períodos da faculdade.
Kay sorri e diz:
- Me lembro que ela tinha uma irmã. Dina, não é?
- Isso.
- Como ela está?
- Muito bem. Ela acompanhou a galera da escola numa viagem à praia, vão acampar por lá.
- E você não quis ir?
- Não.
- Você nunca mais entrou na água?
- Nunca.
- Nossa! Eu ainda me lembro daquele dia, é como se aquela cena se repetisse a cada instante.
- Eu sou muito grata, Kay. Se você não estivesse lá, naquele mesmo momento... Bom, já é passado.
- É. Passado. Mas me conta, o quê mudou nesta cidade depois que fui embora?
- Lembra do McBi?
- Aquela lanchonete do quinto quarteirão? Lembro, claro. Íamos sempre lá. Chasee, James e eu adorávamos ir até lá depois da aula, ah, bons tempos!
- Agora é um Mcdonald's.
- Você está brincando?!
- Falo sério.
- Nossa!
- Podemos ir até lá, quer?
- Claro. Podemos ir agora?
- Sim. Só vou me trocar.
Megan se levanta e sobe pela escada, entra em seu quarto e solta o ar, que nem sequer percebeu que segurava.
Alguns minutos depois, enquanto desce, ela vê Thom hipnotizado em Kay, então para próximo a eles.
Ele ergue o olhar para Megan e diz:
- Você está ótima!
- Obrigada. Vamos.
- Claro. Levaremos o Thom?
- Levar o Thom? Bom, eu não costumo...
- Neste caso, ele pode esperar, não é, garotão?!
Kay brinca com os pêlos do cachorro, então eles saem da casa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A ESCOLHA DO LÍDER
WerewolfUma vez que sofrido o ciclo, ele nunca mais é desfeito, mas a chance de conviver com ele é de uma em um milhão. Num vilarejo estará toda certeza de que ela não pertence mais à família, porque a partir de certa data ela irá pertencer ao líder, somen...