Descuido

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Megan caminha para a escola.
- Você soube o quê houve com o Toby?
Dina está ao seu lado.
Megan diz:
- Oi, Dina. Não, eu não soube. O que aconteceu?
- Ele levou uma surra.
- De quem?
- Ninguém sabe.
- Quando?
- Ontem. Encontraram ele caído no laboratório. Você estava com ele, não estava? Não viu nada?
- Eu não vi. A gente conversou e deixei ele .
- Bem, alguém não gostou muito de algo que ele possa ter feito.
- Será que ele vem hoje?
- Ouvi dizer que não.
- Não seria para menos.
As duas entram na sala de aula e tomam seus assentos.
Ao meio-dia, Dina e Megan caminham para o refeitório.
Carla e Sara faltaram devido os preparativos da festa.
Um grupo formado de rapazes conversam na mesa ao lado:
- Vocês ficaram sabendo da surra que deram no capital do time?
- Ouvi dizer que foi bem feio.
- Quem bateu nele realmente não teve dúvidas do que estava fazendo.
  - É, o estrago foi bem feio.
  Megan preocupada pelos comentários se levanta, dizendo:
- Vejo você depois, Dina.
- Eu também vou nessa. Tchau, Megan.
Ao caminhar para casa, Megan se pergunta do porquê Toby estar tão mal como dizem, sendo que apenas lhe deferiu um soco, não seria tão forte a ponto de fazê-lo faltar. Ela então se lembra do líder, balançando a cabeça em descontentamento.
Megan muda o trajeto e corre de encontro com a floresta.
- Por quê me chamou, Megan?
- O quê foi que ele fez com o Toby?
- Do que está falando?
- Bateram no meu amigo ontem. E pelo que andam falando, não é nada bom o estado em que ele está.
- Bom, eu não estou sabendo de nada.
- Foi o seu líder!
- O quê?!
Loba está incrédula.
Megan continua:
- Eu vi ele ontem. Ele estava de alguma forma quando o Toby me beijou e...
- E o quê?
- Depois disso encontraram o Toby machucado.
- Se realmente for obra do líder...
- É claro que foi ele.
- Se trata de um descuido imensurável.
- Ele não pode simplesmente sair arrebentando meus amigos no soco.
- Você não deve se preocupar com esse rapaz.
- Sim, eu devo. Ele é meu amigo. Ele também foi um de vocês. Acha que se ele não pode do nada se lembrar e dizer o que aconteceu e quem o machucou?
- Como sabe?
- Como sei o quê?
- Que ele foi um de nós, como sabe?
- Foi você quem disse.
- Não. Eu nunca disse isso a você. Me lembro de tudo que disse, mas nada parecido com isso.
- Não importa de onde eu fiquei sabendo.
- Deixe isso de lado, Megan. Você precisa se desligar desse seu amigo por um momento e me escutar.
Megan percebe sua inquietação e pergunta:
- O quê foi?
- Seus pais estão planejando ir embora da cidade.
- Como assim
- Seu pai acha que suas amizades são incovenientes para uma adolescente.
- Eles não podem fazer isso! Eu tenho idade para fazer minhas escolhas.
- Não é o que seu pai vem pensando. Vão falar com você durante o jantar.
- Eu vou falar com ele. E dê um recadinho ao seu líder.
- Sim.
- Diga a ele que nunca mais se aproxime do meu amigo.
Megan se vira e caminha para fora da floresta.
Ao passar pela porta, Chasee à olha e diz:
- Que bom que você chegou.
- O quê está havendo?
- Querem sair daqui. Quem sabe você não os faça mudar de ideia.
Megan caminha até a cozinha e encara sua mãe, perguntando:
- Que loucura é essa, mãe?
- Ei, mocinha! O quê houve?
- Que papo é esse de estarmos mudando de cidade?
- Íamos falar com você durante o jantar.
- Por quê tomaram essa decisão sem me consultar?
- Porque sabíamos que reagiria assim.
- Não entendo, por quê fazer isso?
- Está na hora de inovar.
- Vocês podem ir onde quiserem.
- O quê você pensa que vai fazer?
- Eu vou ficar.
- Não vai não. Olha só, Megan, nada disso está em discussão. Seu pai vendeu a casa, estamos de mudança na próxima semana.
- Espero que gostem da casa nova!
Megan deixa sua mãe na cozinha e corre para seu quarto.
Ainda em seu quarto e tomada banho, mais calma, Megan pega seu celular e liga para Toby.
- Oi, Meg.
- Toby? Como você está, fiquei sabendo o quê houve com você?
- Eu estou todo arrebentando, Megan.
- Se lembra de quem fez isso?
- Não. Eu só me lembro de ver você saindo, alguém entrou começou a me socar e eu desmaiei.
- Está muito feio?
- Ah, eu não estou tão galã agora.
- Meu Deus! Então o estrago foi bem feio.
- Foi bem feio. Meg, será que você seria capaz de me perdoar pelo ato de beijá-la assim do nada? Eu estou muito mal por isso. Estou me sentindo um idiota agora.
- Tudo bem, Toby. Já passou. Eu também não deveria ter dado aquele soco em você, desculpe.
- Não esquenta, Megan. Seu soco foi o de menos.
- Que bom. Eu queria poder ver você, mas não dá. Tenho um assunto para tratar com meus pais.
- É muito sério?
- Eles querem ir embora daqui.
- Para onde vocês vão?
- Eu não vou a lugar nenhum. Eu vou fazer 18, não mandam mais em mim. Está na hora de começar a pensar por mim mesma.
- Quer fazer o quê?
- Se eles insistirem nessa idiotice eu desapareço da vida deles.
- Não pode fazer isso, Megan.
- Sim, eu posso. Não se preocupe, ficarei bem. Eu sei me cuidar.
- Bom, pense em uma coisa, se você sumir nunca mais vamos nos ver.
- Eu vou sentir muito por isso, mas será preciso, Toby.
- Certo. Tenho que desligar, Megan.
- Você vai na minha festa sexta?
- Farei de tudo para estar lá.
- Obrigada. Melhoras!
- Valeu. Boa noite.
Megan desliga e encara a floresta escura.

                            ♧~♤~☆
Quando é verdadeiro, não importa o quão intensa seja a dor.
O sentimento é como as correntezas de um rio, são como uma âncora lançada ao fundo do mar, é uma força oculta que nos permite alcançar o bálsamo no gelo de alguns corações.

A ESCOLHA DO LÍDEROnde histórias criam vida. Descubra agora