5° capítulo

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Giovanna/Extra

Olho-me no espelho, vendo a figura de uma mulher um tanto covarde. Ainda me pergunto em como meus pais aceitaram a oferta de Mariano. Devo admitir que Emiliano Santoro está extremamente conhecido por quase todos os territórios europeus, porém, nem todos levam esse nome como aliado. Temido e mesmo novo, intimidante, Mariano acredita que essa união trará grandes benefícios para ambas as partes. Meu pai é irmão do falecido Aron, não me surpreendo que ele tenha me entregado de mão beijada para um homem ao qual lhe trará apenas coisas boas.

Eu deveria estar nervosa, sabendo que essa noite todos do mundo obscuro ficaram sabendo da tão esperanda aliança com a Cosa Nostra. Provavelmente, perderei o respeito que tanto lutei para impor, conseguindo mostrar que uma mulher é capaz de exercer e lidar com certas situações que só os homens se julgavam capazes. Meu tio era um homem complicado, mas nunca me deixou desamparada e sempre me mostrou que eu posso sim ser tudo o que desejar.

O barulho da maçaneta sendo forçada leva minha atenção para a grande porta do quarto de hóspedes da casa de Alessandro. A hora avançou e creio eu que a família Santoro logo estará em nossos aposentos. É impossível conter um sorriso em meus lábios quando me lembro que Mariano não é o pior homem que já vi, pelo contrário. Já o avistei em festas, organizadas por chefes que se nomeavam donos do mundo. Ele era atraente. Com sua escuridão, mas atraente.

— Não vai me convidar para entrar? — A voz de Marco me faz percebe que me perdi em meus pensamentos. Uma alegria involuntária nasce em meu peito quando o vejo. Não posso negar que seria sem graça não tê-lo aqui conosco.

Um sorriso dissipa qualquer palavra que eu poderia usar. Ele devolve o sorriso e caminha para dentro do quarto, fechando a porta atrás de si. Logo seu perfume invade meu espaço, atraindo mais precisamente minha atenção. A blusa escura se agarra ao seu corpo, combinando com seus olhos e cabelos também escuros. O tecido está visivelmente grudado nos músculos dos seus braços, marcando a região além do limite. Tudo segue um padrão único. Calças jeans escuras e sapatos rasteiros também pretos. A personificação de uma pessoa sombria.

— Pensei que não viesse — Digo um pouco triste em pensar nessa possibilidade. Sempre nos demos muito bem, nos amando como os verdadeiros primos que somos.

— Eu nunca faltaria a um evento como esse. É assustador pensar que você irá se casar — Diz ele com os olhos um pouco arregalados. Ele caminha lentamente e se senta sobre a ponta da cama.

Eu sempre disse que casamento era algo banal, sem importância. Você desiste de querer viver um romance quando conhece as baixarias que rolam em nosso mundo. As casas de prostituição vivem lotadas de homens casados, aos quais pouco importa que suas esposas os estejam esperando em seus lares, com amor.

— É realmente assustador — Digo virando-me para o espelho novamente. Posso ouvir uma risada fraca vindo de Marco, não precisando olha-lo para saber que está me analisando.

— Acha que ele irá descobrir? — Paraliso quando o quarto entra em um silêncio constrangedor logo após a pergunta inapropriada de Marco. Juramos que nunca mais falaríamos sobre isso, nem mesmo sozinhos. Porém, a ocasião nos leva a discutir sobre esse assunto.

Viro-me em sua direção, com a expressão um pouco tensa. É inevitável não lembrar-me das cenas que vagam entre meus pensamentos. Eu nunca senti absolutamente nada por Marco, mas minha teimosia por querer ir contra as regras, me levou a agir de forma impensada.

Stuck For Blood - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora