7° capítulo

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Christian

O quarto parecia mais solitário graças a noite de merda que posso dizer ter perseguido a todos. Os problemas não pareciam acabar e Alessandro ressaltou isso quando disse que queria todos reunidos na sala a altas hora da madrugada. Faltava pouco para a conversa rígida começar e eu não estava com uma paciente relevante para encontrar todos. Eu estava me sentindo um merda, exatamente como todos os outros dias.

Era mais que minha obrigação proteger Helena depois de descobrir que o meu lugar pertencia a ela. Aron foi um filho da puta por tudo o que fez, mas eu devia pelo menos ter prestado a atenção na nossa falta de semelhança. Alessandro dizia que era por que eu havia puxado traços da nossa mãe, mas isso era algo que eu também não via. Eu era diferente de todos, tentando claramente entender de quem herdei olhos azuis tão vivos. Aron e sua esposa não eram donos de olhos tão expressivos.

Analiso o relógio sobre a cômoda ao lado da cama e vejo não ter mais um segundo para alimentar meus pensamentos. Alessandro é extremamente chato com pontualidade. Todos fomos criados assim e isso, é um hábito que ele não pensa em abandonar nunca.
Caminho corredor a fora, não diminuindo os passos ao passar pela porta do quarto de Helena. Parte de mim quer saber se ela estava bem com a nova descoberta. Porém, a outra parte só queria deixá-la sozinha, aprendendo que para se ajudar apenas ela mesma basta.

Do alto da escada vejo figuras alternativas de pessoas ocupando o acolchoado do sofá. Eu os reconheceria de longe. Kevin é amigo da família a anos, passando metade da juventude treinando conosco para se tornar um homem capaz. Miguel, definitivamente diferente, acredita que pode ajudar a todos apenas com sua súbita inteligente. Não nego que o mesmo é capacitado para desvendar e descobrir o melhor e mais difícil dos códigos. Sua ajuda já foi de grande utilidade para muitos.

Eu não os cumprimento quando me aproximo, sabendo que nem todos aqui são fãs de formalidade. Fazem exatos sete anos que não os vejo e não digo terem mudado em nada. Kevin continua com o corpo largo, pesando um pouco mais que todos ali. Seus músculos são definidos, mas seu tamanho é superior aos demais. Já Miguel, deve se dizer que apenas a mudança de seu óculos é visível. Ele não treina pesado como todos aqui e sua prioridade sempre foram suas lentes os suas armações para lhe proporcionar uma visão melhor de tudo.

— Pensei que estaria com Helena — Diz Alessandro enquanto me sento ao lado de Miguel.

— Ela está no quarto. Creio que deve está descendo junto com Diana — As duas parecem ouvir minhas palavras e logo aparecem ao topo da escada. Unidas. Giovanna foi para casa resolver as últimas negociações com seus pais, por isso não pôde está conosco. Marco se mantém absolutamente calado. Ele tem estado assim durante os últimos dias para ser sincero.

Miguel e Kevin olham para as escadas, contemplando a visão maravilhosa que as duas nos disponibilizam. Diana carrega um alvo nas costas por ser esposa de Alessandro, mas Helena não. Me sinto enfurecido quando vejo que o olhar pecaminoso de Kevin não hesita em descer por todo corpo de Helena. Seus olhos mergulham na luxúria, deslumbrado a aparência intacta da mesma. Eu o recrimino por fazer isso, mas me sinto na liberdade de agir assim quando não estou sobre os olhares de terceiros. Hipócrita, devo admitir.

— Boa noite — Diana sempre age com sua formalidade com todos igualmente.

Helena, por outro lado, já cumprimenta a todos com um sorriso tímido. Tenho certeza que na mente perversa de Kevin, ele imagina que a mesmo o esteja dando confianças.

— Porque esse encontro? Achei que a presença dos nossos seria o suficiente — Meu tom não sai carregado de possessividade, como verdadeiramente deveria. Todos me olham e vislumbro um leve sorriso se formar nos lábios de Marco. O desgraçado sabe como ninguém decifrar nossas atitudes.

Stuck For Blood - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora