Helena
Fico mais um tempo no chuveiro. Não era costume sentir os jatos frios sobre minha pele, mas pela primeira vez eu soube que a água quente não seria o suficiente. Os pensamentos precisavam sumir. Isso e essa maldita confusão de sentimentos. Medo e desejo, batalham arduamente para que apenas um saísse como vencedor. Porém, eu sabia que sairia prejudica com a vitória de qualquer um dos dois. O medo, tomaria de mim as sensações boas que as mãos de Christian me causam. A forma como meu coração parecia de uma adolescente a beira de uma paixão enlouquecedora. O desejo por outro lado, me obrigaria a passar por cima das lembranças e momentos ruins. Eu almejo por isso, definitivamente, mas ainda não sei se estou pronta. Isso só acabaria me deixando mais confusa.
Seco meus cabelos, felizmente sentindo a leveza tomar conta de mim. O espelho a minha frente reflete o que mais me atormentava. Meu corpo. O causador dos maiores e piores pesadelos. Eu sabia que a culpa não era minha. Nem de longe era minha culpa que aqueles homens viviam sentindo satisfação ao me infligirem dor sexualmente.
Desvio meus olhos do reflexo, evitando de encontrar o espelho novamente. A noite estava linda e a pequena janela do banheiro me disponibilizava tal visão. Eu não deixaria de forma alguma que meus conflitos me tirassem isso. Cristian disse que voltaria. Disse que iria me fazer sentir bem, exatamente como fez na noite passada. Nada poderia tirar de mim o conforto e a ansiedade pelo seu toque.
Enrolo a toalha em meus cabelos, enquanto a segunda se agarra ao meu corpo. Estremeço ao sentir a brisa fria ao sair do banheiro. Meus planos se resumiram em uma roupa quente e aquecedora e um bom café. Eu poderia esperar Christian por horas se estivesse dessa forma.
Estaciono novamento de frente para a janela, dessa vez a que tinha ao lado da cama de Christian. Discreta e pintada em cor branca, enquanto seus vidros camuflados pelo preto, não deixavam que as pessoas da rua me vissem ali. O céu estava estrelado, os pontos brilhosos se unindo a uma lua cheia. Eu conseguia vislumbrar alguns dos seguranças fora da casa, altos e sérios como sempre. Eu não entendo a que ponto a lealdade pode chegar. Ficar parado, por horas, como se não existissem vida ou pessoas a quem amar. Eles dão a vida para proteger outras.
Isso me faz questionar se eu poderia um dia agir de tal forma. Me sacrificar por alguém, que poderia simplesmente não fazer o mesmo por mim. Um bom julgamento diria que a pessoa que contém um bom coração, não pensaria dessa forma. Porém, meus irmãos dizem não ter um e mesmo assim são capazes de se doarem um pelo o outro.
Saio do meu pequeno mundo de pensamentos quando ouço a campainha soar do andar de baixo. Prendo a toalha ao meu corpo enquanto desço as escadas, sentindo o degrau frio com meus pés descalços. O corpo úmido não ajudava a amenizar a sensação.
Não vendo motivos para conferir no olhei mágico, eu apenas abro um pequena brecha da porta, deixando maior parte meu corpo escondido. Um sorriso se alargar em meus lábios quando Marco ergue as sobrancelhas para mim. Sem terno e sapato social, Marco agora estava vestido com seu padrão de sempre. Nunca faltando a jaqueta que o acompanha e as calças jeans escuras. Seu rosto neutro permanece igual a medida que ele entra. Seus pés o levam ao sofá, onde ele se joga despreocupadamente. Eu me sento em uma poltrona ao seu lado, esperando que sua voz logo quebrasse o silêncio.
— Você poderia pôr uma roupa? — Ele diz, ainda sem me olhar.
— Perdão — Digo me levantando rapidamente — Eu pensei que fosse Cristian — Praticamente corro até a escada, não conseguindo disfarçar o avermelhado se formando em minhas bochechas pela vergonha.
— Espera! — Travo no primeiro degrau e viro-me em direção ao meu irmão — E por qual motivo você abriria a porta apenas de toalha se fosse Christian quem estivesse batendo? — Seus olhos se estreitam, fixos em meu rosto. As palavras parecem sumir. Meu cérebro não foi rápido o suficiente para criar uma resposta adequada para a pergunta feita.
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Stuck For Blood - Livro II
FanfictionConteúdo para +18 Sexo e linguagem explícita. Após experimentar o que há de pior no mundo, Helena sofre com os traumas que a vida lhe causou e não foram poucos. Seu sonho de um dia se casar e ser amada por seu marido, foi destruído quando o primeiro...