Dois meses depois
Christian
— Não devemos confiar em Adrian. O mesmo já nos deu motivos suficentes para querer mata-lo — Marco persiste, jurando que algo de muito errado estava por trás do pedido de Adrian. Um encontro. Um último encontro era tudo o que Adrian havia pedido. Ele voltaria para Rússia e nossas guerras continuariam, mas nada além.
— Talvez ele tenha notícias de Saimon. É uma possibilidade — Diz Alessandro segurando fortemente o volante e pisando fundo no acelerador.
Adrian ainda queria a morte do pai. Queria tudo o que será seu por direito. Eu andava surpreso pela sua falta da piedade e consideração para com Diana. A mesma não era culpada pelos atos imprudentes e imaturos de Saimon no passado. Se Adrian soubesse o que uma irmandade bem desenvolvida pode trazer para sua vida, ele iria se prostrar aos pés de Diana e implorar por misericórdia.
Chegamos a beira da estrada. Adrian havia escolhido um lugar aberto, talvez acreditando que estaria mais seguro dessa forma. O lugar era rodeado por pequenos matos, embora a vista do horizonte mostrar um cercado lotado de folhas e matos altos.
Adrian se mantém parado, esperando nossa aproximação. Ao seu lado está uma criança. Pele branca e cabelos escuros como uma noite pesada. Seu rosto não parecia com o do homem ao seu lado, então era descartável a possibilidade de ser um terceiro irmão.
— O que quer? — Alessandro se adianta, impaciente demais para exalar tranquiladade em sua voz. Adrian coloca sua mão sobre o ombro do menino, que recua discretamente por tal aproximidade. A cena intriga a todos.
— A Albânia se resume a amor, carinho e união — Alessandro mantém seus olhos focados em Adrian. Sua atenção redobrada pelas palavras inicias do homem — Gael foi prejudicado demais para ser desprezado na Rússia por atos que não foram culpa sua. Eu aceito que matem todos os russos, que nos façam pó, mas estou lhe pedindo como homem e não como o futuro capo, que você jure proteção a ele — A mão de Adrian empurra um pouco o corpo do menino para frente. Acanhado e temeroso demais para fixar seus olhos em nós.
— Natanael também o possuiu, mas eu consegui intervir antes que acontecesse pela segunda vez — A expressão de Alessandro muda. O sentimento de pena tentava se ocultar sobre sua máscara rígida, mas estava perceptível demais.
Entre Marco e eu, Alessandro dá um único passo a frente. Os dois estavam próximos, frente a frente. Se ouvia fracamente o som do mar que havia por perto. O silêncio era perturbador.
— Nós ficaremos com ele — As palavras são acompanhadas pelo destravar rápido e abilidoso da arma de Alessandro. A mira certeira ao centro da testa de Adrian.
— Sua morte será honrosa entre nós. Você se mostrou fiel demais a uma união inimiga. Isso me surpreendeu — Seu reconhecimento estava certo. Adrian havia se mostrado fiel, leal. Prezamos inteiramente esses termos, e quem é sincero não merece de forma alguma a morte.
Destravo minha arma, recebendo os olhares de todos ao ouvirem o destravamento da mesma. Eu estava sobre minha própria mira. Sentia o cano gélido na lateral da minha cabeça. O tremor me dominando.
— Você sabe que estou disposto a morrer pelo o que acredito. A lealdade de Adrian merece uma recompensa. Eu devo a liberdade a ele. Devo minha vida a ele — Estava paralisado, meu olhar não estava focado em nenhum dos dois, apenas estava voltado para a paisagem. Eu sabia quer era loucura me arriscar por Adrian, mas em nosso mundo, a lealdade vale a vida.
A mandíbula de Alessandro se trava, seu rosto transbordando em ódio. A admissão nunca aconteceria, mas ao abaixar a arma e guarda-la novamente, Alessandro estava dizendo informalmente que eu estava coberto de razão.
— Ficaremos com o menino — Ele repente novamente — E juro pela minha honra que ele terá minha proteção — Alessandro finaliza, se afastando novamente.
Respiro fundo e também recolho minha arma. O silêncio continua enquanto voltamos para o carro. Gael tinha seus olhos voltados para o chão, mas obedeceu imediatamente a ordem de Marco para que entresse no veículo. Eu estava disposto a trazer Natanel de volta a vida, apenas para lhe dar a morte de novo. Minhas obrigações não mudaram. Agora, existia mais alguém a quem eu juraria proteção.
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A mesa estava com cadeiras a mais. Gael ocupava a última. O menino quieto não precisou de muitas palavras para cativar os corações alheios. Sua história era rodeada por traumas, e não havia lugar melhor para ele se não em nossa família. Sua família. Todos entendiam seus motivos para ser assim. Sua desconfiança e medo era algo extremamente visível.
— Não posso ter uma palavra final do conselho. O casamento entre vocês não será possível — Alessandro responde o que Helena e eu estávamos esperando a alguns dias.
Sentada ao meu lado, eu repouso minha mão sobre sua coxa por debaixo da mesa. Sua pele parecia a sintonia certa para a minha. A conexão sempre presente em uma simples troca de olhares.
— Eu tenho Helena inteiramente. Não preciso de um casamento para provar isso a terceiros — Digo dando um leve aperto em sua coxa. Eu esperaria por Helena o tempo que fosse necessário. Não buscaria em outras mulheres o prazer que sinto apenas em beija-la. Uma hora seu corpo seria meu como sua alma. E eu a amarei mais, com cada ferida e marca.
— Acho que posso rejeitar os pedidos que serão feitos. Quando Helena chegar aos vinte e cinto anos provavelmente não será mais tão visada para casamentos — Alessandro sorrir. Finalmente aceitando o sentimento que se instalou entre Helena e eu assim que nos vimos. Não poderia e nem deveria ser diferente. Ela estava destinada a ser minha.
Ela havia escolhido para si a responsabilidade de Gael. Ela o queria ao seu lado, sorrindo e sofrendo com ela. De alguma forma, ela queria faze-lo esquecer o que se passou nas mãos de Natanael e o fazer sentir e viver apenas coisas boas.
— Fico feliz com a união de vocês — Diz Diana, entusiasmada e sorrindo discretamente para Helena.
Os pesadelos já não perseguiam Helena. Todos haviam sumidos com Natanael. Sua morte trouxe a tranquilade que já imaginávamos, que precisávamos. Isso fazia de Helena mais bela, mas mulher. A criança com medo de viver já não dominava seus pensamentos.
A atenção de todos se voltam para o celular de Marco, que toca de forma alta e preenche o silêncio que estava crescendo entre nós. O mesmo sorrir e logo em seguida pega o aparelho. Sua expressão se confunde quando leva o celular ao ouvido.
Ninguém ali estava interessado em sua conversa, mas era agoniante ver seu rosto se transformar duramente. Imagino que a pedido da pessoa ao outro lado da linha, Marco coloca a ligação alta o suficiente para que todos na mesa ouçam. Logo a voz de Mariano se faz presente.
— A Itália aje por princípios diferentes. A Itália paga a dor com a dor, o sangue com o sangue e a traição com a traição — Todos se olham, sentindo de forma convicta o clima misterioso rodear o ar — Marco teve para si algo que me pertencia. Marco teve a virgindade de Giovanna. Agora, eu tenho algo que lhe pertence. Eu tenho Lavínia Bellini — No mesmo segundo, ligação encerrada.
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Stuck For Blood - Livro II
FanfictionConteúdo para +18 Sexo e linguagem explícita. Após experimentar o que há de pior no mundo, Helena sofre com os traumas que a vida lhe causou e não foram poucos. Seu sonho de um dia se casar e ser amada por seu marido, foi destruído quando o primeiro...