6° capítulo

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Helena

A primeira hora já se aproximava quando resolvi treinar mais um pouco. Já estava livre do peso do vestido elegante e dos sapatos formais. Foi tediante ficar apenas olhando meu irmão se servir de doses altas de álcool ao fim do jantar. Diana o acompanhou algumas vezes, mas com um olhar de reprovação direcionado ao marido. Eles foram bons atores para disfarçar o clima ruim entre eles.

Acerto um soco brutal na parede improvisada a minha frente. Ela não é dura como as demais nesse cômodo de treinamento, mas sua maciez também não é exagerada. Novamente não estou usando luvas, porém, me certifiquei de enrolar ataduras em meus dedos, temendo que novamente arrumasse outra contusão. O meu ferimento ainda dói, mas parece pouco perto da constante dor que ainda sinto em alguns hematomas.

O impacto do meu punho contra a parede, causa um som alto aos meus ouvidos. Se não fosse pelas palavras de Cristian que logo preenchem o ambiente eu sequer imaginaria que ele estava ali.

— Helena — Ele se inclina um pouco, colocando a cabeça para dentro da porta, mas mantendo seu corpo ainda de fora. Ele parece não querer me atrapalhar.

Eu respiro um pouco e me viro quando termino de arrumar uma mecha rebelde do meu cabelo atrás da minha orelha.

— Pode falar — Eu não queria convidá-lo para entrar. Mesmo parecendo bobagem, sei que ficaria tímida caso fizesse isso.

Ele adentra a sala de treinamento com suas mãos no bolso da calça preta de gala que ainda usava. A blusa claro estava aberta, seu abdômen exposto ao vento gelado que não parecia afeta-lo.

— Apenas queria saber como está — Ele diz um pouco acanhado — Eu não a vi depois que o jantar terminou — Ele parece se embolar em suas palavras, me levando a abrir um sorriso por tal ato. Ele se encosta na parede, ainda com as mãos no bolso e me encara.

— Porém, você me viu durante todo o jantar — Ele desvia seu olhar e seus lábios se contraem, como se escondesse a vontade de sorrir.

Eu queria que ele tentasse responder a minha investida desafiadora. Seria agradável ve-lo novamente se confundir enquanto fala comigo. É tentador sentir o controle dentro de si, sabendo que de alguma forma, consigo exercer também algum poder sobre ele a ponto de o deixar nervoso.

A conexão entre nossos olhares é quebrada quando Marco entra pisando duro pelo corredor. Ele também está aparentemente largado, mas diferente de Cristian, ele manteve sua blusa aberta apenas até seu peitoral, deixando só os primeiros botões abertos.

— Precisamos conversa — Marco não me vê quando entra e quando o faz, sua expressão muda.

— Querem ficar sozinhos? — Me adianto em perguntar, evitando ser parcialmente expulsa dali.

— Acho que o assunto seja do seu interesse também — Seu tom não carrega a leveza de sempre. Ele não está brincando dessa vez e isso me assusta.

Cristian reveza o olhar entre Marco e eu. Percebi que o clima mudou drasticamente quando Marco entrou, mas prefiro ignorar exatamente como os dois estão fazendo.

— Adrian nós comunicou sobre o sumiço de Natanael — Meu cenho se franziu quando suas palavras foram lançadas sem cerimônia — O mesmo homem que estuprou a menina à minha frente.

Stuck For Blood - Livro IIOnde histórias criam vida. Descubra agora