Capítulo 34

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Gustavo

- Vó, posso falar com você?

- Espera um minutinho, Gustavo. Só vou terminar de bordar essa toalhinha.
- É que o assunto é tipo... Hum... Meio importante.

- Ta bom! Amanhã eu termino a toalha da Creuza. Pode falar.
Vamos lá no meu quarto.

Três coisas: não magoar ela, não magoar ela e não magoar ela. Estou com mais medo do que a Lena vendo um filme de terror. Fomos até o meu quarto, entramos e, obviamente, eu tranquei a porta.


- Vó, o Luís me contou e tal... E eu queria saber se é verdade. Mas eu não quero te magoar. Eu te amo muito. É que sei lá... É importante para mim. Então eu meio que descobri...

- Desembucha, Gustavo!

- O meu pai morreu porque estava bêbado e foi atropelado? A minha mãe me largou para seguir os seus sonhos no Japão?

Olhei para ela: assustada, nervosa. Supostamente tudo é verdade. Isso é bom, né? Então por que eu estou assim? A minha mãe está viva, eu tenho que ficar feliz. Tenho certeza que ela teve os melhores motivos do mundo para ter que me deixar aqui, e que viria me buscar quando eu fosse maior de idade. Talvez.

- Gustavo, eu não sei nem o que te falar. 

- Vó, só diz se é verdade. Por favor. 

- Me desculpa. 

- É ou não? 

- Sim, é verdade. 

- Mas por que a senhora nunca me contou? 

- Eu não queria te fazer sofrer, nem te dar a esperança de que a Carla pode voltar. Ela não vai.

- Por que? - eu estava quase chorando. Descubro que a minha mãe ta viva, mas ela não me quer.

- Ela era muito nova, tinha 20 anos. Sempre colocou os sonhos antes de tudo, e quando teve uma ótima oportunidade no Japão, não pensou duas vezes. Nós nunca mais nos falamos. A sua tia ainda tem o número dela, se não mudou. 

- Mas vó, ela teve um filho para largar? Por que? Por que, vó?

- Eu não sei, meu filho. Nem todo mundo tem juízo. - ela me abraçou.

- Eu quero conhecer a minha mãe. Você me ajuda?

- Claro! Mas não se encha de esperanças, nós não podemos obrigar ninguém a gostar da gente. 

- Eu sei. Mas vó, que sonho é esse que levou ela para o outro lado do mundo?

- Eu não me lembro muito bem, faz mais de 13 anos, quase 14! Acho que era alguma coisa em Cirurgia Robótica. 

- Uau! Ela gostava mesmo, né? 

- Ela chegou em casa chorando de alegria quando viu que tinha uma oportunidade dessas! 

- Será que ela voltaria para o Rio? 

- Não faço a menor ideia. 

- Tentar não custa nada. 

- Gustavo, por que o Luís te falou isso? 

- Ele me falou com uma condição: que eu terminasse com a Lena. Mas era tipo para magoar ela.

- E você não fez isso, certo? - Abaixei a cabeça. - Gustavo! 

- Desculpa, vó! Mas ele falou aquilo dos meus pais. Eu não pensei direito.

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