Jonathan Mcline, está terminando de lavar a louça do jantar, quando sua esposa Hannah Mcline, chega na cozinha.
— Você passou o jantar calado, o que está te incomodando? — Hannah está usando um vestido azul claro, e os seus cabelos vermelhos, estão presos para trás. Com um pano de prato, descansando em seu braço direito, ele responde olhando de lado.
— A festa é amanhã, e não conseguimos ainda as dez pessoas. Somente sete pessoas.
— Graças a Deus! E sinceramente eu espero que essas mortes, deixem de acontecer. É muito bárbaro. Mas, você ainda não disse o porquê disso estar te preocupando.
— O rei nos culpou por isso. — Jonathan estende a mão direita, pedindo os copos que estão na mesa.
— Como assim? Que culpa temos se as pessoas estão abrindo os olhos para esse culto demoníaco? — Hannah pergunta indignada.
— O rei, disse que a culpa é nossa porque estamos falando de Jesus às pessoas. Como você sabe, ele me deu ordem para não falar mais às pessoas, do evangelho.
— E o pior que ele pode fazer isso. — Hannah colocando suas mãos na cabeça, senta na cadeira.
— Sim. E pode nos mandar sacrificar. — Jonathan fala enxugando suas mãos no pano de prato.
— O que você está dizendo? — A Mão do Rei, vê a face da sua esposa, ficar ainda mais branca. O rubor foge-lhe da cara.
— Exatamente isso que escutou. O Rei Tingherman pode nos oferecer como sacrifício para Crom Dubn... até como uma lição para todos os cristãos, que deverão estar presentes.
— Mas, você é a Mão Direita dele!
— Sim. Verdade. A Mão Direita do Rei, que o trai quando adora a outro Deus, que não seja o dele. Isso é traição Hannah! É a Lei!
— Mas, Jonathan... se você está preocupado com isso, é porque existe essa possibilidade! O que vamos fazer? E nossas filhas?
— Nós vamos fugir, hoje. De madrugada. Eu consegui um barco com a congregação da Inglaterra. A igreja de lá, vai nos proteger. — Hannah, desesperada, levanta-se e se aproxima do marido e pergunta:
— Meu Deus... e vamos deixar tudo para trás? Nossas terras? Nossa casa? Tudo?
— Hannah, nós sabíamos dos perigos que existiriam se pregássemos o evangelho aqui, comigo sendo a Mão do Rei. Eu sou a Mão Direita dele!
— Mas, vocês três cresceram juntos. São amigos! Nossas famílias sempre foram do conclave! — Hannah aperta o braço de Jonathan.
— Por que vocês estão cochichando tanto? — Pergunta Reina. A filha mais velha do casal. Ela tem quatorze anos, é ruiva. Seus cabelos parecem fogo. Jonathan e Hannah, param de falar subitamente. Se assustam com a presença de Reina, que entrou na cozinha sem eles estarem esperando.
Hannah, sai de perto do marido e vai na direção da sua filha, que continua parada na porta da cozinha. Abraçando a menina, responde:
— Nada que você ou suas irmãs tenham que se preocupar. Nós estávamos falando sobre o dia-a-dia... como está a corte. O trabalho de seu pai. Quando você tiver seu marido vai entender.
— Não vamos fazer o culto do lar hoje? — Pergunta Reina, olhando para seu pai.
— Sim, minha filha! Nós vamos. Eu só estou terminando de lavar os pratos.
Os três se entreolham quando escutam três batidas na porta. Jonathan, jogo o pano de prato sobre a pia, e desdobrando as mangas da camisa, suspira forte. Hannah, o ajuda terminando de abotoa-las.
— Quem será essa hora? — Pergunta Reina.
— Hannah, leve as meninas lá para cima, e me espere chamá-las para descer. Enquanto isso, vá fazendo o que combinamos.
— Vamos subir meu amor, papai tem assuntos para tratar. E não fique assim assustada, seu pai é a Mão Direita do Rei.
Jonathan, observa esposa e filha subirem os degraus e quando escuta a porta do quarto abrindo e fechando, vai atender a porta da sala já sabendo de quem se trata.
— Boa noite Jonathan.
— Kraven... — Jonathan sai da frente do sacerdote — Pode entrar. — Depois que o sacerdote entra, Jonathan sai um pouco de dentro da casa, olhando em volta. Ele está sozinho.
— Hannah e as meninas estão bem?
— Sim. Acabaram de subir. Estão lá em cima. Vamos sentar.
— Eu não vou demorar. Vai ser rápido. Até para não sentirem minha falta no palácio. Eu não sei como dizer isso... mas, você já sabe que não conseguimos as dez pessoas.
— Sim, eu sei. — Hannah, discretamente abre a porta do quarto, e fica escutando a conversa atrás do corrimão da escada.
— Jonathan, o rei vai fazer o uso da
Lei, para ter a festividade. Nós estamos precisando de três pessoas. — A Mão do Rei senta-se num dos sofás — E durante a cerimônia, o rei Tingherman vai pedi para você escolher as três pessoas, entre sua esposa e filhas. — Kraven abaixou a cabeça ao terminar de dar o recado e olhando para o chão continua — Ele vai deixa-lo vivo para assisti.Hannah, engole seco ao escutar o que Kraven disse. E sentindo os joelhos tremerem, ela quase cai escada em baixo.
Jonathan, segura o braço do sofá e fica olhando para o vazio. O suor, molha a testa da Mão do Rei. Seu desespero é notório. Nunca imaginou que o rei teria essa ideia. Ele, Jonathan, o serviu todos esses anos com fidelidade total, apenas não concordavam nos dogmas religiosos.
— Eu tenho que ir embora. — Kraven para diante da porta, antes de abri-la, olhando para trás diz — Eu sinceramente espero que você fuja com minha irmã e sobrinhas. Não queira bancar o mártir. Elas são minha família. Sangue do meu sangue. Não tem outro jeito... nem você renunciando seu Deus judeu.
Dito isso, Kraven abre a porta e vai embora, sumindo na escuridão. Jonathan, fechando-a, se apoia com as duas mãos... seus piores medos, se tornaram realidade. O rei vai obrigá-lo a escolher, quem vive e quem morre.
A Mão do Rei, escuta os degraus rangendo. Hannah vem descendo. Apoiando-se no corrimão. O corpo trêmulo. Ela corre, e abraçando o marido chora em seus braços.
O que eles tem que fazer, tem que ser hoje.
VOCÊ ESTÁ LENDO
DULLAHAN - A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA - Lançado em 23/10/2019 - COMPLETO.
HorrorVários assassinatos começam a acontecer na Europa, Estados Unidos, América Central e Brasil, respectivamente. A vítima é encontrada decapitada, porém a cabeça nunca é encontrada. Ana Júlia, uma jovem adolescente, que mora na cap...