O PACTO

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Ulmar, ao entrar na tenda do rei, o vê em pé, ao lado do trono, tomando uma taça com vinho e Ulthion, ao lado dele. No direito.

— Ulmar, o feiticeiro, entre! Deseja sentar?

— Obrigado, meu rei. Mas, posso continuar em pé?

— Sim! Claro! Ulthion, é um dos meus doutrinadores. Você sabe o que significa? — Pergunta o rei, levantando a taça com vinho o brindando.

— Ele anota suas ordenanças e as faz cumprir. Um homem da lei.

— Exato. Da máxima confiança. E é por isso que ele está aqui, hoje.... Ulmar, a Irlanda vem sendo atacada por uma praga invisível.

— Os ingleses.

— Também, mas não somente por eles, e sim por todos os povos que beiram nossas fronteiras. Mas, há um mal ainda pior e que cauteriza a mente das pessoas. Deixando-nos a mercê da dominação dos nossos inimigos.

— O cristianismo?

— Ulthion, eu estou adorando esse menino. Exato!

— É verdade, majestade. Ele é muito perspicaz. — O comentário sai quase jocoso. Ulthion, sabe que daquele dia em diante, ele terá mais uma pessoa para derrubar e alcançar seus objetivos.

— Feiticeiro, ser meu sacerdote pode parecer que será fácil, mas, não o é. Haja vista, o último perdeu a vida.

— Eu fiquei sabendo, meu senhor.

— Nós faremos aqui um pacto de sangue. — O rei Tighermas pega uma adaga prateada, com inscrições cépticas e druidas, antes dos ancestrais dele subirem ao trono. — Fora a praga do cristianismo, ainda tenho que lidar com aqueles que querem vender a Irlanda por ninharias. Tenho sua lealdade?

— Meu rei, o meu sangue é todo seu. — Ulmar, estende sua mão direita, em oferta.

Com um movimento brusco e feroz, Tighermas crava a adaga no peito de Ulthion. O homem, com a lâmina presa ao seu tórax, engole seco e cai sobre seus joelhos, sem entender o que está acontecendo.

— Ulmar, estou cercado por ratos.

          O rei voltando a segurar a adaga, coloca seu pé direito no peito de Ulthion, a puxando, tira a lâmina do corpo do doutrinador, que cai para trás.

— A primeira coisa que você precisa saber, antes de começarmos... eu não tolero a mentira. Esse rato tramava pelas minhas costas.

— Entendo perfeitamente, meu rei. O senhor fez o que era o certo.

— Ulthion, mentiu para mim no caminho. Ele sabia quem havia me traído, e ficou calado... além de saber que as nossas águas foram sujas com os pés dos nossos inimigos, e ficou calado. — Tighermas cospe no corpo sem vida.

Ulmar, pede a adaga ao rei e abraçando-a com a mão esquerda, puxa-a com a direita fazendo um rasgão considerado. Depois, olhando para o rei diz:

— O meu sangue, é seu sangue. — O feiticeiro, levanta suas mãos com sangue, na direção do rei.

— Eu aceito. — O feiticeiro segurando as mãos do rei, olha para ele e pergunta: — Em que posso começar servindo-lhe?

— Jure lealdade à Irlanda.

O feiticeiro, segurando as mãos do rei com mais força diz:

— Eu quero morrer com o tisgo, e que minha descendência morra amaldiçoada, se eu for desleal à Irlanda. Mas, caso não, quero graça e favores do rei e da sua descendência.

DULLAHAN - A LENDA DO CAVALEIRO SEM CABEÇA - Lançado em 23/10/2019 - COMPLETO. Onde histórias criam vida. Descubra agora