Capítulo 38 - Os motivos do Bailey - Parte I

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P.O.V’S Bailey

Acordei me sentindo bem. O que era estranho, é claro. Eu nunca acordava me sentindo bem.

Talvez fosse por que hoje era meu aniversário de 13 anos.

Talvez fosse por que eu não teria aula.

Talvez fosse simplesmente por que Deus decidiu me dar uma folga e me deixou ser feliz.

Ri com esse último pensamento; desde quando eu sou alguém religioso?

Não que eu não ache que Deus existe, mas Ele poderia ter me colocado em uma família melhor – ou seja, em qualquer uma sem ser a minha.

Me levantei da cama e fui ao banheiro. Meu reflexo no espelho mostrava que mudei absolutamente nada; o mesmo cabelo preto que não ficava do jeito que eu queria, os mesmos olhos verdes sem graça, a mesma cor pálida. Eu ainda parecia um vampiro mirim. Ótimo, pensei, não será esse ano que eu vou perder a porra do meu bvl.

Joguei água no rosto, escovei os dentes e respirei fundo antes de sair do quarto. Será que eles lembravam que dia é hoje? Ou seria como ano passado?

Mal abri a porta do quarto e já ouvi gritos. Por um segundo, pensei que fosse de parabéns; então percebi que era uma briga. Corri até o local de onde estava vindo o barulho: o quarto dos meus pais. Parei em frente à porta e esperei.

- NÃO ACREDITO NISSO! – Ouvi minha mãe gritando.

- Se-Senhora Nicole... – Alguém gaguejou. Demorei um segundo para reconhecer como sendo Joana, a empregada da casa. – Eu juro que...
- Saia daqui. – Uma voz fria rebateu. Meu pai, é claro.
- Por favor, me dê uma chance. – A Joana implorou.

Minha mão foi até a maçaneta automaticamente. Eu precisava saber o que estava acontecendo.

Já estava rodando a mão quando senti algo tocando meu ombro.

Dei um pulo, assustado, e me virei para ver quem era.

- Josh porra, não faça isso! – Reclamei irritado, sentindo meu coração a mil por hora.

Ele me fuzilou com os olhos.

- Não use esse palavreado comigo, pirralho – ele pegou meu braço e me puxou para longe da porta. – Sabia que é feio espiar as pessoas?

Soltei meu braço bruscamente e olhei para ele com raiva.

- Ouvi gritos e fui ver o que estava acontecendo.

Ele fingiu que não ouviu.

- Espero que isso não se repita. – Ele avisou ameaçadoramente. Então, se inclinando um pouco para poder falar ao meu ouvido, completou: – Ou eu conto para o papai.

Engoli em seco e me afastei dele, indo para o elevador.

- Aliás, parabéns pelos 13 anos.

Me virei por um segundo, tentando não me senti grato por ele ter lembrado. Eu deveria odiá-lo por ser tão idiota comigo, mas não consegui. Não agora.

Joguei meu orgulho para longe, girei meu corpo e sorri para ele.

- Obrigado.

Ele levantou uma sobrancelha para mim, surpreso pela minha atitude.

Então, quando eu pensei que teríamos um daqueles raros momentos em que agíamos como irmãos, ele simplesmente se virou e entrou no próprio quarto.

Suspirei e entrei no elevador.

Eu era alto para a idade – 1,76, por aí –, mas gostaria de ser mais, pelo menos o bastante para poder olhar nos olhos do Josh sem ter que inclinar o pescoço minimamente.

A FILHA DA EMPREGADA- VERSÃO NOW UNITEDOnde histórias criam vida. Descubra agora