Capítulo 3 - Aquele loiro só pode estar brincando

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Eu comecei a sentir frio, o vento que vinha da janela do alto do banheiro parecia vim direto para minhas partes íntimas e o pior, nem a toalha de enxugar as mãos estava lá – minha mãe tirou ontem à noite para lavar.

Respirei fundo e cheguei mais perto da porta, encostando minha testa nela.

- Josh... – Eu falei baixinho, eu já estava toda arrepiada de frio e aquela situação já estava ficando humilhante.

- Por que não desiste? – Ele perguntou e eu senti o perfume dele se aproximando da porta, antes de ele começar a ri.

Então uma gota de lágrima caiu do meu olho direito, mas eu limpei ela rápido. Eu NÃO iria chorar. Não assim, não nua presa em um banheiro.

- Vamos Any, é só uma noite! – Ele insistiu e depois começou a ri de novo.

E aí eu comecei a chorar de verdade. As lágrimas começaram a cair sem parar e quanto mais eu tentava limpar mais saía. Droga! Odeio quando isso acontece.

- Any? – Ele perguntou, provavelmente estranhando o silêncio, mas se eu abrisse a boca minha voz sairia entrecortada pelas lágrimas.

Um soluço fez eu bater minha testa na porta, eu ainda estava chorando, agora mais.

- Any, você está chorando? – Eu ouvi ele perguntar baixinho, tão próximo da porta que eu poderia sentir o ar saindo de sua boca.

- C-Claro que n-não... – Eu gaguejei por causa do choro, entregando a mentira.

- Any, não... Não precisa chorar... – A voz dele saiu com um quê de preocupação e eu me senti ainda pior por parecer tão fraca.

Eu me afastei da porta e tentei limpar minhas lagrimas, que estavam melhorando, mas os soluços ficavam cada vez mais altos.

- Any, eu... Ah, não chore, por favor, eu estava... – Eu cheguei mais perto da porta, e ouvi ele respirar fundo e dando murrinhos na porta, como se não soubesse o que fazer.

 Queria parar de chorar e gritar com ele, mas a porra dos soluços insistiam em continuar, fazendo meu corpo todo tremer.

- ...Eu estava brincado Any... E-Eu vou embora e... Vou colocar sua toalha em cima da cama, ok?

Eu olhei assustada para a porta, ele só podia está brincando.

- P-Por que e-eu acreditaria em v-ocê? – Eu perguntei gaguejando um pouco por causa do choro, que estava passando.

- Porque eu não sou disso, mas eu também não posso ficar aqui ouvindo você chorando nua ai dentro... – Ele suspirou e se distanciou da porta, ouvi seus passos e depois o barulho de porta se destrancando, se abrindo e depois se fechando.

Ele foi embora.

Ele foi embora porque me ouviu chorar.

Eu passei a mão pelo meu cabelo, sem entender muito bem. Me olhei no espelho um pouquinho e vi meus olhos inchados e vermelhos, assim como o meu nariz.

Respirei fundo antes de abrir a porta, esperando ver ele lá, rindo de mim.

Mas quando eu abri ele não estava lá, eu vi apenas a minha toalha azul em cima da cama e olhei em volta. Nada.

Sorri com o canto da boca, como alguém podia ser assim?

...

Desci as escadas correndo, não gostava muito de usar o elevador – me lembrava o Bailey –, e fui direto para a cozinha. O Krystian estava lá também, com um pijama fofo e um sorriso maior que a cara dele enquanto pegava alguma coisa na geladeira, dava para ver suas covinhas de longe e ele não notou minha presença.

- Realmente o Felipe poderia ser um pouco menos saudável... – Ele murmurou consigo mesmo enquanto pegava uma maçã bem vermelha. – Mas, eu entendo que aquele corpinho só pode ser daquele jeito devido a todas essas precauções...

Eu sorri e me aproximei dele.

- Você não deveria ficar falando sozinho coisas assim, vai que... – Eu disse baixinho e ele deu um pulo e me olhou com os olhos arregalados.

- Ah, é você! – Ele disse aliviado. – Você tá certa, eu sei, mas é que é meio difícil controlar essas coisas.

- Eu entendo, Krys... Posso te chamar de Krys? – Eu perguntei e ele fez que sim com a cabeça, depois fechou a geladeira e veio pra perto de mim.

- Obrigado. – Ele me abraçou e eu fiquei tão surpresa que não consegui me mexer. Antes que eu pudesse dizer alguma coisa ele foi embora, me deixando ainda mais confusa sobre o comportamento desses irmãos.

Comi alguma coisa rápido e olhei o relógio, eram 7:00. Meu Deus, eu tinha passado duas horas naquele negócio com o Josh, ainda não conseguia acreditar que ele tinha desistido. Vai ver ele não era assim tão ruim. Ou, tinha algum outro truque na manga...

...

Fiquei assistindo TV até dá umas 11h e subi para trocar de roupa e colocar uma para sair com o Bailey e a Dona Nicole, não seria um passeio muito divertido.

Assim que eu desci a Dona Nicole saiu do elevador, sorrindo para mim ao me ver.

- Vamos? – Ela perguntou animada e eu concordei com a cabeça.

O Bailey passou pelo meu lado e andou até a porta, saindo da casa antes de qualquer pessoa, ele não parecia muito animado. Ótimo.

Andei ao lado da Dona Nicole até chegar a um grande carro preto com um fumê muito forte. A Dona Nicole entrou no lado do passageiro e eu olhei para o Bailey antes de entrar atrás com ele.

- Oi. – Eu disse seca.

- Pelo amor de Deus, você não consegue ficar quieta? – Ele disse irritado e eu olhei surpresa pra ele.

- Qual o seu problema? – Eu perguntei, me virando pra encará-lo.

- Você. – Ele disse revirando os olhos e se virando para a janela

Ah, quanta maturidade. Olhei para a Dona Nicole que parecia nem ter notado a discussão e falava com o motorista para onde ele deveria ir.

- Primeiro compramos o material, que deve ser a parte mais longa, depois eu e o Bailey vamos ao shopping comprar as outras coisas que ele quer e enquanto isso, Any, vamos deixar você no Colégio JK, para falar com o diretor sobre a sua matrícula. – Eu abri a boca para falar que eu não sabia o que dizer, mas ela levantou a mão. – O Josh vai com você, vamos encontrar ele perto de onde compramos o material e vocês vão juntos falar com o diretor. Pode ser?

Ninguém merece essa sessão de tortura: Passar o dia todo com o Bailey e depois ir para algum lugar sozinha com o Josh, como se ele fosse alguém minimamente confiável. Suspirei.

- Pode. – Eu disse antes de respirar fundo e olhar para a janela.

A FILHA DA EMPREGADA- VERSÃO NOW UNITEDOnde histórias criam vida. Descubra agora