Capítulo 47 - Eu esperaria

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P.O. Vs Josh

O começo foi ruim.

Eu fiquei desesperado, é claro. Eu achei que tivesse perdido tudo, bem no momento em que eu não precisava de mais nada.

Eu tinha um filho, pais que me amavam, irmãos que eram meus amigos e amigos que eram como meus irmãos.

E eu tinha a Any; um grande e explosivo amor para a vida inteira.

Eu, com apenas 20 anos, tinha conquistado tudo que algumas pessoas com 40 ainda nem sonhavam em conseguir. Eu era a pessoa mais feliz do mundo.

E, no entanto, eu morri.

Não sei quanto tempo se passou até eu me acostumar com a ideia, mas posso prometer que não foi como no mundo mortal; o tempo passa de um jeito diferente por aqui. É complicado.

Mas eu consegui, em algum momento, entender por que eu tive que ir embora. A mente fica mais clara quando passamos para esse lado.

E eu descobri que era um espírito de luz – ou um anjo, se quiser chamar assim.

Quando eu nasci, salvei o casamento dos meus pais. Eles estavam numa crise de alguns meses por causa de uma discussão forte; e minha mãe estava jogando suas coisas em sua mala quando viu um pacote de absorvente fechado. Ela não menstruava há dois meses.

Houve gritos e choros. Eles voltaram e se casaram. Com a minha vinda, perceberam que se amavam acima de qualquer discussão.

Essa foi minha primeira missão.

Ao crescer, fui o irmão que os pais do Bruno não puderam dar para ele; o tirei da solidão mesmo sem ter noção disso. Eu o guiei e ele me guiou dia após dia até que os meus dias acabassem. E Bruno rezou para mim todas as noites, mesmo depois de eu ter ido embora.

Minha segunda missão durou minha vida inteira e foi a mais fácil de ser executada.

Também teve o Bailey.

Admito que, no começo, eu só baguncei a vida dele. Meu pai era parcial, emitindo mais amor para mim do que para qualquer outro filho – não que eu fosse o culpado, é claro, eu não pedi para isso acontecer; mas eu tinha minha parcela de culpa.

No entanto, eu o fiz amadurecer enquanto estava vivo e, ao ir embora, eu deixei um espaço que deveria ser dele o tempo todo. Ele recebeu o amor do meu pai, que estava guardado abaixo do amor por mim.

Minha terceira minha missão só foi concluída com a conclusão da minha vida.

A minha quarta e principal missão foi a Any, foi meu amor e minha dedicação a ela. Foi a mais intensa de todas, que exigiu mais esforço de mim, mas essa vocês já conhecem.

[...]

Olhei para o garoto loiro à minha frente. Ele não me notou; sua concentração estava voltada a uma gravata vermelha que ele não conseguia colocar.

Tossi baixinho, chamando sua atenção.

Ele se virou para mim, levemente surpreso pela minha presença, mas não assustado com ela.

- Você não cumpriu sua promessa – falou enquanto voltava sua atenção para a própria roupa. – Eu achei que te veria no meu aniversário.

Passei a mão pela cabeça, irritado comigo mesmo.

- Nunca fui bom com juramentos – confessei. – Me desculpa?

Ele deu de ombros, tentando esconder o quanto estava magoado comigo. Fui até ele e parei em sua frente, o forçando a olhar para mim.

A FILHA DA EMPREGADA- VERSÃO NOW UNITEDOnde histórias criam vida. Descubra agora