CAPÍTULO 1

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LUKE

Receber a notícia de que minha última luta da temporada aconteceria em Los Angeles me causou um misto de sensações.

Eu estava vindo de uma série de vitórias no UFC, e eu e o Bobby, meu treinador, estávamos bastante felizes com o meu desempenho. Eu tinha uma final difícil pela frente — enfrentaria o atual campeão, Billy Tornado —, mas estávamos confiantes e havíamos trabalhado duro para isso.

Depois do meu acidente e de tudo que eu deixei pra trás, eu tive que praticamente reaprender a lutar. Agora, minha perna de base era a esquerda e eu lutava como se fosse um canhoto, como forma de proteção da área afetada do meu cérebro. Além disso, tinha passado dois anos sem sequer pisar num ringue antes do Bobby ter certeza que eu estava pronto.

Apesar de realmente ser um mercenário, o Bobby havia se preocupado bastante comigo no início do nosso treinamento. Talvez porque não quisesse ser processado ou ser envolvido em algum escândalo envolvendo minha morte acidental, mas, de qualquer forma, eu devia muito a ele. Ele havia melhorado em 100% a minha luta corporal no solo, havia me ensinado novas táticas de defesa e havia fortalecido a minha musculatura com o único objetivo de terminar as minhas lutas o mais rápido possível. Eu agora era um lutador que terminava as lutas nos primeiros rounds, com muito mais potencia e força, porque aquilo diminuiria as chances de eu me cansar lutando por muito tempo e acabar sendo golpeado na área lesionada.

O meu soco agora tinha mil vezes a potência que tinha há quatro anos. Eu era conhecido como "o cara dos nocautes". Os fãs de luta adoravam meu apelido e meu estilo de luta, mas meus adversários, logicamente não. Minha trajetória havia sido difícil, mas eu estava orgulhoso de mim mesmo, pois, depois de ralar muito, acordar cedo, perder horas de sono e treinar suas vezes mais do que qualquer outro lutador que não tivesse as mesmas limitações que eu, eu estava fazendo a minha estréia no UFC.
E não só estava estreando no UFC como tinha ido para a final do campeonato. Eu só não esperava que tivesse que voltar pra casa pra disputar essa final. O destino consegue ser bem irônico quando quer.

Minha trajetória em Atlanta não havia sido nem um pouco fácil, mas eu tive que me adaptar. Havia chegado na cidade com apenas uma mochila nas costas e um sonho a ser realizado. Morei praticamente um ano em uma pensão, dividindo o quarto com o John Dwayne, outro lutador do Bobby e meu único amigo.

Como eu não podia lutar nos primeiros anos, nas horas em que eu não estava treinando, trabalhava para o Bobby fazendo a limpeza e reparos da academia. Era a única forma que eu tinha de pagar pela moradia que ele estava providenciando pra mim.

No segundo ano, além de treinar e trabalhar como faxineiro das academias do Bobby, arranjei um emprego como segurança em uma boate de Atlanta. Não pagava muito bem e dava muito trabalho lidar com bêbados que achavam que não estavam bêbados, mas era a única forma de conseguir sair da pensão e alugar meu próprio lugar. Além disso, as strippers que trabalhavam na boate eram muito gostosas e quase sempre eu acabava dormindo na cama de uma delas, então, no final das contas, acabava valendo a pena.

No terceiro ano em Atlanta, eu finalmente consegui alugar um apartamento pequeno pra mim. O lugar não era incrível, muito menos arrumado, mas pelo menos eu podia pagar por ele. E, com isso, eu pelo menos podia mandar o dinheiro que sobrava dos meus dois salários para casa.

Por sinal, minha mãe estava falando sério quando disse que não olharia mais na minha cara se eu decidisse ir embora. Durante o meu primeiro ano em Atlanta eu ainda tentei, ligava pra ela, tentava conversar, mas nada. Aparentemente ela tinha aberto mão do próprio filho — apesar da Emma me contar que ela sempre pedia por notícias minhas quando nos falávamos. Acho que era só isso que ela precisava e queria saber sobre mim: que eu estava vivo e bem.

NocauteOnde histórias criam vida. Descubra agora