CAPÍTULO 5

29K 2.2K 1.1K
                                    

LUKE

Enviei uma mensagem de texto para o número antigo do Chris, mas não tive nenhum retorno. Eu não sabia se ele tinha mudado de número ou se havia simplesmente escolhido me ignorar.

Eu não o julgava, se fosse essa última opção. Quero dizer, passei quatro anos sem falar com o cara, pra simplesmente reaparecer em Los Angeles um belo dia e te mandar um mísero "oi" por SMS? Era patético.

Enviei, então, uma mensagem de texto pra Sarah, questionando se o número do Chris havia mudado. A resposta dela foi negativa, o que confirmava minhas suspeitas: ele não havia respondido de propósito.

Eu o conhecia bem — certamente ele sentia tanto a minha falta quanto eu sentia dele, mas ele era duro na queda. Quando parti, aquilo o machucou de todas as formas possíveis. E eu ainda o abandonei no seu momento de fraqueza, quando ele havia voltado a ter crises de ansiedade e precisava de mim.

Falhei com ele como amigo. Sei disso. Mas aquilo estava no passado e eu gostaria de deixar tudo isso pra trás, se ele também estivesse disposto a fazer isso. E se isso acontecesse, eu podia garantir que não falharia com ele de novo. Nunca mais.

Quando a Sarah me enviou o endereço da empresa familiar do Chris e do pai dele, o recado foi bem claro. Eu não conseguiria contato com ele por telefone, e bem... era até melhor assim.

Algumas coisas precisam mesmo ser ditas olho no olho.

—————

Ok, eu era um covarde.

Estava parado na frente do letreiro da "Bonnet's Company" há quase meia hora e não conseguia descer do carro. Já era quase noite e não havia praticamente mais carro nenhum no estacionamento além do meu. Provavelmente os funcionários já estavam terminando o expediente e estavam a caminho de suas respectivas casas.

Eu tinha todo um discurso preparado na minha cabeça, mas agora que estava ali, não conseguia me lembrar de nada. Eu era um fracasso no quesito "pedir desculpas", principalmente quando eu sabia que o Chris não facilitaria as coisas pra mim.

Mas eu precisava fazer aquilo. Meu amigo precisava de mim e eu não viraria as costas pra ele novamente.

Desci do carro e caminhei a passos largos para dentro do prédio. O local era pequeno, devia ter uns dois ou três andares, e era perceptível que, de fato, os negócios não iam bem. Número reduzido de funcionários, algumas infiltrações, paredes descascando... o lugar precisava urgentemente de uma reforma.

No final do corredor do térreo, uma porta pendurava o nome "Sr. Bonnet", identificando a sala do dono da empresa. Senti um nó se formar na minha garganta quando finalmente tomei coragem e caminhei até ela.

Duas pequenas batidinhas anunciaram minha presença e, quando finalmente girei a maçaneta e abri a porta, o Chris me viu.

Ou viu um fantasma, pelo que parecia, porque ficou mais branco que papel e arregalou os olhos como se eu fosse a última pessoa que ele imaginava ver ali.

Ele tinha a aparência desleixada. Os cabelos estavam maiores do que o de costume, a barba estava por fazer e discretas olheiras ficavam evidentes embaixo de seus olhos. Ele estava na pior.

— Oi, irmão. — eu finalmente falei, entrando na sala e fechando a porta atrás de mim.

Ele largou a caneta e os papéis em cima da mesa de forma involuntária. Na verdade, eles pareciam ter caído de suas mãos. O Chris não conseguia esboçar nenhuma reação.

NocauteOnde histórias criam vida. Descubra agora