CAPÍTULO 6

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ANNIE

Na sexta-feira, o meu dia no escritório estava sendo uma loucura. Eu não havia parado um só minuto — meus chefes estavam lidando com uma verdadeira crise em um dos nossos processos mais relevantes e estavam exigindo muito de mim.

Eu já havia ido e voltado do fórum três vezes. Havia conversado com um juiz, um promotor e um defensor público sobre estratégias e desdobramentos processuais. Meu telefone não parava de tocar, e eu ainda tinha duas reuniões com outros clientes secundários pela tarde, que acabaram caindo no meu colo de surpresa.

Eu não tinha tido nem tempo pra almoçar. No meu estômago havia apenas café, e no meu cérebro, o efeito da cafeína era a única coisa que me mantinha de pé. O único momento do dia em que parei foi quando recebi uma mensagem do Adam.

— Dia cheio por aqui, meu amor. O congresso tá lotado. E por aí? Tudo bem?

— Dia cheio por aqui tb. Falo com vc dps, bjs! — eu respondi.

Não tinha tempo pra continuar conversando, porque a cada minuto que se passava, as tarefas que meus chefes haviam me passado pareciam se multiplicar. Mas tomei uma nota mental para me lembrar de ligar para ele quando chegasse em casa.

Ele já estava em Nova York por alguns dias e quase não havíamos nos falado direito. Eu entendia a rotina desgastante dele e ele entendia que o meu trabalho, às vezes, exigia muito de mim, então não havia tanta cobrança de nossa parte por isso. E acho que era por isso que eu e ele dávamos certo: nosso relacionamento era baseado em diálogo e compreensão, e não em cobranças.

No final das contas, já passava das seis da noite quando finalmente consegui finalizar a última reunião do dia. Ter que explicar pros investidores do nosso maior cliente porque o sócio majoritário deles estava envolvido em um escândalo sexual não estava nos meus planos e acabou exigindo muito de mim. A reunião foi muito desgastante.

Me joguei na minha cadeira, conseguindo respirar fundo depois de horas de tensão. Que dia infernal!

Chequei meu celular mais uma vez e vi, naquele momento, uma mensagem do Andrew.

Indo pra casa da Sarah em alguns minutos. Quer carona?

Merda. Merda. Merda. Merda.

Era o aniversário surpresa da Sarah e o Chris havia me convidado a semanas atrás. Eu simplesmente havia esquecido.

Tudo bem. Ainda eram 06:24 pm. Se eu corresse, poderia chegar em casa antes da sete e meia, e se me arrumasse rápido, poderia chegar na casa da Sarah e do Chris lá pras... nove? Eu iria chegar depois da surpresa dela, que estava marcada pras oito, mas pelo menos participaria do jantar.

É oficial: eu era a pior amiga de todos os tempos.

Mas eu queria muito ir. Era importante que eu fosse, e o Chris havia feito questão de enfatizar isso quando me fez o convite, a semanas atrás.

Apesar de termos nos distanciado um pouco nos últimos tempos, a Sarah era uma parte importante da minha vida que eu jamais conseguiria deixar pra trás. E eu nem queria deixa-la, pra falar a verdade. Eu só queria voltar no tempo, no exato momento em que começamos a nos afastar, e apagar aquilo. Queria consertar tudo entre nós pra que conseguíssemos voltar a ser amigas como antes. Mas eu nem sabia se isso era possível.

A única coisa que eu sabia da vida da Sarah ultimamente é que ela estava grávida de um menininho, e a única coisa que ela sabia da minha é que eu estava trabalhando em um grande escritório de advocacia. Eu nem mesmo havia mencionado o noivado com o Adam pra ela. Isso me entristecia.

Quero dizer, nós duas havíamos feito escolhas diferentes, que acabaram nos distanciando, mas não dizem que as amizades de verdade são pra sempre, independentemente da distância?

Então peguei o meu celular e respondi a mensagem do meu irmão, quase que instantaneamente:

Ainda tô no escritório, Andy, me atrasei um pouco. Vou casa tomar um banho e te encontro lá. — respondi.

NocauteOnde histórias criam vida. Descubra agora