CAPÍTULO 4

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LUKE

Estar de volta em Los Angeles fazia eu me sentir nostálgico. Cada pequeno lugar daquela cidade me lembrava a minha antiga vida, e me lembrava o quanto, por algum tempo, eu tive tudo que queria.

Era engraçado e ao mesmo tempo estranho saber que eu tinha tantas lembranças boas e ruins ao mesmo tempo daquele lugar. Ali, eu havia experimentado todo tipo de perda. Mas também tinha sido ali que eu tinha aprendido a amar. Verdadeiramente.

E eu estaria mentindo se dissesse que não sentia falta de morar em Los Angeles. Eu sentia falta da minha antiga vida, do meu melhor amigo, da minha mãe, da minha irmã... e também sentia a falta dela. Ela era a coisa que eu mais sentia falta.

Mas eu não me atrevia a pensar sobre isso. Nunca.
John Dwayne, meu único amigo em Atlanta, sabia que havia uma garota no meu passado. Ele me viu sofrer em silêncio por quatro anos e sempre me perguntou o motivo, mas eu nunca lhe disse.
Não era necessário. Ele sabia que eu havia deixado um grande amor pra trás e costumava chama-la de "a garota misteriosa do Luke."

Como eu podia ser tão idiota, mesmo depois de tanto tempo? Quero dizer, puta merda, quatro anos se passaram desde a última vez que eu a havia visto e eu nem conseguia falar o nome dela em voz alta. Chegava a ser ridículo.

Por quatro anos, exatos mil quatrocentos e sessenta dias, eu sentia falta dela. Do seu cheiro, da cor dos seus olhos, dos seus cabelos loiros, da forma que minha pele parecia pegar fogo quando ela me tocava... sentia falta das brigas, do sexo de reconciliação, do carinho... Sentia falta de tudo.

E eu havia aprendido a viver com isso, sabe? Com o tempo, você acaba aprendendo a criar um espaço no seu coração, dedicado à memórias que você não gostaria de ter, mas tem. Era assim que eu a guardava dentro de mim. Mas agora... aquela gaveta, com aquele emaranhado de sentimentos que eu havia trancado a sete chaves, havia sido aberta, porque eu estava de volta à cidade em que eu a havia conhecido, amado e perdido.

Isso me apavorava. Eu só queria me encontrar com ela, uma última vez, e poder dizer o "adeus" que não consegui dizer há quatro anos. Ou não. A idéia de tê-la parada em frente a mim me deixava apavorado. Eu não queria encontra-la porque não sabia o que isso seria capaz de fazer comigo.

Eu simplesmente não sabia o que pensar. Mas sabia que precisava ocupar a minha mente — ou acabaria ficando louco —, então pegar o carro e ir visitar o Tony, na minha antiga academia, me parecia uma boa idéia.

__________

— Esse lugar não mudou nada. — eu falei, entrando na academia.

E eu estava sendo sincero. Quatro anos atrás, o lugar era igualzinho — as paredes pintadas, a organização dos equipamentos, os sacos de pancada...  Tudo exatamente igual.

Fiquei feliz em ver que pelo menos uma coisa que eu conhecia não havia mudado com o passar dos anos.

— Luke? — o Tony falou, espantado ao me ver. Certamente não esperava que eu voltasse lá.

— Oi, Tony. — trocamos um aperto de mãos — Como você está?

— Estou bem, filho. — ele respondeu, ainda um pouco em transe — Eu... não esperava que você voltasse aqui.

NocauteOnde histórias criam vida. Descubra agora