5º Ano

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Depois que voltamos das férias ainda tinha alguns dias livres antes de retornar ao trabalho e à faculdade então, estava de bobeira em casa maratonando uma série chamada Dark na Netflix. Vidrada nos acontecimentos me irrito quando escuto o toque do meu celular, cortando minha atenção. Pauso o programa e vejo que no visor aparece um número desconhecido, me deixando mais irritada ainda – "puta que pariu, se for a empresa de telefone novamente eu vou cortar essa porcaria" - pensoAntes de decidir se atenderia ou não a chamada, a pessoa do outro lado escolhe por mim e encerra a ligação, suspiro aliviada e aperto play. Não deu nem tempo de me ajeitar na cama quando volta a tocar, o mesmo número.

- Alô?. Com raiva, atendo a ligação, mas não escuto resposta. Olha, dá para falar logo?. Estou ocupada. Disparo.

- Já te falaram que é muito mal educada?. Retruca uma voz muito conhecida.

- Pe-Pedro?. Gaguejo.

- Precisamos conversar. Afirma de maneira objetiva.

- Agora?. Pergunto com tom esganiçado.

- Não, quero falar pessoalmente. Neste sábado tenho que fazer uma visita aí na cidade. Assim que liberar, te ligo e marcamos um lugar. Responde seco.

- Hm, acho melhor por telefone. Tento argumentar, não queria encara-lo.

- Ou você aceita ou vou na sua casa te buscar, a decisão é sua. Diz autoritário.

- Nossa, que bicho te mordeu?. Pra que tudo isso?. Pergunto inconformada pelo jeito que está me tratando.

- Alice, não tenho tempo para suas ceninhas. Até sábado. Fala antes de desligar na minha cara. Mas que arrogante, quem ele pensa que é para me tratar deste jeito. Não vou a lugar nenhum, quero ver se terá coragem de vir aqui em casa.
Tento voltar a assistir o seriado, mas não consigo, meus pensamentos ficam me atormentando com o que pode acontecer. Esta situação já está no limite, nossa relação fica cada vez mais tensa conforme o tempo passa.

Dois dias depois...

Não consigo dormir, a ansiedade estava me consumindo. Observo pela janela quando finalmente nasce o dia e é um alívio pois, pelo menos posso distrair minha mente. Depois de me arrumar desço para tomar café da manhã e encontro minha mãe lavando louça.

- Bom dia mãe. Falo enquanto me sirvo com uma xícara de café.

- Bom dia filha, dormiu bem?. Pergunta virando a cabeça.

- Mais ou menos... Deixo escapar.

- Aconteceu alguma coisa?. Fecha a torneira e vira em minha direção.

- Não, só acho que comi muito doce antes de dormir e não caiu bem. Desconverso.

- Bem, é verdade. Você tem comido muitas porcarias nestes últimos dias, toma cuidado que pode desenvolver cárie viu mocinha. Faz o discurso que ouvi durante toda minha infância, ela sempre foi neurótica por conta de problemas que teve quando criança.

- Pode deixar dona Juliana, vou me controlar. Digo depois de beijar sua bochecha.

- Vai fazer o que hoje, querida?. Seus amigos ainda não voltaram das férias?. Pergunta.

- Pois é, parece que todos combinaram de estender este ano. Então, sei lá, estava pensando em ir no cinema ou dar uma volta do shopping. Tento criar a possibilidade de que poderia sair, assim seria mais fácil do que inventar uma desculpa na hora.

Você é meu, TitioOnde histórias criam vida. Descubra agora